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Saldo comercial cresce 25% no 1º semestre
Superávit maior, no entanto, decorre de uma queda das importações (-29%) superior à das exportações (-22%) no período
Resultado da balança em junho supera em 70% o do mesmo período do ano passado; para os próximos meses, previsão é de queda
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A balança comercial brasileira registrou um superávit no
primeiro semestre 24,8%
maior do que no mesmo período do ano passado. O saldo entre exportações e importações
foi de US$ 14 bilhões.
O resultado -positivo do
ponto de vista das contas externas- é fruto de dois cenários
adversos: a queda do comércio
internacional, que reduziu as
exportações, e a retração da
economia brasileira, que diminuiu as importações. Isso significa que as empresas que atuam
no comércio exterior tiveram
piora nos seus negócios, o que
coloca empregos em risco.
O fluxo de comércio caiu
25,3% nos seis primeiros meses
do ano. A corrente ou fluxo de
comércio mostra um retrato
mais fiel da realidade do comércio exterior brasileiro porque soma as exportações e as
importações. Nos seis primeiros meses do ano, as vendas ao
exterior caíram 22,2%, e as importações, 28,9%.
No mês passado, o movimento foi o mesmo. Com queda de
38% nas importações (que somaram US$ 9,8 bilhões) e de
22,2% nas exportações (que ficaram em US$ 14,5 bilhões), o
saldo comercial em junho foi de
US$ 4,6 bilhões, o melhor resultado mensal desde dezembro de 2006 (30 meses). Em relação a junho do ano passado, o
saldo da balança é 69,5% maior.
O secretário de Comércio
Exterior, Welber Barral, justificou que os números são comparações de um ano de crise
com o melhor ano da história
da balança comercial brasileira:
"2008 foi um ano para deixar
saudades", afirmou.
Para o vice-presidente da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o superávit
elevado dos seis primeiros meses do ano não deverá se repetir
no segundo semestre.
De acordo com ele, os embarques de soja estão quase no fim
e os preços do minério de ferro
seguem em trajetória de queda.
Esses são os dois principais
produtos da pauta de exportações brasileiras, que deverá
ampliar a queda de julho a dezembro. As importações, por
outro lado, tendem a subir com
a melhora da economia interna
e a valorização do real.
Queda generalizada
A piora dos indicadores de
comércio exterior do Brasil foi
generalizada. Todas as chamadas categorias de uso (industrializados, matérias-primas e
intermediários) tiveram redução tanto de exportações quanto de importações.
A venda de matérias-primas,
que vem sustentando as exportações para a China, caiu 7% no
semestre em comparação com
os seis primeiros meses de
2008. Mesmo com a queda, a
participação dos chamados
produtos básicos nas vendas
aumentou de 35% no ano passado para 42% este ano.
Os industrializados, por outro lado, perderam importância
na pauta de exportações brasileiras, passando de 62% de participação em 2008 para 56%
neste ano.
Barral ressaltou que, entre os
produtos industrializados, o
Brasil aumentou as vendas para os países em desenvolvimento. Ainda assim, as exportações
de manufaturados tiveram
queda de 30% no semestre.
As maiores quedas de exportações e importações também
estão em todas as categorias de
uso. Os itens em que o Brasil teve maior redução nas vendas
externas foram óleos combustíveis (-61%), semimanufaturados de ferro e aço (-60%), alumínio (-54%) e petróleo
(-50%). Os produtos em que
houve maior queda de importações no semestre foram combustíveis e lubrificantes (-51%),
matérias-primas e intermediários (-32%), máquinas (-14%) e
bens de consumo (-7%).
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