São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO EXTERIOR

Saldo de US$ 2,6 bi é o maior para um 1º semestre nos anos FHC

Importações em queda dão superávit recorde à balança

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial do primeiro semestre teve o melhor resultado do período no governo Fernando Henrique Cardoso. O saldo positivo nos seis primeiros meses do ano é de US$ 2,606 bilhões, pouco mais da metade do superávit de US$ 5 bilhões projetado pelo governo para 2002.
O país vinha registrando saldo negativo no primeiro semestre desde 1995. O desempenho comercial do período, porém, é resultado do encolhimento da economia mundial, principalmente na América Latina, e não do aumento de exportações.
A região consome 60% dos produtos manufaturados brasileiros. Somente para a Argentina, a queda das exportações foi de 66% até maio. De acordo com a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Lytha Spíndola, além dos baixos preços dos produtos básicos desde 1997, neste ano os preços dos produtos manufaturados que o Brasil exporta também começaram a cair, resultado da fraca demanda.
O saldo acumulado até junho contribuiu para diminuir o déficit em conta corrente (diferença entre dólares que entram e que saem do país), acumulado em US$ 7,041 bilhões até maio.
Mas, como não houve aumento de exportações, o país não está produzindo saldo suficiente para diminuir a dependência do capital externo especulativo (de curta permanência), com o qual conta para financiar suas contas.
No primeiro semestre, as exportações diminuíram 13,4% com relação ao mesmo período de 2001, e as importações, 22,6%. O Brasil perdeu US$ 3,875 bilhões em exportações, enquanto deixou de comprar US$ 6,554 bilhões em mercadorias, o que gerou o saldo positivo.
O país comprou menos bens de consumo, mas também diminuiu em 25% as importações de bens de capital e em 23% as de matérias-primas. Isso significa que há queda na produção. Segundo Lytha, pode haver também substituição de importações em alguns setores.
Até junho, o país exportou US$ 25,052 bilhões e importou US$ 22,446 bilhões. Do valor das vendas, é preciso descontar US$ 357 milhões referentes à devolução de seis aviões da Varig no início do ano, o que reduz as exportações para US$ 24,695 bilhões.
As exportações vêm crescendo desde o início do governo FHC, mas não o suficiente para produzir saldos comerciais. Em 1995, as exportações foram de US$ 46,506 bilhões e em 2001 atingiram o recorde de US$ 58,222 bilhões.
O problema é que as importações saltaram de US$ 49,971 bilhões para US$ 55,576 bilhões, no mesmo período. Apenas no ano passado, as vendas foram maiores do que as compras, produzindo o primeiro superávit do governo FHC, de US$ 2,646 bilhões.
Neste ano, o saldo já é quase o mesmo de 2001, mas o país está perdendo mercados. Até maio, caíram as vendas para os Estados Unidos em 2,8%; em 15,3% para a União Européia; em 58,6% para o Mercosul; em 2,7% para a Ásia e em 8,1% para a Europa Oriental.
Desde abril, a greve dos funcionários da Receita Federal tornou-se outro problema para as exportações. Segundo Lytha, a paralisação pode estar prejudicando os embarques, mas também está afetando as importações.



Texto Anterior: Luís Nassif: As lições do pentacampeonato
Próximo Texto: Meta da inflação será batida, prevê mercado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.