São Paulo, quinta-feira, 02 de julho de 2009

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Venda de veículos é recorde no semestre

Sob efeito do IPI reduzido, emplacamentos crescem 3% e chegam a 1,44 milhão; resultado de junho também é histórico

Vendas foram de 300 mil unidades no mês passado; resultado também é atribuído a juros menores e à melhora do cenário econômico


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a retomada do crédito, o setor automotivo registrou recordes de venda em junho e no semestre.
De acordo com dados obtidos pela Folha, o mercado absorveu, no mês passado, 300.203 veículos -entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus-, alta de 17,3% em relação a junho de 2008 e de 21,5% ante maio.
A incerteza sobre a prorrogação do IPI menor -que veio a ser anunciada na última segunda- não foi desta vez o principal vetor do crescimento das vendas, avalia David Wong, especialista do setor automotivo da consultoria Kaiser Associates. Para ele, o juro mais atrativo nos financiamentos e a melhora no cenário econômico impulsionaram o mercado.
Nos primeiros seis meses do ano, foi emplacado 1,44 milhão de veículos, acréscimo de 3% em relação ao mesmo período de 2008. Foi o melhor semestre da história.
"Não deve haver uma desaceleração expressiva nos próximos meses. Ainda há o efeito da propaganda das linhas 2010. Isso ainda vai sustentar o mercado até setembro", diz Wong.
Segundo o presidente da Anef (associação dos bancos de montadoras), Luiz Montenegro, a redução dos compulsórios bancários para estimular a oferta de crédito permitiu uma atuação maior dos bancos e das financeiras de montadoras no setor. "Se as condições de crédito não estivessem melhorado como melhoraram, não adiantaria apenas reduzir o IPI."
Em maio, o prazo médio para os financiamentos de veículos foi de 40 meses, segundo Montenegro. E já há no mercado ofertas de prestações em até 80 meses. Já a taxa média de juros praticada em maio foi de 2,15%, ante 2,25% no mesmo mês do ano passado, o que indica que as condições de mercado estão próximas daquelas oferecidas no período anterior à crise global.
Além da redução do IPI, anunciada em dezembro passado e prorrogada há três dias pela segunda vez, o Banco do Brasil anunciou no final de 2008 uma injeção de crédito de R$ 4 bilhões para as financeiras das montadoras. Desse montante, já foram liberados R$ 3,5 bilhões, de acordo com a assessoria do BB.
"É difícil separar o efeito do IPI reduzido do efeito da retomada do crédito. As duas razões são importantes, mas a tendência é que o IPI se torne menos eficaz com o passar do tempo, pois a medida serve mais para que os consumidores que estavam querendo comprar efetuem a compra agora", disse Alexandre Andrade, economista da Tendências Consultoria.

General Motors
O presidente da GM do Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, prevê que a indústria automotiva feche o ano com o mesmo nível de vendas de 2008.
"Estamos em um patamar ótimo para a indústria", disse.
No país, o resultado da GM contrasta com o dos Estados Unidos. Enquanto as vendas da montadora caíram 34% naquele país em junho ante o mesmo mês de 2008, no Brasil houve alta de 12,5%.
"Brasil e China são os mercados da GM que crescem agora. Isso é muito importante em um momento mais crítico vivido pela matriz."
Segundo Jaime Ardila, não houve no Brasil reflexo da crise vivida pela empresa nos EUA. "A Chevrolet é uma marca forte e temos a confiança dos consumidores", afirmou. (PAULO DE ARAUJO E VERENA FORNETTI)


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