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Folhainvest
Acaba pedágio da conta-investimento
Quem tinha recursos antes da entrada em vigor da conta, em 2004, não vai pagar CPMF na transferência de aplicações
Com a conta-investimento,
clientes passaram a poder
movimentar seus recursos
aplicados em fundos sem
fazer pagamento de CPMF
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a chegada de outubro, a
conta-investimento completa
dois anos. E essa efeméride traz
aos investidores o último benefício previsto nas regras que
instituíram a conta.
A notícia é boa para os investidores, de qualquer categoria,
que tiveram paciência e mantiveram intocadas suas aplicações nos últimos dois anos.
Agora será possível migrar para
a conta-investimento e, na seqüência, para outras aplicações, sem o ônus da CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira),
que é de 0,38%.
Até o fim de setembro, quem
era titular de investimentos feitos antes da entrada em vigor
da conta-investimento (em outubro de 2004) tinha de pagar
CPMF na primeira transferência dos seus recursos -esse é o
pedágio que deixa de existir.
"É mais um benefício que o
investidor passa a ter", afirma
Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do
ABN Amro Real. "E quem ficou
esses dois anos sem mexer na
aplicação é favorecido também
pelo IR menor", diz. "Cresceram as facilidades para se movimentar recursos entre diferentes aplicações mas, ao menos por enquanto, o mercado
não sentiu um boom."
Pela tabela regressiva do IR
(Imposto de Renda), que passou a vigorar no ano passado, o
investidor que não mexer em
uma aplicação em um fundo
por dois anos ou mais paga 15%
de IR. Para quem decide mexer
antes em suas economias, a alíquota de IR é bem maior.
Segundo a tabela regressiva
que calcula o Imposto de Renda
que incide sobre os fundos de
investimento, sacar o dinheiro
rapidamente custa mais caro:
para os que resgatam as aplicações em até seis meses, a alíquota é de 22,5%; para os investimentos movimentados entre
seis meses e um ano, é de 20%;
e para um a dois anos, é de
17,5%. Ou seja: o imposto é
maior para aqueles que decidem alterar suas aplicações no
curto prazo.
Competição
Ao ser criada, a conta-investimento foi apresentada como
sendo uma nova forma de estimular a concorrência entre as
instituições financeiras.
Sem pagar a CPMF, os investidores ficariam interessados
em trocar de aplicações mais
rapidamente, fazendo com que
bancos e assets se desdobrassem para oferecer um produto
competitivo e manter o seu
cliente.
Pelas regras atuais, um investidor pode abrir uma conta-investimento em um banco mesmo sem ser cliente dele.
Por exemplo: uma pessoa pode ser correntista de um banco
e ter contas-investimento em
quantos outros desejar. Dessa
forma, fica apta a movimentar
seus recursos de um lado a outro sem ter de se preocupar
com as tradicionais tarifas bancárias, que costumam pesar
tanto no bolso.
"A conta-investimento foi
um passo importante para o
mercado. Especialmente neste
momento em que os juros estão
em queda e os investidores começam a perder a comodidade
de manterem suas economias
paradas em um fundo DI, por
exemplo", afirma o economista
da Grau Gestão de Ativos, Pedro Paulo Silveira.
Mas há analistas que afirmam que a esperada competição que a conta-investimento
proporcionaria foi praticamente anulada pela tabela regressiva de IR. Isso acontece porque
quem mudar rapidamente seu
dinheiro de um fundo a outro
paga mais IR.
Um dos pontos esperados era
que as taxas, especialmente as
de administração, que giram
em torno de 1% e 4%, fossem
reduzidas como forma de atrair
novos clientes.
Segundo Jurcevic, do ABN
Amro Real, existem pessoas em
seu banco que são apenas investidores, que têm somente a
conta-investimento. "Mas a
maioria acaba virando cliente
do banco, cria vínculos com a
instituição", afirma.
Normalmente, para ser aberta, a conta-investimento não é
cobrada. E, pelas regras que regem essa nova conta, uma pessoa pode procurar qualquer
instituição para abri-la.
Profissionais do mercado
não esperam que haja uma corrida hoje para movimentar recursos aplicados há mais de
dois anos, devido ao fim do último pedágio. Mas há a expectativa de que, com os juros em
queda e o fim da CPMF para as
movimentações entre os fundos, haja uma maior mobilidade de recursos.
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