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PF volta a prender irmão de dona da Daslu
Piva de Albuquerque é diretor da loja, e prisão é por tempo indeterminado; passaportes dele e de Tranchesi são retidos
Empresário é acusado de obstruir a Justiça e de retomar importação fraudulenta; ele nega as acusações
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Antonio Carlos Piva de Albuquerque -diretor financeiro da
Daslu e irmão da dona da loja,
Eliana Tranchesi- foi preso
ontem pela Polícia Federal de
São Paulo em sua casa no Morumbi por determinação da
Justiça Federal de Guarulhos.
No mandado de prisão preventiva (por tempo indeterminado), a juíza Maria Isabel do
Prado pediu ainda a apreensão
dos passaportes de Tranchesi e
de seu irmão. Até o início da
noite, os documentos ainda não
haviam sido recolhidos.
A prisão de Piva de Albuquerque foi pedida pelos procuradores Matheus Baraldi Magnani e
Jefferson Aparecido Dias, que
integram uma força-tarefa do
Ministério Público Federal
criada há cerca de seis meses
para investigar a Daslu.
Os procuradores afirmam
que a prisão preventiva foi pedida porque a Daslu "reiterou"
a prática de importações fraudulentas, porque Piva tem tentando "comprometer" o andamento do processo (ao trocar,
por exemplo, cinco vezes de advogado) e porque ele estaria se
escondendo da Justiça para
não receber intimações (oito
tentativas de intimá-lo foram
feitas sem sucesso).
O empresário nega as acusações (leia texto abaixo).
Piva de Albuquerque foi preso por volta das 7h em sua casa
por dois policiais federais
-quatro equipes foram enviadas a quatro endereços para
procurá-lo. Ele foi levado para
o Centro de Detenção Provisória 2, em Guarulhos.
Octavio Cesar Ramos, advogado de Piva de Albuquerque,
falou ontem com seu cliente.
"Ele conversou comigo rezando o terço. Está muito abalado e
se sentindo injustiçado."
O maior centro de produtos
de luxo do país é investigado
desde julho do ano passado,
quando procuradores, 250 policiais federais e 80 auditores
da Receita Federal realizaram a
operação Narciso. A ação resultou na prisão de Tranchesi por
cerca de 12 horas e de seu irmão
por cinco dias e apreensão de
documentos e computadores.
Em dezembro, a Justiça aceitou denúncia do MPF contra os
donos da loja e proprietários de
quatro importadoras (Multimport, Kinsberg, By Brasil e Todos os Santos) sob acusação de
subfaturar importações da loja
para burlar o fisco.
Eles são réus no processo criminal. Respondem por crimes
de fraudes na importação da loja, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Todos negam irregularidades.
A situação se agravou há cerca de duas semanas, com nova
denúncia de importação irregular envolvendo a Daslu feita
pelo Paraná e por Santa Catarina. O juiz Viliam Bollmann, de
Itajaí (SC), determinou em
abril o confisco de uma carga de
bolsas das marcas Chanel e
Gucci, avaliada em R$ 1,7 milhão, apreendida em dezembro.
A mercadoria foi trazida ao
país pela Columbia Trading,
mas a real importadora teria sido a Daslu, segundo documentos da Receita Federal. Etiquetas da Columbia estavam sobrepostas às da Daslu no conteiner que foi fiscalizado pela
Receita. Ao ocultar o nome da
Daslu, a loja escaparia do pagamento de IPI (Impostos sobre
Produtos Industrializados).
"Houve uma reiteração da
prática criminosa de importar
de forma fraudulenta, mesmo
após a operação Narciso, o que
justifica o pedido de prisão. O
episódio de Itajaí foi relevante", diz Magnani. "As provas recolhidas demonstram que ele
[Albuquerque] era o responsável por recrutar as tradings para fazer as importações."
O MPF diz que não está descartada a possibilidade de pedir
a prisão de outros investigados.
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