|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
País tem 1º déficit com Argentina em 6 anos
Resultado para o 1º semestre reflete retração no comércio e efeitos de barreiras impostas pelo vizinho; Brasil cogita retaliações
"Qualquer parceiro que queira acesso ao mercado brasileiro também deve garantir acesso ao seu mercado", diz secretário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela segunda vez no governo
Lula, o Brasil registrou déficit
comercial com a Argentina no
primeiro semestre do ano. O
resultado foi negativo em US$
48 milhões. A última vez em
que o Brasil teve déficit com o
país vizinho nos seis primeiros
meses do ano havia sido em
2003, de US$ 500 milhões.
A deterioração do saldo comercial com a Argentina ocorreu porque a queda de exportações do Brasil para o país foi
mais que o dobro da queda de
importações no primeiro semestre. Enquanto as vendas
brasileiras caíram 42,1% (no total de US$ 4,936 bilhões), as
compras foram reduzidas em
19,5% (para US$ 4,989 bilhões).
Além da retração no consumo do país vizinho, principal
parceiro no Mercosul, o governo argentino impôs uma série
de barreiras comerciais que impedem ou dificultam a venda de
produtos brasileiros. Enquanto
reduz o espaço do Brasil, a Argentina vem aumentando as
compras da China. O Ministério do Desenvolvimento estima
que 14% das exportações brasileiras para o país estão prejudicadas por algum tipo de restrição comercial.
Por isso, o governo brasileiro
estuda formas de retaliar o protecionismo vizinho. Segundo
reportagem publicada ontem
no jornal "Valor Econômico",
uma das possibilidades em estudo é o uso de licenças não-automáticas, que atrasam a liberação dos produtos. A medida
já foi adotada no início do ano,
mas, por causa da repercussão
ruim entre empresários, foi
suspensa em poucos dias por
ordem do presidente Lula.
O secretário de Comércio
Exterior, Welber Barral, evitou
listar que medidas o Brasil avalia para convencer o governo
Cristina Kirchner a retirar as
barreiras comerciais. Mas lançou uma ameaça de que a reação pode ser na mesma intensidade: "Qualquer parceiro comercial que queira acesso ao
mercado brasileiro também
deve garantir acesso ao seu
mercado com base recíproca".
Barral afirmou que as medidas serão decididas na alta esfera do governo, pela Camex (Câmara de Comércio Exterior),
que reúne sete ministros, entre
eles os da Casa Civil, do Desenvolvimento e da Fazenda. "O
Brasil defende obediência a regras internacionais. Qualquer
decisão que se refira ao Mercosul não será tomada de afogadilho", disse ele.
Segundo o secretário, o principal produto vendido ao país
vizinho é o automóvel. Ele lembrou que a queda de exportações desse item se deve à redução do consumo no país, e não a
barreiras comerciais. Mas ressaltou que o protecionismo
atinge setores importantes na
pauta de exportações do Brasil,
como têxteis, calçados, eletrodomésticos, móveis e embreagens. A queda nas vendas de
móveis para a Argentina somou
50% de janeiro a junho, e a de
têxteis, 45%.
Texto Anterior: Saldo comercial cresce 25% no 1º semestre Próximo Texto: Vendas para os EUA recuam 43% no semestre Índice
|