São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Ações serão lançadas após aprovação de modelo

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras prevê realizar sua operação de capitalização menos de um mês depois da aprovação do novo marco regulatório no Congresso. A operação -uma emissão de ações novas- será realizada para permitir à empresa pagar à União pelas reservas que lhe serão entregues no pré-sal e, ao mesmo tempo, levantar dinheiro para fazer investimentos.
O governo enviou ao Congresso projeto para ceder "onerosamente" à empresa até 5 bilhões de barris em reservas de petróleo no pré-sal.
A Petrobras vai emitir ações para que a parte que a União comprará dessas ações corresponda ao valor que a Petrobras precisa lhe pagar pelas reservas que recebeu. Ou seja, as reservas novas devem custar à Petrobras o equivalente a 32,2% do bolo de ações emitidas, que é exatamente a participação da União no capital na empresa.
Como consequência, também serão emitidas ações em volume proporcional aos minoritários, que têm os outros 67,8%. O dinheiro obtido com a venda dessa fatia irá para o caixa da Petrobras para investimentos. "A operação vai aumentar a capacidade de obter empréstimos da Petrobras", disse o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa.
O preço pago dependerá do número de barris a serem cedidos e da cotação do barril. "Ainda não é possível saber de quanto será essa oferta. Qualquer valor divulgado é infundado", disse o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Ele divulgou, porém, valores adotados em transações com reservas pelo mundo neste ano, entre US$ 0,77 e US$ 8,18 o barril.
Hipoteticamente, tomando uma média desses valores, de US$ 5, se a Petrobras comprar os 5 bilhões de barris, a operação chegaria a US$ 78 bilhões -ou R$ 155 bilhões. Uma empresa estrangeira será contratada imediatamente para fazer as avaliações. O governo também fará avaliação e, com a ANP, chegará a um acordo.
Barbassa disse que o volume de investimentos no pré-sal até 2013 pode ser aumentado em US$ 10 bilhões com a inclusão, em seu portfólio, das reservas que a União lhe cederá. Questionado sobre as desvantagens de ser obrigado, pela nova lei, a operar em áreas que podem não ser interessantes no pré-sal, Gabrielli ponderou: "Evidentemente, há áreas menos atraentes. Mas ser operador único tem o lado positivo, que nos dá uma vantagem incomparável. Ganharemos escala no pré-sal, reduzindo custos".
A Petrobras reforçou que não incidirão participações especiais sobre as reservas cedidas à Petrobras pela União. "Se a participação especial fosse mantida, tirariam 40% do lucro com a venda dos barris."
Gabrielli minimizou a queda das ações anteontem, como reação do mercado ao novo modelo. "Toda vez que uma empresa anuncia capitalização, o preço das ações caem."


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