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Vale aumenta a produção, mas vê gargalo em energia
Meta é produzir mais 30 milhões de toneladas de minério de ferro em dois anos
Além do gargalo portuário, empresa enfrenta outro desafio, que é aumentar a produção de energia para suprir suas necessidades
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar dos gargalos em energia e logística, a Vale do Rio Doce se prepara para aumentar
nos dois próximos anos sua
produção de minério de ferro,
principal produto da companhia, em 30 milhões de toneladas anuais e chegar a 2008 com
capacidade de extração de 330
milhões de toneladas. Neste
ano, produzirá 300 milhões,
12% a mais do que em 2006
(264 milhões de toneladas).
Segundo o presidente da empresa, Roger Agnelli, demanda
não falta pelo minério. Ele
acredita que o mercado vá se
manter aquecido para o produto, o que justifica os novos investimentos, como o da mina
de Serra Sul, na região de Carajás (Pará). Lá está a maior reserva de minério da companhia: 12 bilhões de toneladas.
Segundo o diretor-executivo
de finanças da Vale, Fábio Barbosa, a economia mundial tem
previsão de crescimento de
mais de 5% em 2008 e 2009. "A
demanda na China e na Índia
continuará crescendo", avalia.
Diante de tal cenário, a Vale
estima produzir, em 2011, 400
milhões de toneladas de minério de ferro e 500 mil toneladas
de níquel -produto mais importante da Inco, empresa canadense adquirida em 2006.
"Claramente a empresa mudou de tamanho. Ela dobrou
em razão da aquisição que fizemos. Foi uma aquisição bem-sucedida. Temos agora características de uma mineradora diversificada", disse Agnelli, ao
comentar a alta do níquel.
O lucro da Vale saltou de R$
6,090 bilhões no primeiro semestre de 2006 para R$ 10,937
bilhões em igual período de
2007 -alta de 79,6%. Neste
ano, porém, a produção de minério foi afetada por causa das
intensas chuvas nas regiões
produtoras de Minas Gerais e
do Pará. Ainda assim, a extração cresceu 9,7% no período.
Agnelli espera aumento no
preço do minério de ferro em
2008. "A tendência é a de aumento. Só não sei de quanto.
Vamos sentar à mesa [com as
siderúrgicas] e negociar."
Gargalos
Apesar do cenário positivo, o
executivo citou dois "desafios"
da indústria de mineração a serem superados: a logística e a
geração de energia. Os problemas, diz, não ocorrem só no
Brasil, mas em todo o mundo.
Na Austrália, por exemplo, a
empresa encontra dificuldades
para aumentar a produção de
carvão por falta de capacidade
portuária, segundo Agnelli. No
Brasil, a empresa não tem energia própria suficiente para suportar suas atividades na região
Norte, onde está Carajás. A alternativa são as térmicas a carvão, como a de Barcarena, cuja
licença já foi solicitada.
Para realizar novos projetos,
especialmente na área eletrointensiva de alumínio, a Vale avalia a possibilidade de instalar usinas no Oriente Médio,
na África e na América do Sul.
"Todos os países têm enfrentado um desafio muito grande:
achar e desenvolver alternativas de energia. Nos outros países, a capacidade com potencial
hídrico está praticamente esgotada. Esses países têm crescido
muito com as energias a carvão
e nuclear", disse Agnelli.
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