São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Folhainvest

Acaba pedágio da conta-investimento

Quem tinha recursos antes da entrada em vigor da conta, em 2004, não vai pagar CPMF na transferência de aplicações

Com a conta-investimento, clientes passaram a poder movimentar seus recursos aplicados em fundos sem fazer pagamento de CPMF

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a chegada de outubro, a conta-investimento completa dois anos. E essa efeméride traz aos investidores o último benefício previsto nas regras que instituíram a conta.
A notícia é boa para os investidores, de qualquer categoria, que tiveram paciência e mantiveram intocadas suas aplicações nos últimos dois anos. Agora será possível migrar para a conta-investimento e, na seqüência, para outras aplicações, sem o ônus da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que é de 0,38%.
Até o fim de setembro, quem era titular de investimentos feitos antes da entrada em vigor da conta-investimento (em outubro de 2004) tinha de pagar CPMF na primeira transferência dos seus recursos -esse é o pedágio que deixa de existir.
"É mais um benefício que o investidor passa a ter", afirma Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do ABN Amro Real. "E quem ficou esses dois anos sem mexer na aplicação é favorecido também pelo IR menor", diz. "Cresceram as facilidades para se movimentar recursos entre diferentes aplicações mas, ao menos por enquanto, o mercado não sentiu um boom."
Pela tabela regressiva do IR (Imposto de Renda), que passou a vigorar no ano passado, o investidor que não mexer em uma aplicação em um fundo por dois anos ou mais paga 15% de IR. Para quem decide mexer antes em suas economias, a alíquota de IR é bem maior.
Segundo a tabela regressiva que calcula o Imposto de Renda que incide sobre os fundos de investimento, sacar o dinheiro rapidamente custa mais caro: para os que resgatam as aplicações em até seis meses, a alíquota é de 22,5%; para os investimentos movimentados entre seis meses e um ano, é de 20%; e para um a dois anos, é de 17,5%. Ou seja: o imposto é maior para aqueles que decidem alterar suas aplicações no curto prazo.

Competição
Ao ser criada, a conta-investimento foi apresentada como sendo uma nova forma de estimular a concorrência entre as instituições financeiras.
Sem pagar a CPMF, os investidores ficariam interessados em trocar de aplicações mais rapidamente, fazendo com que bancos e assets se desdobrassem para oferecer um produto competitivo e manter o seu cliente.
Pelas regras atuais, um investidor pode abrir uma conta-investimento em um banco mesmo sem ser cliente dele.
Por exemplo: uma pessoa pode ser correntista de um banco e ter contas-investimento em quantos outros desejar. Dessa forma, fica apta a movimentar seus recursos de um lado a outro sem ter de se preocupar com as tradicionais tarifas bancárias, que costumam pesar tanto no bolso.
"A conta-investimento foi um passo importante para o mercado. Especialmente neste momento em que os juros estão em queda e os investidores começam a perder a comodidade de manterem suas economias paradas em um fundo DI, por exemplo", afirma o economista da Grau Gestão de Ativos, Pedro Paulo Silveira.
Mas há analistas que afirmam que a esperada competição que a conta-investimento proporcionaria foi praticamente anulada pela tabela regressiva de IR. Isso acontece porque quem mudar rapidamente seu dinheiro de um fundo a outro paga mais IR.
Um dos pontos esperados era que as taxas, especialmente as de administração, que giram em torno de 1% e 4%, fossem reduzidas como forma de atrair novos clientes.
Segundo Jurcevic, do ABN Amro Real, existem pessoas em seu banco que são apenas investidores, que têm somente a conta-investimento. "Mas a maioria acaba virando cliente do banco, cria vínculos com a instituição", afirma.
Normalmente, para ser aberta, a conta-investimento não é cobrada. E, pelas regras que regem essa nova conta, uma pessoa pode procurar qualquer instituição para abri-la.
Profissionais do mercado não esperam que haja uma corrida hoje para movimentar recursos aplicados há mais de dois anos, devido ao fim do último pedágio. Mas há a expectativa de que, com os juros em queda e o fim da CPMF para as movimentações entre os fundos, haja uma maior mobilidade de recursos.


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