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FINANCIAMENTO
Política do BNDES visa dar juro menor a companhias brasileiras
"Privilégio" para empresa nacional pode ser ampliado
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) pretende ampliar a concessão de empréstimos a juros reduzidos para empresas de capital
nacional. Atualmente, empresas
nacionais e estrangeiras pagam as
mesmas taxas de juros, com exceção apenas de companhias instaladas em regiões menos desenvolvidas do país.
A medida foi apresentada pelo
presidente do BNDES, Carlos Lessa, durante encontro com a diretoria da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília.
A nova regra será analisada pela
diretoria do banco até dezembro e
deve entrar em vigor em 2004.
Os empréstimos concedidos pelo BNDES são corrigidos pela
TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo, hoje em 11% ao ano), fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), mais uma taxa adicional, chamada de "spread".
Atualmente, tanto empresas nacionais e estrangeiras pagam um
"spread" mínimo de 3%. A exceção fica por conta das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
onde empresas nacionais têm
preferência e pagam um "spread"
mínimo de 2%.
Com a mudança, empresas nacionais de grande porte pagarão
"spreads" que variam entre 3% e
4,5%. Grandes multinacionais,
por sua vez, pagarão entre 4% e
6,5%. As taxas devem vigorar em
todo o país.
Em documento produzido após
o encontro com a CNI, o BNDES
diz que as alterações "têm como
objetivo refletir a nova estratégia
de atuação do banco, bem como
ajustá-la à política do governo".
Lessa afirma que, com as mudanças, o "spread" médio cobrado pela instituição vai cair de
5,5% para 4,5%.
"Reduzimos ao máximo, mas
garantindo que o banco continue
rentável", diz Darc Costa, vice-presidente do BNDES.
Prazos
Além da queda nas taxas, o banco também deve passar a fixar
prazos para analisar os pedidos de
empréstimos que chegam às suas
mãos. Com a medida, o BNDES se
comprometerá a analisar os projetos apresentados pelas empresas e a apresentar uma resposta
em, no máximo, 210 dias. "Trata-se de uma mudança substancial",
disse Lessa.
Segundo Costa, atualmente alguns projetos chegam a ficar mais
de cinco anos presos na burocracia estatal antes que os recursos
possam ser liberados. O presidente da CNI, deputado Armando
Monteiro Neto (PTB-PE), aprovou a iniciativa.
O BNDES, maior banco de desenvolvimento latino-americano,
é uma das poucas fontes de financiamentos de longo prazo no país.
Com orçamento de R$ 34 bilhões
neste ano, foi apelidado de "hospital" por salvar setores em crise.
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