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Lula afirma que oposição joga contra o país
Ao comentar resistência ao projeto do pré-sal, ele diz que oposição "está sempre achando que as coisas não devem dar certo"
Petista diz ainda que a decisão de enviar projeto
ao Congresso em regime
de urgência foi tomada com partidos da base aliada
DENYSE GODOY
ANA FLOR
ENVIADAS ESPECIAIS A VITÓRIA (ES)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a oposição
pela ameaça de obstruir a tramitação do projeto do modelo
de exploração do pré-sal.
"Quem é oposição -e eu fui
por muito tempo- está sempre
achando que as coisas não devem dar certo, que as coisas devem demorar, porque acham
que, se não acontecer, quem
perde é o governo. Eu acho que,
se não acontecer, quem perde é
o povo brasileiro. Não podemos
jogar fora essa oportunidade. A
gente não pode nem ser precipitado nem ser lento", frisou
Lula em evento em Vitória.
Ele disse que o envio em regime de urgência do projeto de lei
do pré-sal ao Congresso foi decidido em acordo com os líderes da base aliada e que o governo tem papel "como o de uma
mãe, que trata todos [os filhos]
com carinho", ao referir-se à
distribuição dos royalties que
serão cobrados no pré-sal.
"Perguntei se devíamos mandar MP [medida provisória],
projeto de lei ou projeto de lei
constitucional. Por unanimidade, pediram para fazer projeto
de lei com urgência", disse Lula
após encontro de empresários
brasileiros e alemães.
No regime de urgência, Câmara e Senado têm no máximo
45 dias cada um para votar o
projeto. Passado o prazo, a pauta é obstruída (outros projetos
não podem ser votados).
Os governadores capixaba,
Paulo Hartung (PMDB), de São
Paulo, José Serra (PSDB), e do
Rio de Janeiro, Sérgio Cabral
(PMDB), haviam combinado
na madrugada de segunda-feira
com Lula que não haveria urgência no encaminhamento
das propostas para dar mais
tempo aos debates.
Mas Lula comunicou a mudança de planos algumas horas
depois e, ontem, também rebateu a argumentação dos Estados. "Já estamos há um ano trabalhando esse projeto, ele não é
de agora, é de outubro do ano
passado. Agora, a bola é do
Congresso, a vez é deles. Quem
sou eu, um humilde presidente,
para ter qualquer interferência.
Os deputados têm que ter consciência de que eles é que vão dizer qual é o tempo que querem
para fazer a discussão."
Apesar da mudança de ideia
de Lula, Hartung elogiou a proposta final, parabenizou o presidente e o exaltou como um
"líder que cultiva a democracia
como valor e pratica a política
com tolerância".
Na sua vez de discursar, chamando-o de Paulinho, Lula respondeu que "não poderia ter sido diferente". "O papel do governo é como o de uma mãe,
que trata todos com carinho,
com amor. Não pode faltar nada pra ninguém, e jamais uma
mãe ia descobrir um filho para
cobrir outro. Tem que aumentar o cobertor ou colocar todo
mundo mais juntinho para que
recebam a caloria necessária
que advém dos recursos", afirmou, referindo-se à distribuição da receita do pré-sal.
"Como a parcela reservada à
União será distribuída entre
educação, cultura e ciência e
tecnologia, o dinheiro "que
nunca pensamos ter servirá para fazer uma revolução nos próximos 20 anos no país", acrescentou o presidente.
A jornalista DENYSE GODOY viajou a convite da
CNI (Confederação Nacional da Indústria).
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