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São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003

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FINANCIAMENTO

Política do BNDES visa dar juro menor a companhias brasileiras

"Privilégio" para empresa nacional pode ser ampliado

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pretende ampliar a concessão de empréstimos a juros reduzidos para empresas de capital nacional. Atualmente, empresas nacionais e estrangeiras pagam as mesmas taxas de juros, com exceção apenas de companhias instaladas em regiões menos desenvolvidas do país.
A medida foi apresentada pelo presidente do BNDES, Carlos Lessa, durante encontro com a diretoria da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília. A nova regra será analisada pela diretoria do banco até dezembro e deve entrar em vigor em 2004.
Os empréstimos concedidos pelo BNDES são corrigidos pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo, hoje em 11% ao ano), fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), mais uma taxa adicional, chamada de "spread".
Atualmente, tanto empresas nacionais e estrangeiras pagam um "spread" mínimo de 3%. A exceção fica por conta das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde empresas nacionais têm preferência e pagam um "spread" mínimo de 2%.
Com a mudança, empresas nacionais de grande porte pagarão "spreads" que variam entre 3% e 4,5%. Grandes multinacionais, por sua vez, pagarão entre 4% e 6,5%. As taxas devem vigorar em todo o país.
Em documento produzido após o encontro com a CNI, o BNDES diz que as alterações "têm como objetivo refletir a nova estratégia de atuação do banco, bem como ajustá-la à política do governo".
Lessa afirma que, com as mudanças, o "spread" médio cobrado pela instituição vai cair de 5,5% para 4,5%.
"Reduzimos ao máximo, mas garantindo que o banco continue rentável", diz Darc Costa, vice-presidente do BNDES.

Prazos
Além da queda nas taxas, o banco também deve passar a fixar prazos para analisar os pedidos de empréstimos que chegam às suas mãos. Com a medida, o BNDES se comprometerá a analisar os projetos apresentados pelas empresas e a apresentar uma resposta em, no máximo, 210 dias. "Trata-se de uma mudança substancial", disse Lessa.
Segundo Costa, atualmente alguns projetos chegam a ficar mais de cinco anos presos na burocracia estatal antes que os recursos possam ser liberados. O presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), aprovou a iniciativa.
O BNDES, maior banco de desenvolvimento latino-americano, é uma das poucas fontes de financiamentos de longo prazo no país. Com orçamento de R$ 34 bilhões neste ano, foi apelidado de "hospital" por salvar setores em crise.


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