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POLÊMICA
Partido pede que STF declare inconstitucional medida provisória que libera plantação; julgamento não tem data definida
PV quer veto a plantio de soja transgênica
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PV (Partido Verde), que integra a base do governo, entrou ontem no STF (Supremo Tribunal
Federal) com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
contra a medida provisória que liberou o plantio de soja transgênica na próxima safra.
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, nomeado
para o cargo pelo presidente Lula,
está para receber estudo de procuradores contrários à medida e
decidirá até segunda-feira se também a contesta judicialmente por
meio de uma ação desse tipo.
Representantes do PV, como o
deputado Sarney Filho (MA), foram ao STF entregar a ação no
protocolo do tribunal. Eles estavam acompanhados de deputados de outros partidos que são ligados a grupos de defesa do ambiente e de integrantes do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra), também contrários à liberação do plantio.
A ação pede a suspensão imediata da vigência da medida provisória. A concessão ou não da liminar será decidida pelo plenário,
composto por 11 ministros, em
data ainda não marcada. A relatora será a ministra Ellen Gracie.
O PV argumenta que, sem essa
suspensão imediata da medida, as
plantações de soja transgênica
poderão ser iniciadas e de nada
adiantará o STF declará-la inconstitucional posteriormente,
no julgamento do mérito da ação.
O partido apresentou dois argumentos básicos sobre a suposta
inconstitucionalidade da medida.
Um deles é que o governo teria
desrespeitado a independência
dos Poderes da República, porque
a medida se confrontaria com a
sentença da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília que proíbe o
plantio de soja transgênica.
O outro argumento é sobre a suposta necessidade de haver estudo prévio de impacto ambiental
para o cultivo desse produto. A
Constituição estabelece essa exigência no caso de "instalação de
obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do ambiente".
A medida provisória nº 131, editada na semana passada, liberou,
com restrições, o plantio de soja
transgênica para quem tinha estoque de sementes modificadas geneticamente. A liberação vale
apenas para a safra que começou
a ser plantada ontem.
Manifestação
Senadores, deputados federais e
estaduais, vereadores e entidades
da sociedade civil divulgaram ontem, na Câmara dos Deputados,
uma nota pedindo a revogação da
medida provisória.
Os principais argumentos utilizados são a necessidade de estudo
de impacto ambiental antes da liberação, a possibilidade de contaminação da próxima safra devido
à suposta dificuldade de fiscalização, e a perda de mercados como
a China e a Europa, que preferem
plantios convencionais.
"Completamente diferente do
espírito da medida provisória nº
131, o programa de governo do
candidato Lula foi bastante claro
ao estabelecer o compromisso de
"assegurar a realização de estudos
de impacto ambiental, aferindo
os impactos do eventual ingresso
do Brasil no grupo de nações que
praticam cultivos com sementes
transgênicas, e de estabelecer
ações integradas de controle, fiscalização e repressão a plantios
clandestinos no país'", diz a nota.
O documento é assinado por
parlamentares do PT, do PMDB,
do PV e do PSB, além de entidades como Greenpeace, Via Campesina e MST.
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