|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bancos médios abrem capital na Bolsa
Líderes no consignado, instituições de menor porte levantam recursos com a venda de ações para competir no mercado
Bancos menores trocam parcerias no varejo e com financeiras por captação na Bovespa, onde conseguiram mais de R$ 2,5 bi neste ano
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA FOLHA
Os bancos de médio porte estão abrindo capital na Bolsa para diversificar as alternativas
de captação no mercado. Neste
ano, quatro tiveram autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para a abertura de capital e conseguiram
obter cerca de R$ 2,526 bilhões.
O primeiro a fazer a oferta foi
o Banco Pine, em março, que levantou R$ 517,18 milhões na
Bolsa. Em abril, o Sofisa conseguiu a autorização e obteve R$
518,95 milhões. No dia 11 de junho foi a vez do Paraná Banco,
que recebeu R$ 846,72 milhões. Na semana passada, o
Cruzeiro do Sul conseguiu obter R$ 644 milhões.
Na lista de espera, aguardando a análise da CVM, há outras
seis instituições de médio porte. No ano passado, nenhum
banco desse segmento abriu o
capital na Bolsa de Valores.
Segundo o Banco Central, a
possibilidade de esses bancos
levantarem recursos aumentará com a liberação da participação estrangeira em até 45% do
capital. Definida na semana
passada pelo CMN (Conselho
Monetário Nacional), a proposta seguiu para aprovação do
presidente Lula.
"A medida busca oferecer às
instituições do SFN [Sistema
Financeiro Nacional], principalmente as de pequeno e médio porte, instrumento ágil para a captação de recursos no
mercado acionário com vistas à
sua capitalização, permitindo o
estabelecimento de condições
para melhor competir no mercado", diz nota do BC.
Crédito consignado
Com cerca de 50% da carteira de crédito consignado do
país, segundo dados da ABBC
(Associação Brasileira de Bancos), os bancos médios apostam alto na concessão de crédito, o que demanda grande volume de recursos. Segundo a
Standard & Poor's, os pequenos
e médios têm 68% do "market
share" dos consignados.
Por esse motivo, eles estão
diversificando as estratégias de
captação, segundo a analista da
Standard & Poor's Tamara Berenholc. "Esses bancos têm
uma capacidade de geração de
carteira muito boa, mas não
captam recursos na mesma
proporção, os IPOs [ofertas públicas de ações, na sigla em inglês] são uma alternativa."
Estimulados pela busca pelo
crédito e pelo potencial que esse tipo de operação ainda tem
para crescer no país, os bancos
médios optam por substituir as
parcerias com grandes redes de
varejo, financeiras e cessões de
crédito pelos IPOs. Com isso,
eles deixam de dividir o resultado das operações.
"O mercado está impondo
um novo padrão de alavancagem aos bancos. As formas tradicionais não são as mais baratas, já que o investidor leva uma
parte do "spread" das operações", afirma o presidente da
ABBC, Renato Oliva.
Especializados em nichos,
como o crédito consignado, os
bancos médios ainda têm muito espaço para crescer nesse
segmento, segundo Berenholc.
"O crédito para funcionários de
empresas privadas representam cerca de 8% do segmento."
O potencial de crescimento
pode ser percebido quando se
mede a participação que os
bancos menores têm no consignado do INSS, segmento em
que entraram antes. Segundo
estudo realizado pela S&P, essa
movimentação faz com que
agora eles se beneficiem do conhecimento adquirido.
Conforme os dados de maio
do INSS, os bancos de médio
porte têm 82,33% do volume
emprestado em consignado para os beneficiários do sistema
previdenciário. Em relação ao
número de empréstimos, a fatia é de 84,85%.
Texto Anterior: Investidor do ABC mantém a liderança em pregão virtual Próximo Texto: Bancos perderão espaço no crédito, avalia economista Índice
|