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Falta escala ao projeto nuclear brasileiro
DO ENVIADO AO RIO
A falta de escala do programa nuclear brasileiro é apresentada como justificativa
pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear)
para explicar a inexistência
de um projeto acabado de depósito de longo prazo para
rejeitos de alta atividade.
E também para não se ter
iniciado a construção de um
depósito final para os rejeitos de baixa e média atividade, que deve sair em 2018.
Esse segundo tipo de depósito abrigaria o material de
consumo com algum traço
de material radiativo incorporado na operação e na manutenção das usinas nucleares, assim como rejeitos médicos e industriais. O chamado "Repositório Nacional",
cuja construção tem início
marcado para 2014, seria similar ao de Abadia de Goiás,
onde estão guardados os rejeitos do acidente com césio,
em Goiânia, em 1987.
Suécia e Finlândia são os
únicos países que decidiram
desfazer-se em definitivo do
combustível nuclear usado,
selando-o debaixo da terra e
de rochas. Os EUA gastaram
décadas e bilhões discutindo
e licenciando o depósito final
de Yucca Mountain (Nevada), mas ele ainda não entrou
em operação.
No Brasil, o material de alta atividade continuará a ser
mantido no interior de cada
usina da central de Angra,
em piscinas -onde de resto
precisa ser mantido por no
mínimo dez anos, para resfriamento. Uma piscina externa terá de ser construída
até 2022, quando se esgotam
as capacidades dos reservatórios de Angra 1 e 2.
Para a CNEN, as piscinas
são inteiramente seguras e
podem armazenar os elementos usados por toda a vida útil da central, que pode
alcançar 60 anos. "Como Angra 3 começa a operar em
2015, em princípio só vamos
ter problemas com o local
em 2075", afirma Odair Dias
Gonçalves, da CNEN.
O presidente da comissão
descarta as preocupações
com a elevação do nível do
mar, por conta do aquecimento global. Mesmo se
houver um tsunami, assegura, não entraria água nas piscinas, que são "absolutamente isoladas do ambiente". As
paredes têm dois metros de
espessura.
"Não estávamos fazendo
um depósito de longo prazo
porque não havia a previsão
do programa nuclear. Mas isso não significa que estávamos parados. Seria irresponsável. Não é por causa da pressão do Ibama que nós
começamos a fazer alguma
coisa", diz Gonçalves.
(ML)
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