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São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003

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PR e SC discutem criar "zona livre"; RS reage

DA AGÊNCIA FOLHA

A discussão em torno da possível criação de uma zona livre da plantação de grãos transgênicos nos Estados do Paraná e de Santa Catarina causou reação do governo do Rio Grande do Sul.
Enquanto paranaenses e catarinenses analisam supostas vantagens econômicas com a produção de alimentos sem modificação genética, gaúchos apostam que os produtores irão rejeitar determinações contrárias à liberação do cultivo de sementes transgênicas.
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse que sua rejeição à soja transgênica tem motivação econômica. O grão natural, segundo ele, tem uma aceitação universal e é uma das exigências para a abertura do mercado paranaense para a China, que acena com um acordo de importação do produto para os próximos dez anos.
Requião vem afirmando, desde a semana passada, quando o governo federal liberou o plantio de sementes transgênicas, que vai proibir a exportação do grão modificado pelo porto de Paranaguá.
A Assembléia Legislativa do Estado discute lei específica que regule o plantio, a comercialização e a exportação de produtos transgênicos, como já existe em Santa Catarina.
Apesar de não querer polemizar com o governo gaúcho, o secretário da Agricultura de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, afirmou que ter o Estado livre de produção de transgênicos pode ser economicamente interessante.
"O alimento livre da transgenia tende a ganhar força no mercado como uma opção para o consumidor, que vai pagar por isso. Se vai ser mais caro ou não, ainda é cedo para afirmar. Reconheço que podemos ter um ganho encampando uma frente pela não-plantação de transgênicos, mas ainda é preciso fazer um debate profundo sobre produtividade", declarou o secretário.
Pelo menos por enquanto, o governo catarinense não vai liberar a plantação de sementes geneticamente modificadas. "A recomendação que tenho do Ministério Público do Estado é para respeitarmos a lei estadual que proíbe a plantação de grãos transgênicos e assim será feito", disse Sopelsa.
O secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Odacir Klein, disse duvidar que produtores catarinenses e paranaenses sigam a determinação dos governos caso eles queiram criar uma área livre de transgênicos.
"Os produtores são a favor dos transgênicos", afirmou, salientando que, por isso, não teme o isolamento gaúcho na questão.
Caso haja a criação de uma zona livre, o Rio Grande do Sul poderia perder alguns mercados que querem produtos não-transgênicos, como países europeus -tradicionais importadores da produção gaúcha.
"Como eles vão comprovar se o produto é ou não transgênico? Como será a fiscalização?", questiona Klein. O governador Germano Rigotto (PMDB), que está em viagem pela Europa, é um dos principais defensores dos transgênicos. (MARI TORTATO, LÉO GERCHMANN E JAIRO MARQUES)


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