São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

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4.000 habitantes devem ser desalojados devido à formação de lagos para usinas

DO ENVIADO A RONDÔNIA

Cerca de 400 famílias terão de ser removidas do vilarejo de Mutum, a 165 km ao sul de Porto Velho. A área será completamente inundada pela usina de Jirau, que deve começar a ser construída quando a de Santo Antônio ainda estiver pela metade. No total, as duas usinas devem desalojar 4.000 pessoas.
O casal Alcides Lima e Maria Uchôa mora e tem um salão de cabeleireiro improvisado sobre uma palafita à beira da BR-364, que corta Mutum. Eles são alguns dos que serão removidos.
Como não se trata de um terreno, mas de uma área suspensa sobre pedaços de madeira com um igarapé atrás, eles não têm a menor idéia se são elegíveis para alguma indenização.
Alcides é garimpeiro no rio Madeira e quebrou o braço trabalhando em uma draga flutuante. Está nessa vida desde 1982, onde já chegou a mergulhar no fundo escuro do rio barrento, com uma mangueira de ar na boca e sugando lama por um duto, por períodos de até cinco horas sem emergir.
Em Porto Velho, outras centenas de famílias também serão afetadas e removidas por causa da usina de Santo Antônio. Bem próxima à região do "Cai n'água", onde fica a cooperativa de pescadores da cidade, toda a família de Floriza Santos de Sá, 56, terá de deixar o local.
São 17 pessoas que dormem todas juntas em um barraco de madeira de 35 m2 construído sobre um terreno do qual não têm nenhum documento de posse. São só mulheres e crianças. Os maridos das duas filhas de Floriza, Rosenilda, 30, e Rosineide, 34, "sumiram para o Amazonas" há anos e deixaram dez filhos para trás.
A única fonte de renda desse pessoal são R$ 175 ao mês recebidos do Bolsa Família por Rosenilda e Rosineide. Entre os 13 núcleos familiares entrevistados pela reportagem, seis recebem o benefício federal, 12 demonstraram aprovação ao governo Lula e a esmagadora maioria dos seus membros votou no PT na eleição de 2006.
Em 2004, Porto Velho tinha 8.000 pessoas atendidas pelo Bolsa Família. Hoje, são 22 mil, e há outras 4.000 na fila para ingressarem no programa.


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