São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

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Bolsas sobem com dados da indústria dos EUA e da China

Bovespa avança 2,42%, e dólar recua para R$ 1,95

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Dados industriais dos EUA e da China, que sinalizam para a recuperação da economia real, causaram euforia ontem nos mercados globais, que iniciaram junho com forte otimismo. O mercado também recebeu bem o pedido de concordata da General Motors, que acontecerá sem contestações judiciais importantes e com a garantia de que o governo americano não deixará a empresa quebrar.
Para o Brasil, o resultado ontem foi a continuidade da entrada de recursos estrangeiros à procura de oportunidades de investimento no país. O fluxo de dinheiro reduziu o dólar comercial para R$ 1,953 (-0,86%), menor valor desde 1º de outubro, e fez a Bolsa avançar 2,42%, para os 54.486 pontos.
Nos EUA, a atividade do setor industrial se manteve em queda em maio, mas menos intensa que a registrada em abril. Calculado pelo ISM (Instituto dos Gerentes de Compra), o dado foi recebido como indicador de melhora nas encomendas à indústria no mês passado. "Algumas indústrias estão mostrando sinais de recuperação. Nove de 18 segmentos informaram aumento nas encomendas. É a primeira vez desde novembro de 2007 que isso acontece. É um sinal claro de que o setor manufatureiro está na rota da recuperação", disse Norbert Ore, diretor do ISM.
Na China, dois indicadores de compras da indústria -um da corretora CLSA Asia-Pacific e outro do governo- mostraram aceleração da atividade, elevando as apostas de que o mundo sairá em breve da recessão. A Bolsa de Xangai subiu 3,35%, e a de Hong Kong, 3,95%. A Bolsa de Nova York subiu 2,6% (índice Dow Jones).
Diante da expressiva valorização da Bolsa, analistas debatem se o atual ritmo de alta se sustenta mesmo em curto prazo. Para Kelly Trentin, analista da corretora SLW, a recente alta da Bolsa está totalmente montada em cima de expectativas e pouco em dados concretos. "A Bolsa sempre sobe com as expectativas. Nos EUA, temos dados que mostram uma melhora, mas muito menos consistente do que aqui. Essa entrada de recursos estrangeiros mostra a confiança deles na nossa economia. Eles querem ganhar dinheiro; na hora em que acham que está ruim, eles saem rapidinho. Praticamente são eles que fazem o mercado. Há sinais de melhora sim, mas os problemas todos não se resolveram. Há riscos pelo caminho. Por isso, acredito que pode ter uma reversão", disse.
"Fica cada vez mais perigoso [se sustentar] até porque houve um recuperação muito rápida. Tem um fundamento, mas talvez tenha passado do que se imaginava. Fica, sim, sujeito a uma correção", disse Silvio Campos, do Banco Schahin.
Após romper a barreira de R$ 2, a moeda americana seguiu perdendo espaço para o real.
Mais uma vez, o Banco Central comprou divisas, mas em volume incapaz de alterar as cotações. "Só tem entrada de recursos. A Bolsa só sobe. Se continuar assim, não é impossível [o dólar] ficar abaixo a R$ 1,90", disse José Roberto Carreira, da Fair Corretora.
"Não tem piso para o dólar. Enquanto as commodities estiveram em alta e o apetite por risco continuar, não é viável falar em um piso", disse Miriam Tavares, da corretora AGK.
Para Tavares, o BC deverá colocar um pouco de freio para evitar uma queda muito brusca do dólar. "Até um mês atrás, ninguém imaginava uma queda tão brusca e tão repentina. O que se coloca agora é se esses movimentos são consistentes. O exportador tem de gerenciar essa questão", disse.


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