São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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São Paulo passa por onda de formalização

Emprego com carteira cresce 14,5% na região metropolitana de maio de 2004 a maio de 2006, com 482 mil novas vagas

Para especialista, mudança no mercado é ainda uma recuperação em relação ao aumento da informalidade ocorrido em anos anteriores

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A região metropolitana de São Paulo vive uma onda de assinar carteiras de trabalho: o número de trabalhadores formais no setor privado cresce há 25 meses consecutivos na comparação anual -de maio de 2004 a maio de 2006- e registra, no período, alta de 14,5%.
Esse contingente de trabalhadores subiu de 3,33 milhões em maio de 2004 para 3,812 milhões em maio deste ano, um incremento de 482 mil postos de trabalho.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego e foram compilados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a pedido da Folha.
Para Kátia Namir, economista da Coordenação de Emprego e Rendimento do IBGE, está em curso um processo de mudança na forma de contratação em São Paulo, no qual os empregadores estão trocando postos informais por formais.
O fato de o emprego com carteira crescer acima da média e de estarem sendo criados mais vagas formais do que o total de postos de trabalho gerados na região sinaliza essa tendência.
Ao todo, o número de pessoas ocupadas em São Paulo subiu de 8,057 milhões em maio de 2004 para 8,395 milhões em maio de 2006, com crescimento de 4,2%.
Foram criados, nesse período, 338 mil de postos de trabalho, menos do que a geração de empregos com carteira.
Na contramão do emprego formal, os postos de trabalho sem carteira caíram 8,2% na região metropolitana de São Paulo -124 mil postos de trabalho a menos. Já o número dos que trabalham por conta própria, também informais na maioria, caiu 4,8%.
Para Namir, no entanto, o crescimento do emprego formal representa uma recuperação em relação ao aumento da informalidade que ocorreu em 2002 e 2003.
"Há um processo de formalização porque o emprego com carteira é o que mais cresce, mas esse movimento reflete uma retomada depois de um período de aumento da informalidade", avalia a economista do IBGE.
O aumento da formalização, diz, está relacionada "à melhora da expectativa dos empresários" em relação à economia.
Já o economista Fábio Romão, da consultoria LCA, disse acreditar que a substituição dos postos informais por formais está ocorrendo por causa do aumento da renda provocado pela menor inflação e por dois anos de significativo aumento real (acima da inflação) do salário mínimo -7,5% em 2005 e 13% em 2003.
A expansão do rendimento dinamizou vários setores da economia, que passaram a contratar formalmente.
Para Romão, o crescimento do emprego formal "é real" e não corresponde apenas a uma recuperação de 2002 e 2003.
Com o crescimento forte desde 2004, as contratações formais no setor privado ganharam espaço na composição do emprego.
A participação em relação ao total de pessoas ocupadas subiu de 41,3% em maio de 2004 para 45,4% em maio de 2006 em São Paulo. Já o contingente de sem carteira e conta própria baixou de 36,2% para 32,4%.

Belo Horizonte
Situação similar à de São Paulo só foi registrada na região metropolitana de Belo Horizonte, onde o emprego com carteira cresce há 28 meses na comparação anual (de fevereiro de 2004 a maio de 2006). No período, a expansão foi de 19,3%, com a geração de 150 mil postos de trabalho formais.
Nas demais regiões, o desempenho não foi tão expressivo. Houve expansão de 6,5% em Recife e de 5,2% em Salvador. No Rio, a alta ficou em 4,9%. Em Porto Alegre, foi de 8,7%.
Para o economista da LCA, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, confirmam a tendência de expansão da formalização nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.


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