Grandes instituições internacionais contabilizam perdas com crise no crédito imobiliário

Citigroup disse esperar que a receita no terceiro trimestre fique em US$ 2,2 bilhões, ante US$ 5,51 bilhões no mesmo período em 2006

ERIC DASH
JULIA WERDIGIER
DO "NEW YORK TIMES"

O Citigroup lançou um alerta quanto aos seus resultados, estimando queda de 60% em seu lucro no terceiro trimestre devido à contabilização de prejuízos com títulos lastreados por títulos de crédito imobiliário de risco ("subprime") e em empréstimos relacionados a tomadas de controle acionário.
O UBS, maior banco europeu, também anunciou uma projeção de prejuízo inesperado no terceiro trimestre, devido à redução em US$ 3,42 bilhões no valor de títulos lastreados por hipotecas, e anunciou uma reformulação em seu quadro de executivos. Já o Credit Suisse afirmou ter sofrido "impacto adverso" da crise nos mercados, mas disse que espera um lucro de US$ 860 milhões no terceiro trimestre.
Apesar de negativas, as perspectivas para o resultado das instituições foram menos pessimistas do que o esperado, o que animou os mercados. A divulgação da previsão de queda também reduziu a incerteza de parte dos investidores, que agora afirma que a pior parte da crise já passou.
O UBS disse que planeja demitir 1.500 funcionários e que o vice-presidente financeiro e o presidente da divisão de investimento renunciarão aos seus cargos. A instituição disse que o prejuízo no terceiro trimestre ficou entre 600 milhões e 800 milhões de francos suíços.
O Citigroup disse esperar que a receita no terceiro trimestre fique em US$ 2,2 bilhões, ante US$ 5,51 bilhões no mesmo período em 2006, devido a contabilização de perdas relacionadas a aquisições alavancadas, resultados desfavoráveis em operações de renda fixa e a deterioração de títulos lastreados por hipotecas que incluíam empréstimos ruins no mercado "subprime".
"Os resultados que esperávamos no terceiro trimestre claramente não serão atingidos", disse Charles Prince, presidente do Citigroup. "O declínio na receita foi gerado principalmente pelo mau desempenho nas atividades de crédito no mercado de renda fixa, pela contabilização de prejuízos em transações de empréstimo alavancadas e por altas no custo de crédito ao consumidor."
O alerta de problemas na instituição surge em um momento no qual outras empresas de Wall Street, como Merrill Lynch e Bank of America, já deram a entender que terão sérias quedas em seus lucros.