São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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Custo do investimento no Brasil é um dos mais caros do mundo

A decisão de baixar a TJLP de 8,15% para 7,5% na quinta-feira passada certamente contribuirá para baixar o custo do investimento no Brasil, mas ainda não é suficiente. O custo para se investir no país ainda é um dos mais caros do mundo.
Apesar de o preço das máquinas e equipamentos das instalações e das construções ter crescido a taxas declinantes no Brasil nos últimos anos, a inflação sobre os bens de consumo das família e do governo tem sido mais branda.
Dessa forma, em um contexto de elevadas taxas de juros, o empresário não se sente estimulado a investir em bens de capital, que são ativos de baixa liquidez e com preços que crescem mais do que os outros bens.
A análise consta de estudo realizado pelo Iedi, pelos economistas Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-diretor da entidade, e Mauro Thury, da Universidade de Manaus. Trata-se do último trabalho realizado por Almeida para o Iedi antes de ocupar a secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
O estudo aponta também que a evolução do preço relativo do investimento fixo no Brasil se mostra desfavorável no plano internacional. Em uma série de países emergentes, ou mesmo avançados, os preços do investimento têm registrado queda ao longo do tempo, ou mesmo um aumento mais suave, o que viabiliza novos empreendimentos ou a ampliação daqueles já em operação. Entre os países com preços mais baixos, o trabalho do Iedi cita como exemplo China, Tailândia, Coréia do Sul, Índia e Estados Unidos.
O trabalho diz que a redução do preço do investimento no Brasil deveria não apenas ser objeto de debate em ano de eleições presidenciais como um objetivo a ser perseguido pelas autoridades econômicas.
Para este fim, o estudo sugere, além da continuidade na queda dos juros, a modernização do setor de bens de capital, o fomento de inovações na construção civil para baixar o custo fixo das instalações e a continuidade da redução tributária sobre máquinas e equipamentos.
O custo para se investir no Brasil explica, em grande parte, o fato de a taxa de investimento ter se mantido praticamente estável nos últimos anos. Enquanto em 2005 o PIB cresceu 2,3%, a taxa de investimento cresceu ligeiramente: de apenas 19,6% em 2004, para 19,9% no ano passado.

MALHAÇÃO
O empresário Augusto Anzelotti, que comanda a Life Fitness no Brasil, não tem do que se queixar sobre o câmbio. Com o dólar baixo, os negócios da empresa devem crescer 70% este ano, segundo previsões de Anzelotti, contra uma alta já satisfatória de 47% do ano passado. "Considerando que o país cresceu 2,3%, foi um bom resultado", diz. Para o futuro, a tendência, segundo o empresário, são os equipamentos cardiovasculares e, principalmente, as esteiras com TV de cristal líquido no painel. "Estamos tentando trazer o entretenimento para o fitness", diz Anzelotti, que afirma ainda ver o Brasil "engatinhar" no setor. "Estamos no início do princípio do começo e temos espaço para crescer", diz.

CONCENTRAÇÃO
A região Sudeste concentra 80% das empresas de base tecnológica instaladas no Brasil e a idade média dos parques científicos tecnológicos brasileiros é semelhante a dos americanos -cerca de 15 anos. Esses dados constam de estudo sobre os parques científicos e tecnológicos brasileiros a ser divulgado na próxima quinta, durante evento do Movimento Brasil Competitivo, em Brasília. Foram analisados cinco pólos de desenvolvimento: Campinas, Rio, Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Alegre.

NOVO CICLO
Os rendimentos reais médios dos trabalhadores brasileiros no acumulado do ano subiram 5,8%, como mostrou o Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central. Se persistir a evolução, como é esperado, os trabalhadores brasileiros terão três anos de aumentos reais consecutivos, fato que não ocorria desde 1997, quando terminou o ciclo de cinco anos de aumento de renda.

INCENTIVO
O Banco do Brasil reduziu os juros do Proger Exportação, destinada à promoção e financiamento de exportações futuras para micro e pequenas empresas. As novas taxas variam de 5,33% a 5,90% ao ano, mais a TJLP, e o limite para financiamento é de até R$ 250 mil. O Proger Exportação pode ser utilizado para o pagamento de despesas com pacotes de viagem para participação em feiras e eventos comerciais.

RECORDE
A quantidade de ofertas públicas registradas neste ano na área de auto-regulação da Anbid bateu recorde. Foram 44 ofertas registradas até o final de junho deste ano, contra 32 registradas no mesmo período de 2005. Deste total registrado até o final junho, 54,1% foram referentes a ofertas de ações. No mesmo período do ano passado, esse percentual foi de 17,55%. Até o momento foram registradas 23 operações de ações em 2006, somando R$ 12,2 bilhões contra R$ 4,7 bilhões em 2005.


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