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São Paulo passa por onda de formalização
Emprego com carteira cresce 14,5% na região metropolitana de maio de 2004 a maio de 2006, com 482 mil novas vagas
Para especialista, mudança no mercado é ainda uma recuperação em relação ao aumento da informalidade ocorrido em anos anteriores
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A região metropolitana de
São Paulo vive uma onda de assinar carteiras de trabalho: o
número de trabalhadores formais no setor privado cresce há
25 meses consecutivos na comparação anual -de maio de
2004 a maio de 2006- e registra, no período, alta de 14,5%.
Esse contingente de trabalhadores subiu de 3,33 milhões
em maio de 2004 para 3,812
milhões em maio deste ano, um
incremento de 482 mil postos
de trabalho.
Os dados são da Pesquisa
Mensal de Emprego e foram
compilados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) a pedido da Folha.
Para Kátia Namir, economista da Coordenação de Emprego
e Rendimento do IBGE, está
em curso um processo de mudança na forma de contratação
em São Paulo, no qual os empregadores estão trocando postos informais por formais.
O fato de o emprego com carteira crescer acima da média e
de estarem sendo criados mais
vagas formais do que o total de
postos de trabalho gerados na
região sinaliza essa tendência.
Ao todo, o número de pessoas ocupadas em São Paulo
subiu de 8,057 milhões em
maio de 2004 para 8,395 milhões em maio de 2006, com
crescimento de 4,2%.
Foram criados, nesse período, 338 mil de postos de trabalho, menos do que a geração de
empregos com carteira.
Na contramão do emprego
formal, os postos de trabalho
sem carteira caíram 8,2% na
região metropolitana de São
Paulo -124 mil postos de trabalho a menos. Já o número
dos que trabalham por conta
própria, também informais na
maioria, caiu 4,8%.
Para Namir, no entanto, o
crescimento do emprego formal representa uma recuperação em relação ao aumento da
informalidade que ocorreu em
2002 e 2003.
"Há um processo de formalização porque o emprego com
carteira é o que mais cresce,
mas esse movimento reflete
uma retomada depois de um
período de aumento da informalidade", avalia a economista
do IBGE.
O aumento da formalização,
diz, está relacionada "à melhora da expectativa dos empresários" em relação à economia.
Já o economista Fábio Romão, da consultoria LCA, disse
acreditar que a substituição
dos postos informais por formais está ocorrendo por causa
do aumento da renda provocado pela menor inflação e por
dois anos de significativo aumento real (acima da inflação)
do salário mínimo -7,5% em
2005 e 13% em 2003.
A expansão do rendimento
dinamizou vários setores da
economia, que passaram a contratar formalmente.
Para Romão, o crescimento
do emprego formal "é real" e
não corresponde apenas a uma
recuperação de 2002 e 2003.
Com o crescimento forte
desde 2004, as contratações
formais no setor privado ganharam espaço na composição
do emprego.
A participação em relação ao
total de pessoas ocupadas subiu de 41,3% em maio de 2004
para 45,4% em maio de 2006
em São Paulo. Já o contingente
de sem carteira e conta própria
baixou de 36,2% para 32,4%.
Belo Horizonte
Situação similar à de São
Paulo só foi registrada na região metropolitana de Belo Horizonte, onde o emprego com
carteira cresce há 28 meses na
comparação anual (de fevereiro de 2004 a maio de 2006). No
período, a expansão foi de
19,3%, com a geração de 150 mil
postos de trabalho formais.
Nas demais regiões, o desempenho não foi tão expressivo.
Houve expansão de 6,5% em
Recife e de 5,2% em Salvador.
No Rio, a alta ficou em 4,9%.
Em Porto Alegre, foi de 8,7%.
Para o economista da LCA, os
dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do
Trabalho, confirmam a tendência de expansão da formalização nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.
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