São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007

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Porto Velho treina 25 mil em 2 anos para atuarem nas obras

DO ENVIADO A RONDÔNIA

Administrado pelo PT, Porto Velho é um dos municípios que mais receberão verbas do PAC em termos per capita em 2007. Foram liberados R$ 500 milhões (duas vezes o Orçamento anual da cidade) para saneamento e infra-estrutura.
Porto Velho nasceu em 1907 como "porto velho dos militares", referência a uma guarnição que acampara no local durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). Passou depois a ser usado para descarregar material na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.
Iniciava-se o ciclo da borracha, e a ferrovia, que o Estado pretende recuperar com a construção das usinas, foi a espinha dorsal do plano de escoamento e exportação do produto dos seringais. Mais de 70 anos depois, Porto Velho viveria um segundo ciclo, o do ouro.
Carlos de Oliveira Silva, diretor do Departamento de Trabalho, é responsável por coordenar o Planseq, que envolve 70 cursos profissionalizantes e 12 diferentes instituições, como o Sesc e o Sesi, e um programa de aumento da escolaridade.
Segundo ele, o plano é treinar 25 mil pessoas em dois anos utilizando cerca de R$ 10 milhões em verbas federais, municipais e da empresa que vencer o consórcio para a construção das usinas. A prioridade é dada a desempregados e beneficiários de programas sociais.
Durante as inscrições, 16 mil pessoas chegaram a passar 48 horas nas filas. Maria de Jesus, 30, separada e mãe de três filhas, deixou o namorado ali um dia inteiro para conseguir vaga em um curso de informática.
Alex Melo Pereira, 27, não teve a mesma sorte. Depois de não conseguir vaga para o curso de soldador, pegou dinheiro da família e foi de ônibus a São Paulo para tomar aulas, a R$ 180 por mês, para se aperfeiçoar. "Depois de seis anos no garimpo, quero essa oportunidade com as usinas", diz.
Ainda praticamente horizontal, Porto Velho está presenciando cerca de 40 edifícios serem erguidos no momento, a maioria residenciais.
Com a expectativa de mais trabalho e salários no horizonte, a maior rede de supermercados local, a Gonçalves, também se prepara para abrir uma sexta loja em Porto Velho até o final do ano. Empregando 900 funcionários, o dono da rede, José Gonçalves, afirma que o novo investimento já era necessário, mas que a chegada das obras tornou-o prioritário.
"Estamos nos preparando e espero que toda essa movimentação acabe ajudando o povo que já está aqui, e não quem deve vir de fora", diz Gonçalves.


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