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Fatia da Petrobras no pré-sal varia caso a caso
Projeto a ser enviado ao Congresso deve garantir participação mínima para a estatal na exploração, que pode ficar em 5%
Para o governo, direitos concedidos à estatal no novo modelo não vão afastar os investidores estrangeiros do pré-sal
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O CNPE (Conselho Nacional
de Política Energética) vai decidir, a cada edital para exploração de petróleo do pré-sal, qual
será a participação mínima da
Petrobras nos campos licitados. Além disso, vai determinar
o conteúdo nacional dos equipamentos a serem utilizados
em cada bloco de óleo.
Essa regra consta do novo
marco regulatório do setor de
petróleo, a ser entregue ao presidente Lula até o fim desta semana. Aprovado pelo petista,
será encaminhado ao Congresso na forma de três projetos de
lei, com pedido de tramitação
em regime de urgência.
Por enquanto, a tendência é
enviar um projeto garantindo
apenas a participação mínima à
Petrobras, estabelecendo ainda
que ela será a operadora única
do pré-sal. Há quem defenda,
porém, que seja fixado pelo menos o piso dessa garantia, que
pode chegar a 5%.
Órgão de assessoramento do
presidente da República na formulação de políticas e diretrizes de energia, o CNPE é presidido pelo ministro de Minas e
Energia e conta com outros seis
ministros em sua formação.
Tem ainda mais três representantes -dos Estados, do meio
acadêmico e mais um especialista em energia.
Caberá também ao CNPE definir os blocos em que não haverá leilão, com a futura estatal
do setor contratando diretamente a Petrobras para explorar o campo no sistema de partilha de produção -que irá valer para todo o pré-sal e para as
demais áreas consideradas estratégicas pelo conselho.
Segundo a Folha apurou,
nesse caso a divisão do óleo pode ficar numa relação de 70%
para a União e 30% para a Petrobras -ou 60% e 40%. Essa
definição, contudo, será feita
caso a caso, assim como a participação mínima que a estatal
petrolífera terá direito.
Participação maior
Mesmo com essa garantia
mínima de sociedade nos campos do pré-sal, a Petrobras também poderá disputar os leilões
com as outras empresas do setor caso queira aumentar essa
sua participação.
O governo não acredita que
todos esses direitos concedidos
à Petrobras no novo modelo venham a afastar os investidores
estrangeiros da exploração do
pré-sal. Primeiro porque o que
as companhias querem é ter
acesso ao petróleo para aumentar as suas reservas, independentemente da forma como isso será feito.
Um ministro lembra, por
exemplo, que o potencial do
campo de Tupi chega a uma reserva de 8 bilhões de barris.
Uma empresa petrolífera que
detenha 10% dele terá uma reserva de óleo garantida de 800
milhões de barris, sendo que no
setor um campo de 500 milhões de barris ganha a classificação de "gigante".
Além disso, a equipe de Lula
aposta que as multinacionais
não vão se importar em ter de
aceitar a Petrobras como operadora única do pré-sal. Pelo
contrário, dizem ministros,
alegando o fato de a estatal brasileira deter conhecimento e
tecnologia para explorar essas
áreas na costa. "A possibilidade
de a Petrobras errar um furo é
muito menor", diz um assessor
de Lula, numa referência a um
poço seco furado por um consórcio liderado pela Exxon.
Conteúdo nacional
O CNPE será também o responsável por ditar o ritmo de
exploração do pré-sal, tendo
como um dos parâmetros o fortalecimento da indústria naval
brasileira. Ou seja, o conselho
vai colocar os campos em licitação observando se a indústria
nacional terá condições de
atender às demandas por equipamentos, já que ele irá fixar o
percentual de conteúdo nacional em cada bloco.
Por sinal, a escolha da Petrobras como operadora única
também teve como um dos objetivos o estímulo à indústria
naval do país. A estatal brasileira, durante o governo Lula e a
pedido do próprio presidente,
buscou dar preferência a encomendas domésticas, superando
até o percentual de conteúdo
nacional exigido.
Dentro dessa política de estímulo à indústria brasileira, o
governo Lula pretende também evitar a exportação de óleo
cru. Para isso, determinou que
a Petrobras construa novas refinarias, que sejam capazes de
produzir derivados de petróleo
de alta qualidade para vender
produtos de maior valor agregado ao exterior.
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