São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

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Importações superam US$ 10 bilhões

Com câmbio favorável, compras externas batem recorde em um único mês; superávit cai para US$ 3,3 bi

No ano, saldo acumulado é de US$ 23,985 bi; apesar do dólar barato, governo eleva estimativa de exportações em 2007 para US$ 155 bi

FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O saldo comercial recuou pelo terceiro mês seguido em julho. Influenciado pela importação recorde -que superou os US$ 10 bilhões pela primeira vez na história-, o resultado do comércio exterior caiu 12,2% ante junho, para US$ 3,3 bilhões. No ano, o superávit soma US$ 23,985 bilhões. Mesmo com a piora mensal, o governo melhorou a previsão de exportações para o ano.
Dados do mês passado revelam que o comércio exterior sente cada vez mais o efeito do dólar fraco. Em julho, as importações cresceram 15,8% ante junho e o Brasil comprou US$ 10,7 bilhões. No mesmo período, as exportações avançaram 7,63% e foram embarcados US$ 14,1 bilhões.
Em comparação a julho de 2006, o saldo comercial caiu 40%. Mas essa comparação é distorcida nesse mês porque julho do ano passado teve números acima da média em razão do retorno ao trabalho de fiscais da Receita que estavam em greve.
Independentemente dessa diferença, o ritmo das importações não assusta o governo. "Desde o ano passado, falávamos que as importações cresceriam mais que as exportações. É algo esperado diante do câmbio e da demanda interna", diz o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat.
A despeito do dólar desfavorável para a exportação, a perspectiva segue positiva, na esteira da demanda crescente da China e da Índia e a conseqüente alta de preços das commodities -como produtos brutos ou primários como soja e café.
Essa evolução fez o governo elevar a projeção das exportações. Para 2007, o Ministério do Desenvolvimento aposta em US$ 155 bilhões, contra US$ 152 bilhões do cenário anterior. Meziat classificou a cifra como "realista". "Levamos em conta que o segundo semestre não deve ter crescimento no mesmo ritmo do primeiro", disse.
"O número deverá ser atingido pelo bom desempenho das commodities. Porque, se dependêssemos dos produtos industriais, cujas exportações estão em queda, seria mais difícil", avalia o presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior), Roberto Segatto.

No limite
Mesmo com a nova previsão, Meziat admite que os setores mais dinâmicos da economia podem estar próximos ao limite, sem espaço para novas exportações. "As empresas entraram um processo de ganho de competitividade para tentar compensar o câmbio. Mas isso tem um limite."
Um dos sinais dessa deterioração é o aumento de tom do discurso das principais entidades industriais. "Se esses setores estiverem em um ponto em que não se consiga manter o dinamismo, a balança de 2008 pode ser afetada", disse Meziat.
Em reunião realizada no final de julho com o ministro Guido Mantega (Fazenda), empresários da indústria pediram a tributação para o capital estrangeiro que investe em títulos públicos como forma de conter o câmbio.


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