São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Modelo limita produção, dizem estrangeiros

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Consultorias e bancos internacionais das áreas de energia e petróleo consideraram o modelo para a exploração do pré-sal "claramente estatizante".
Há ainda a percepção de que ele retardará o início da produção e comprometerá os volumes de extração. Com isso, opinam, o Brasil perderá investimentos em um bom momento, em que há dezenas de empresas privadas interessadas em pagar caro para entrar no negócio.
Para Christopher Garman, diretor para a América Latina da consultoria Eurasia Group, o novo modelo "atrela e casa o desenvolvimento do pré-sal à capacidade operacional da Petrobras".
"A Petrobras já tem um plano ambicioso de investimentos com o que já explora. O risco é o país não aproveitar o bom momento que vive hoje, quando há grandes empresas [de petróleo] querendo entrar", diz Garman.
Já a empresa de análise de risco Standard & Poor's avalia que o Brasil poderá encontrar restrições, do ponto de vista do financiamento da Petrobras, que acabarão obrigando a uma mudança mais à frente no próprio modelo.
"O Brasil pretende ter mais controle sobre grandes descobertas, mas desafios técnicos e financeiros poderão forçar uma participação de diversas empresas estrangeiras do setor de petróleo", avalia a S&P, dos EUA.
Para o analista Frank McGann, do Bank of America, a tendência de longo prazo para os resultados da Petrobras é bastante animadora. "O acesso da Petrobras a fontes de recursos e a forte perspectiva de lucros no médio e longo prazos devem levar a resultados acima da média do mercado nos próximos 12 meses", diz.
Para explorar o pré-sal, a Petrobras pretende se capitalizar em até R$ 100 bilhões. Isso também aumentará a parcela da União no capital total da empresa, hoje de 32% (fato que não lhe proporciona a maior parte dos lucros). O governo tem a maioria do capital com direito a voto na companhia.
Garman destacou como ponto positivo o fato de que a Petrobras não acabará envolvida diretamente em programas sociais financiados com o dinheiro do pré-sal. "É um caso diferente da [venezuelana] PDVSA", diz.


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