São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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PF volta a prender irmão de dona da Daslu

Piva de Albuquerque é diretor da loja, e prisão é por tempo indeterminado; passaportes dele e de Tranchesi são retidos

Empresário é acusado de obstruir a Justiça e de retomar importação fraudulenta; ele nega as acusações

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Antonio Carlos Piva de Albuquerque -diretor financeiro da Daslu e irmão da dona da loja, Eliana Tranchesi- foi preso ontem pela Polícia Federal de São Paulo em sua casa no Morumbi por determinação da Justiça Federal de Guarulhos.
No mandado de prisão preventiva (por tempo indeterminado), a juíza Maria Isabel do Prado pediu ainda a apreensão dos passaportes de Tranchesi e de seu irmão. Até o início da noite, os documentos ainda não haviam sido recolhidos.
A prisão de Piva de Albuquerque foi pedida pelos procuradores Matheus Baraldi Magnani e Jefferson Aparecido Dias, que integram uma força-tarefa do Ministério Público Federal criada há cerca de seis meses para investigar a Daslu.
Os procuradores afirmam que a prisão preventiva foi pedida porque a Daslu "reiterou" a prática de importações fraudulentas, porque Piva tem tentando "comprometer" o andamento do processo (ao trocar, por exemplo, cinco vezes de advogado) e porque ele estaria se escondendo da Justiça para não receber intimações (oito tentativas de intimá-lo foram feitas sem sucesso).
O empresário nega as acusações (leia texto abaixo).
Piva de Albuquerque foi preso por volta das 7h em sua casa por dois policiais federais -quatro equipes foram enviadas a quatro endereços para procurá-lo. Ele foi levado para o Centro de Detenção Provisória 2, em Guarulhos.
Octavio Cesar Ramos, advogado de Piva de Albuquerque, falou ontem com seu cliente. "Ele conversou comigo rezando o terço. Está muito abalado e se sentindo injustiçado."
O maior centro de produtos de luxo do país é investigado desde julho do ano passado, quando procuradores, 250 policiais federais e 80 auditores da Receita Federal realizaram a operação Narciso. A ação resultou na prisão de Tranchesi por cerca de 12 horas e de seu irmão por cinco dias e apreensão de documentos e computadores.
Em dezembro, a Justiça aceitou denúncia do MPF contra os donos da loja e proprietários de quatro importadoras (Multimport, Kinsberg, By Brasil e Todos os Santos) sob acusação de subfaturar importações da loja para burlar o fisco.
Eles são réus no processo criminal. Respondem por crimes de fraudes na importação da loja, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Todos negam irregularidades.
A situação se agravou há cerca de duas semanas, com nova denúncia de importação irregular envolvendo a Daslu feita pelo Paraná e por Santa Catarina. O juiz Viliam Bollmann, de Itajaí (SC), determinou em abril o confisco de uma carga de bolsas das marcas Chanel e Gucci, avaliada em R$ 1,7 milhão, apreendida em dezembro.
A mercadoria foi trazida ao país pela Columbia Trading, mas a real importadora teria sido a Daslu, segundo documentos da Receita Federal. Etiquetas da Columbia estavam sobrepostas às da Daslu no conteiner que foi fiscalizado pela Receita. Ao ocultar o nome da Daslu, a loja escaparia do pagamento de IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados).
"Houve uma reiteração da prática criminosa de importar de forma fraudulenta, mesmo após a operação Narciso, o que justifica o pedido de prisão. O episódio de Itajaí foi relevante", diz Magnani. "As provas recolhidas demonstram que ele [Albuquerque] era o responsável por recrutar as tradings para fazer as importações."
O MPF diz que não está descartada a possibilidade de pedir a prisão de outros investigados.


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