São Paulo, quinta-feira, 02 de julho de 2009

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Saldo comercial cresce 25% no 1º semestre

Superávit maior, no entanto, decorre de uma queda das importações (-29%) superior à das exportações (-22%) no período

Resultado da balança em junho supera em 70% o do mesmo período do ano passado; para os próximos meses, previsão é de queda


JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial brasileira registrou um superávit no primeiro semestre 24,8% maior do que no mesmo período do ano passado. O saldo entre exportações e importações foi de US$ 14 bilhões.
O resultado -positivo do ponto de vista das contas externas- é fruto de dois cenários adversos: a queda do comércio internacional, que reduziu as exportações, e a retração da economia brasileira, que diminuiu as importações. Isso significa que as empresas que atuam no comércio exterior tiveram piora nos seus negócios, o que coloca empregos em risco.
O fluxo de comércio caiu 25,3% nos seis primeiros meses do ano. A corrente ou fluxo de comércio mostra um retrato mais fiel da realidade do comércio exterior brasileiro porque soma as exportações e as importações. Nos seis primeiros meses do ano, as vendas ao exterior caíram 22,2%, e as importações, 28,9%.
No mês passado, o movimento foi o mesmo. Com queda de 38% nas importações (que somaram US$ 9,8 bilhões) e de 22,2% nas exportações (que ficaram em US$ 14,5 bilhões), o saldo comercial em junho foi de US$ 4,6 bilhões, o melhor resultado mensal desde dezembro de 2006 (30 meses). Em relação a junho do ano passado, o saldo da balança é 69,5% maior.
O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, justificou que os números são comparações de um ano de crise com o melhor ano da história da balança comercial brasileira: "2008 foi um ano para deixar saudades", afirmou.
Para o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o superávit elevado dos seis primeiros meses do ano não deverá se repetir no segundo semestre.
De acordo com ele, os embarques de soja estão quase no fim e os preços do minério de ferro seguem em trajetória de queda. Esses são os dois principais produtos da pauta de exportações brasileiras, que deverá ampliar a queda de julho a dezembro. As importações, por outro lado, tendem a subir com a melhora da economia interna e a valorização do real.

Queda generalizada
A piora dos indicadores de comércio exterior do Brasil foi generalizada. Todas as chamadas categorias de uso (industrializados, matérias-primas e intermediários) tiveram redução tanto de exportações quanto de importações.
A venda de matérias-primas, que vem sustentando as exportações para a China, caiu 7% no semestre em comparação com os seis primeiros meses de 2008. Mesmo com a queda, a participação dos chamados produtos básicos nas vendas aumentou de 35% no ano passado para 42% este ano.
Os industrializados, por outro lado, perderam importância na pauta de exportações brasileiras, passando de 62% de participação em 2008 para 56% neste ano.
Barral ressaltou que, entre os produtos industrializados, o Brasil aumentou as vendas para os países em desenvolvimento. Ainda assim, as exportações de manufaturados tiveram queda de 30% no semestre.
As maiores quedas de exportações e importações também estão em todas as categorias de uso. Os itens em que o Brasil teve maior redução nas vendas externas foram óleos combustíveis (-61%), semimanufaturados de ferro e aço (-60%), alumínio (-54%) e petróleo (-50%). Os produtos em que houve maior queda de importações no semestre foram combustíveis e lubrificantes (-51%), matérias-primas e intermediários (-32%), máquinas (-14%) e bens de consumo (-7%).


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