São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Governo não muda meta de inflação para 2009

"Não há por que mudar em algo que está dando certo", afirma Mantega

Margem de variação de dois pontos percentuais em relação ao centro da meta também continua; decisão será ratificada pelo CMN


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu manter em 4,5% a meta de inflação para 2009. O intervalo de variação continuará sendo de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
"Não há por que mexer em algo que está dando certo", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda) à Folha.
A decisão será confirmada na reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) deste mês. Paulo Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles (presidente do Banco Central) também são do conselho.
A meta de 4,5% não é consenso dentro da equipe econômica. O BC propôs uma redução para 4% e Bernardo já disse que há espaço para reduzir a meta de 2009.
Ao manter a meta para a inflação inalterada -o percentual de 4,5% vigora desde 2006-, o governo prioriza a discussão sobre a velocidade na queda dos juros.
Uma inflação de 4,5% ao ano significa que o BC tem um espaço maior de manobra para acomodar eventuais aumentos de preço sem a necessidade de mexer nos juros.
Se a meta para a inflação fosse reduzida para 4%, ou o intervalo de variação, reduzido, e houvesse alguma oscilação nos preços, o risco de um aumento nos juros seria maior.
Na prática, o que deve ocorrer é que a inflação seguirá abaixo do centro da meta. Neste ano, por exemplo, o mercado financeiro projeta alta de 3,5% nos preços. Em 2008 e 2009, a inflação esperada é de 4%.
A avaliação que prevalece no governo é que, ao manter a meta em 4,5% em 2008 e 2009, não haverá sinalização de que se aceita uma inflação maior. Isso porque as expectativas do mercado já estão abaixo do centro da meta e não serão alteradas se o valor for mantido.
O argumento contrário, defendido pelo BC, é que o momento é ideal para reforçar a tendência de queda da inflação sem custos elevados. Como o mercado financeiro já projeta um aumento baixo de preços, se o governo fixar uma meta de 4%, não haverá necessidade de ajuste nos juros.
A vantagem nesse caso é que o país estará avançando no combate à inflação e aproximando a taxa daquela que prevalece em países desenvolvidos (2% ao ano, em média).
Isso num momento em que o cenário internacional é bastante favorável e a economia brasileira é bem avaliada pelos avanços na política econômica.
O sistema de metas para a inflação foi adotado em 1999, durante a crise da desvalorização do real. Desde então, a inflação ficou acima do centro da meta fixado pelo CMN. A exceção foi o ano passado, quando o aumento de preços foi de 3,1%.


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