São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Bancos médios abrem capital na Bolsa

Líderes no consignado, instituições de menor porte levantam recursos com a venda de ações para competir no mercado

Bancos menores trocam parcerias no varejo e com financeiras por captação na Bovespa, onde conseguiram mais de R$ 2,5 bi neste ano

SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Os bancos de médio porte estão abrindo capital na Bolsa para diversificar as alternativas de captação no mercado. Neste ano, quatro tiveram autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para a abertura de capital e conseguiram obter cerca de R$ 2,526 bilhões.
O primeiro a fazer a oferta foi o Banco Pine, em março, que levantou R$ 517,18 milhões na Bolsa. Em abril, o Sofisa conseguiu a autorização e obteve R$ 518,95 milhões. No dia 11 de junho foi a vez do Paraná Banco, que recebeu R$ 846,72 milhões. Na semana passada, o Cruzeiro do Sul conseguiu obter R$ 644 milhões.
Na lista de espera, aguardando a análise da CVM, há outras seis instituições de médio porte. No ano passado, nenhum banco desse segmento abriu o capital na Bolsa de Valores.
Segundo o Banco Central, a possibilidade de esses bancos levantarem recursos aumentará com a liberação da participação estrangeira em até 45% do capital. Definida na semana passada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), a proposta seguiu para aprovação do presidente Lula.
"A medida busca oferecer às instituições do SFN [Sistema Financeiro Nacional], principalmente as de pequeno e médio porte, instrumento ágil para a captação de recursos no mercado acionário com vistas à sua capitalização, permitindo o estabelecimento de condições para melhor competir no mercado", diz nota do BC.

Crédito consignado
Com cerca de 50% da carteira de crédito consignado do país, segundo dados da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), os bancos médios apostam alto na concessão de crédito, o que demanda grande volume de recursos. Segundo a Standard & Poor's, os pequenos e médios têm 68% do "market share" dos consignados.
Por esse motivo, eles estão diversificando as estratégias de captação, segundo a analista da Standard & Poor's Tamara Berenholc. "Esses bancos têm uma capacidade de geração de carteira muito boa, mas não captam recursos na mesma proporção, os IPOs [ofertas públicas de ações, na sigla em inglês] são uma alternativa."
Estimulados pela busca pelo crédito e pelo potencial que esse tipo de operação ainda tem para crescer no país, os bancos médios optam por substituir as parcerias com grandes redes de varejo, financeiras e cessões de crédito pelos IPOs. Com isso, eles deixam de dividir o resultado das operações.
"O mercado está impondo um novo padrão de alavancagem aos bancos. As formas tradicionais não são as mais baratas, já que o investidor leva uma parte do "spread" das operações", afirma o presidente da ABBC, Renato Oliva.
Especializados em nichos, como o crédito consignado, os bancos médios ainda têm muito espaço para crescer nesse segmento, segundo Berenholc. "O crédito para funcionários de empresas privadas representam cerca de 8% do segmento."
O potencial de crescimento pode ser percebido quando se mede a participação que os bancos menores têm no consignado do INSS, segmento em que entraram antes. Segundo estudo realizado pela S&P, essa movimentação faz com que agora eles se beneficiem do conhecimento adquirido.
Conforme os dados de maio do INSS, os bancos de médio porte têm 82,33% do volume emprestado em consignado para os beneficiários do sistema previdenciário. Em relação ao número de empréstimos, a fatia é de 84,85%.


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