São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Ganhos da Bolsa no ano passam de 40%

Bovespa avança 3,1% e fecha em inéditos 62.340 pontos; Nova York também bate recorde, e dólar recua para R$ 1,81

Previsão de queda de lucro de grandes bancos menor que a esperada e discurso positivo de Greenspan impulsionam mercados

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo mostrou que o recuo do pregão de sexta não representou uma virada em seu movimento de alta. Em consonância com o ritmo dos mercados acionários mundiais ontem, a Bovespa iniciou o mês acelerada, com expressiva valorização de 3,10% e novo pico histórico, de 62.340 pontos.
A alta de ontem levou a Bovespa a passar a acumular ganhos de 40,17% no ano.
Em Wall Street, o dia também foi de recordes: o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, subiu 1,38% e foi a inéditos 14.087 pontos. A Nasdaq se valorizou em 1,46%.
Na Europa, os ganhos foram menos intensos: altas de 0,77% em Frankfurt e 0,61% em Londres. Entre os latino-americanos, houve apreciação de 1,98% na Bolsa de Buenos Aires e de 1,85% na do México.
As Bolsas repercutiram ontem positivamente declarações do ex-presidente do Fed (BC dos EUA) Alan Greenspan, que disse ver sinais de que a crise nos mercados está se acalmando (leia texto ao lado).
Grandes bancos mundiais, como o Citigroup, o UBS e o Credit Suisse, divulgaram ontem estimativas de perdas para seus resultados do terceiro trimestre, decorrentes da crise do setor de crédito imobiliário norte-americano, que começou a afetar os mercados no final de julho. Mas não estragaram o bom humor dos investidores, que esperavam previsões piores (leia à pág. B5).
Ontem, o Merrill Lynch recomendou a seu clientes comprarem ações dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). "Acreditamos que o melhor potencial de alta nos mercados emergentes continua nesses países."
A recente escalada da Bovespa tem tido participação relevante na movimentação feita pelos estrangeiros. O saldo mensal das operações desse segmento, que é a categoria que mais negocia na Bolsa, estava positivo em R$ 2,79 bilhões no dia 26, a melhor cifra em um mês desde fevereiro de 2005.
O cenário para o mercado acionário segue positivo, segundo analistas, e terá na próxima reunião do Fed seu próximo ponto nevrálgico.
Nesse momento, diante de dados que têm mostrado uma economia americana mais fraca que o esperado, o mercado já começa a trabalhar com a expectativa de que a taxa básica dos EUA caia novamente. A recuperação do mercado das perdas desencadeadas pela crise imobiliária começou a se acelerar após o Fed reduzir os juros de forma mais forte que as projeções majoritárias, de 5,25% para 4,75%, no último dia 18. O Fed se reunirá novamente no fim deste mês.
"Continuo otimista com a Bolsa também para 2008. E, se vier o "grau de investimento", o cenário se torna ainda mais favorável", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
O que o investidor deve sempre lembrar é que, mesmo em momentos favoráveis, a Bolsa está sujeita a pregões de quedas, como o de sexta passada.
As ações da Vale do Rio Doce, uma das favoritas dos estrangeiros, voltaram a ter considerável valorização, ajudando a impulsionar a Bolsa. No pregão de ontem, a ação PNA da companhia subiu 6,51%, e a ON, 5,89%. Perspectivas de elevação expressiva nos preços de minério de ferro em 2008 têm atraído investidores ao papel.
O presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, afirmou que a Vale superou ontem a IBM em valor de mercado e se tornou a 31ª maior empresa do mundo. Ele atribuiu o desempenho à disciplina financeira da companhia, ao mercado forte impulsionado pela China e à aquisição da produtora de níquel canadense Inco.
Enquanto a Bovespa tem quebrado seguidos recordes de pontuação -os pontos representam o valor das ações negociadas no pregão-, o dólar tem descido a seus mais baixos valores em anos. A moeda recuou 1,31% ontem e caiu para R$ 1,81, sua mais baixa cotação desde 15 de agosto de 2000.
No mercado, espera-se que o BC volte a atuar, comprando dólares, a qualquer momento.


Colaborou a Sucursal do Rio


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