São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

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Vale aumenta a produção, mas vê gargalo em energia

Meta é produzir mais 30 milhões de toneladas de minério de ferro em dois anos

Além do gargalo portuário, empresa enfrenta outro desafio, que é aumentar a produção de energia para suprir suas necessidades

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar dos gargalos em energia e logística, a Vale do Rio Doce se prepara para aumentar nos dois próximos anos sua produção de minério de ferro, principal produto da companhia, em 30 milhões de toneladas anuais e chegar a 2008 com capacidade de extração de 330 milhões de toneladas. Neste ano, produzirá 300 milhões, 12% a mais do que em 2006 (264 milhões de toneladas).
Segundo o presidente da empresa, Roger Agnelli, demanda não falta pelo minério. Ele acredita que o mercado vá se manter aquecido para o produto, o que justifica os novos investimentos, como o da mina de Serra Sul, na região de Carajás (Pará). Lá está a maior reserva de minério da companhia: 12 bilhões de toneladas.
Segundo o diretor-executivo de finanças da Vale, Fábio Barbosa, a economia mundial tem previsão de crescimento de mais de 5% em 2008 e 2009. "A demanda na China e na Índia continuará crescendo", avalia.
Diante de tal cenário, a Vale estima produzir, em 2011, 400 milhões de toneladas de minério de ferro e 500 mil toneladas de níquel -produto mais importante da Inco, empresa canadense adquirida em 2006.
"Claramente a empresa mudou de tamanho. Ela dobrou em razão da aquisição que fizemos. Foi uma aquisição bem-sucedida. Temos agora características de uma mineradora diversificada", disse Agnelli, ao comentar a alta do níquel.
O lucro da Vale saltou de R$ 6,090 bilhões no primeiro semestre de 2006 para R$ 10,937 bilhões em igual período de 2007 -alta de 79,6%. Neste ano, porém, a produção de minério foi afetada por causa das intensas chuvas nas regiões produtoras de Minas Gerais e do Pará. Ainda assim, a extração cresceu 9,7% no período.
Agnelli espera aumento no preço do minério de ferro em 2008. "A tendência é a de aumento. Só não sei de quanto. Vamos sentar à mesa [com as siderúrgicas] e negociar."

Gargalos
Apesar do cenário positivo, o executivo citou dois "desafios" da indústria de mineração a serem superados: a logística e a geração de energia. Os problemas, diz, não ocorrem só no Brasil, mas em todo o mundo.
Na Austrália, por exemplo, a empresa encontra dificuldades para aumentar a produção de carvão por falta de capacidade portuária, segundo Agnelli. No Brasil, a empresa não tem energia própria suficiente para suportar suas atividades na região Norte, onde está Carajás. A alternativa são as térmicas a carvão, como a de Barcarena, cuja licença já foi solicitada.
Para realizar novos projetos, especialmente na área eletrointensiva de alumínio, a Vale avalia a possibilidade de instalar usinas no Oriente Médio, na África e na América do Sul.
"Todos os países têm enfrentado um desafio muito grande: achar e desenvolver alternativas de energia. Nos outros países, a capacidade com potencial hídrico está praticamente esgotada. Esses países têm crescido muito com as energias a carvão e nuclear", disse Agnelli.


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