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Bolsas sobem com dados da indústria dos EUA e da China
Bovespa avança 2,42%, e
dólar recua para R$ 1,95
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA
Dados industriais dos EUA e
da China, que sinalizam para a
recuperação da economia real,
causaram euforia ontem nos
mercados globais, que iniciaram junho com forte otimismo.
O mercado também recebeu
bem o pedido de concordata da
General Motors, que acontecerá sem contestações judiciais
importantes e com a garantia
de que o governo americano
não deixará a empresa quebrar.
Para o Brasil, o resultado ontem foi a continuidade da entrada de recursos estrangeiros
à procura de oportunidades de
investimento no país. O fluxo
de dinheiro reduziu o dólar comercial para R$ 1,953 (-0,86%),
menor valor desde 1º de outubro, e fez a Bolsa avançar
2,42%, para os 54.486 pontos.
Nos EUA, a atividade do setor industrial se manteve em
queda em maio, mas menos intensa que a registrada em abril.
Calculado pelo ISM (Instituto
dos Gerentes de Compra), o dado foi recebido como indicador
de melhora nas encomendas à
indústria no mês passado. "Algumas indústrias estão mostrando sinais de recuperação.
Nove de 18 segmentos informaram aumento nas encomendas.
É a primeira vez desde novembro de 2007 que isso acontece.
É um sinal claro de que o setor
manufatureiro está na rota da
recuperação", disse Norbert
Ore, diretor do ISM.
Na China, dois indicadores
de compras da indústria -um
da corretora CLSA Asia-Pacific
e outro do governo- mostraram aceleração da atividade,
elevando as apostas de que o
mundo sairá em breve da recessão. A Bolsa de Xangai subiu
3,35%, e a de Hong Kong,
3,95%. A Bolsa de Nova York
subiu 2,6% (índice Dow Jones).
Diante da expressiva valorização da Bolsa, analistas debatem se o atual ritmo de alta se
sustenta mesmo em curto prazo. Para Kelly Trentin, analista
da corretora SLW, a recente alta da Bolsa está totalmente
montada em cima de expectativas e pouco em dados concretos. "A Bolsa sempre sobe com
as expectativas. Nos EUA, temos dados que mostram uma
melhora, mas muito menos
consistente do que aqui. Essa
entrada de recursos estrangeiros mostra a confiança deles na
nossa economia. Eles querem
ganhar dinheiro; na hora em
que acham que está ruim, eles
saem rapidinho. Praticamente
são eles que fazem o mercado.
Há sinais de melhora sim, mas
os problemas todos não se resolveram. Há riscos pelo caminho. Por isso, acredito que pode
ter uma reversão", disse.
"Fica cada vez mais perigoso
[se sustentar] até porque houve
um recuperação muito rápida.
Tem um fundamento, mas talvez tenha passado do que se
imaginava. Fica, sim, sujeito a
uma correção", disse Silvio
Campos, do Banco Schahin.
Após romper a barreira de R$
2, a moeda americana seguiu
perdendo espaço para o real.
Mais uma vez, o Banco Central comprou divisas, mas em
volume incapaz de alterar as
cotações. "Só tem entrada de
recursos. A Bolsa só sobe. Se
continuar assim, não é impossível [o dólar] ficar abaixo a R$
1,90", disse José Roberto Carreira, da Fair Corretora.
"Não tem piso para o dólar.
Enquanto as commodities estiveram em alta e o apetite por
risco continuar, não é viável falar em um piso", disse Miriam
Tavares, da corretora AGK.
Para Tavares, o BC deverá colocar um pouco de freio para
evitar uma queda muito brusca
do dólar. "Até um mês atrás,
ninguém imaginava uma queda
tão brusca e tão repentina. O
que se coloca agora é se esses
movimentos são consistentes.
O exportador tem de gerenciar
essa questão", disse.
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