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Importações superam US$ 10 bilhões
Com câmbio favorável, compras externas batem recorde em um único mês; superávit cai para US$ 3,3 bi
No ano, saldo acumulado é de US$ 23,985 bi; apesar do dólar barato, governo eleva estimativa de exportações em 2007 para US$ 155 bi
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O saldo comercial recuou pelo terceiro mês seguido em julho. Influenciado pela importação recorde -que superou os
US$ 10 bilhões pela primeira
vez na história-, o resultado do
comércio exterior caiu 12,2%
ante junho, para US$ 3,3 bilhões. No ano, o superávit soma
US$ 23,985 bilhões. Mesmo
com a piora mensal, o governo
melhorou a previsão de exportações para o ano.
Dados do mês passado revelam que o comércio exterior
sente cada vez mais o efeito do
dólar fraco. Em julho, as importações cresceram 15,8% ante
junho e o Brasil comprou US$
10,7 bilhões. No mesmo período, as exportações avançaram
7,63% e foram embarcados
US$ 14,1 bilhões.
Em comparação a julho de
2006, o saldo comercial caiu
40%. Mas essa comparação é
distorcida nesse mês porque
julho do ano passado teve números acima da média em razão do retorno ao trabalho de
fiscais da Receita que estavam
em greve.
Independentemente dessa
diferença, o ritmo das importações não assusta o governo.
"Desde o ano passado, falávamos que as importações cresceriam mais que as exportações.
É algo esperado diante do câmbio e da demanda interna", diz
o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat.
A despeito do dólar desfavorável para a exportação, a perspectiva segue positiva, na esteira da demanda crescente da
China e da Índia e a conseqüente alta de preços das commodities -como produtos brutos ou
primários como soja e café.
Essa evolução fez o governo
elevar a projeção das exportações. Para 2007, o Ministério
do Desenvolvimento aposta em
US$ 155 bilhões, contra US$
152 bilhões do cenário anterior.
Meziat classificou a cifra como
"realista". "Levamos em conta
que o segundo semestre não
deve ter crescimento no mesmo ritmo do primeiro", disse.
"O número deverá ser atingido pelo bom desempenho das
commodities. Porque, se dependêssemos dos produtos industriais, cujas exportações estão em queda, seria mais difícil", avalia o presidente da
Abracex (Associação Brasileira
de Comércio Exterior), Roberto Segatto.
No limite
Mesmo com a nova previsão,
Meziat admite que os setores
mais dinâmicos da economia
podem estar próximos ao limite, sem espaço para novas exportações. "As empresas entraram um processo de ganho de
competitividade para tentar
compensar o câmbio. Mas isso
tem um limite."
Um dos sinais dessa deterioração é o aumento de tom do
discurso das principais entidades industriais. "Se esses setores estiverem em um ponto em
que não se consiga manter o dinamismo, a balança de 2008
pode ser afetada", disse Meziat.
Em reunião realizada no final de julho com o ministro
Guido Mantega (Fazenda), empresários da indústria pediram
a tributação para o capital estrangeiro que investe em títulos públicos como forma de
conter o câmbio.
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