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DESEMPREGO
Medidas adotadas pelo governo para flexibilizar as relações de trabalho não elevaram número de contratações
Trabalho informal cresce na Argentina
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
O mercado de trabalho informal
na Argentina cresceu, apesar das
medidas adotadas pelo governo.
A estratégia de flexibilização das
relações de trabalho e de redução
dos custos do salário não conseguiram diminuir o número de empregados sem vínculos legais.
Em 1995, cerca de 30,2% dos trabalhadores estavam no mercado
informal. As estatísticas de 1998 revelam que o índice chegou a
36,6%. Os dados são computados a
partir do número de empregados
que não contribuem para o sistema de seguridade social argentino.
Nesse mesmo período, houve
uma redução de mais de 40% no
valor dos encargos sobre os salários. Em 1994, um empregador pagava US$ 33 ao governo para cada
US$ 100 de salário. Em abril de
1999, o empregador desembolsou
US$ 18,9 para cada US$ 100.
O resultado, no entanto, não fez
com que a maioria dos economistas consultados pela Folha descartasse as reformas para flexibilizar
as relações trabalhistas.
"A situação estaria muito pior,
caso não tivéssemos feito as mudanças", disse Luis Secco, economista-chefe do Instituto Broda.
Para Claudio Lozano, economista e diretor da CTA (Central de
Trabalhadores da Argentina), o
problema do desemprego não está
no custo do trabalho, mas no nível
de atividade.
Ninguém discorda de que a principal arma no combate ao desemprego é o crescimento. "Para criar
emprego é preciso crescer", disse o
ex-ministro do Planejamento Delfim Netto, em passagem por Buenos Aires.
A economista da Fiel (Fundação
de Investigações Econômicas Latino-Americanas) Nuria Susmel estima que, para cada 1% de crescimento, o emprego cresce 0,12%. A
geração de trabalho para cada 1%
de queda no custo do funcionário é
de apenas 0,03%.
Na tentativa de reduzir os níveis
de desemprego na Argentina, o governo vai continuar diminuindo o
custo do trabalho. "Reduzir os encargos salariais é a melhor estratégia", disse Rogelio Frigerio, subsecretário de Programação Econômica do Ministério da Fazenda.
Até o final do ano, o empresário
deverá pagar ao governo US$ 15,2
para cada US$ 100 de salário, uma
redução de US$ 3,7 em relação ao
nível atual.
Além da queda do custo, o governo pretende liberalizar a negociação de contratos de trabalho, deixando mais livre a relação entre
empresas e trabalhadores.
O objetivo é que as empresas tenham facilidades para reduzir seus
quadros nas fases de crise e absorver mais mão-de-obra nos períodos de crescimento, diz Ernesto
Kritz, diretor-executivo da SEL
(Sociedad de Estudios Laborales).
Este será um ano difícil para o
desemprego na Argentina. Após
uma tendência de queda, em 1995,
quando a Argentina sofreu os efeitos da crise do México, o desemprego voltou a crescer. Naquela
época o desemprego chegou a
18,4%, recorde histórico
Neste mês, o desemprego pode
chegar a 16,5%, segundo estimativas do Instituto Broda. Previsões
mais otimistas do instituto prevêem cifras de 14,3% e de 15,5%.
Em 1998, o desemprego estava no
nível mais baixo desde 1995, em
12,4%.
Na opinião de Kritz, o problema
da falta de trabalho cresceu depois
da abertura econômica. De 1985 a
1991, início da modernização da
Argentina, a taxa recorde de desemprego foi de 8,6%.
Segundo Kritz, antes da abertura, o setor informal era mais capaz
de absorver mão-de-obra. Com o
aumento da concorrência, os setores mais débeis da economia, exatamente os mais frágeis, tiveram
dificuldades de competir e muitos
fecharam.
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