São Paulo, Sexta-feira, 02 de Julho de 1999
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MEIO A MEIO
Acordo foi assinado entre os acionistas; Brahma vale R$ 7 bilhões, e Antarctica, R$ 500 milhões na Bovespa
Controle será compartilhado por dez anos

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Os controladores da Brahma e da Antarctica assinaram um acordo de acionistas que prevê que nos próximos dez anos todas as decisões estratégicas da nova empresa, a AmBev, terão de ser aprovadas pelos representantes das duas companhias.
A Brahma terá uma parcela da nova empresa muito maior do que a Antarctica, o que levou muitos analistas a concluir que o comando da AmBev caberia a ela preferencialmente.
Apesar da disparidade de tamanho, entretanto, o espírito dado à nova sociedade é de um controle compartilhado, de acordo com pessoas que participaram do desenho da operação ouvidas pela Folha. Ao menos ao longo da próxima década.
O símbolo máximo desse controle compartilhado estará estampado no modelo do conselho de administração da AmBev. Marcel Telles, presidente do conselho da Brahma, e Victorio de Marchi, diretor-geral da Antarctica, serão co-presidentes do conselho da AmBev.
O modelo foi copiado das megafusões que têm ocorrido em outros países. O principal exemplo é o da associação entre o Citicorp e o Travelers Group, ocorrida no ano passado. John Reed e Sanford Weill são co-presidentes da empresa que surgiu, o Citigroup.
O valor da Brahma na Bolsa de Valores é de aproximadamente R$ 7 bilhões, enquanto o da Antarctica não passa de R$ 500 milhões. De certo modo, essa diferença esmagadora estará representada na composição acionária da Ambev.
Mas não foi só isso que pesou no desenho da nova empresa, já que a supremacia da Brahma sobre a Antarctica no mercado de bebidas não é tão grande quanto na Bolsa.
A participação da Brahma no capital da AmBev ficará em torno de 70%, enquanto a Antarctica terá cerca de 30%.

Controle indireto
A princípio, as duas companhias de bebidas continuam a existir individualmente, agora controladas pela nova holding.
O que acontece é que, com a criação da AmBev, os acionistas controladores da Brahma e da Antarctica substituíram o controle direto das respectivas empresas pelo controle indireto.
A Fundação Antonio e Helena Zerrenner, que controla a Antarctica, integralizou todas as suas ações -88,09% do capital votante e 87,91% do capital total- na AmBev. O mesmo fizeram os sócios da GP Investimentos, que colocaram 55,08% do capital votante e 21,17% do capital total da Brahma dentro da AmBev.


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