São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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BNDES pede ampliação de recursos a Lula

Em evento, presidente do banco reivindica elevação da capacidade de empréstimos para atender demanda das empresas

Lula afirma, em discurso, que país "nunca esteve tão arrumado como agora'; para ele, Brasil "acordou do coma" depois de três décadas

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) quer mais recursos para ampliar sua capacidade de financiamentos. Durante almoço, o presidente do banco, Luciano Coutinho, fez o pedido a Lula. Com projeções, ele mostrou que, para manter sua atual participação nos investimentos privados, os desembolsos do BNDES devem somar R$ 70,5 bilhões em 2008.
O presidente mostrou-se simpático à proposta, que será avaliada nos próximos dias pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. De acordo com Coutinho, uma nova capitalização do banco está sendo estudada para este ano ou para 2008.
"O patrimônio de referência [que serve de parâmetro para o que o BNDES pode emprestar] do banco cresce naturalmente com a capitalização. Nós estamos em conversações com o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro para capitalizar, remeter dividendos e receber em troca alguma capitalização, o que termina subindo o patrimônio de referência. Estamos negociando se isso será feito neste ano ou no próximo ano, mas é algo em torno de R$ 3 bilhões. É uma das possibilidades, uma operação nos moldes da que fizemos em 2006."
Em 2007, o patrimônio de referência do BNDES foi elevado de R$ 24,3 bilhões para R$ 30,5 bilhões. Com o aumento do patrimônio de referência, os limites de exposição do banco serão elevados na mesma proporção. Assim, o BNDES poderá emprestar mais para setores que estavam próximos do limite de concessão de crédito.
Após a reunião, Lula participou da solenidade que festejou a contratação pelo banco das 24 primeiras operações de apoio a cooperativas de catadores de materiais recicláveis, no valor de R$ 16,4 milhões.
O presidente ficou com os olhos marejados em duas ocasiões. A primeira vez, no discurso de Luciano Coutinho. Minutos antes, Lula vira o auditório cantar em coro o "Hino Nacional dos Catadores". Voltou a lacrimejar no discurso de Roberto Laureano da Rocha, presidente da União Nacional dos Catadores, que falou que a categoria já não come melancia podre, mas arroz com feijão.
Em discurso, o presidente afirmou que o Brasil "nunca esteve tão arrumado como está agora" e que economistas da oposição com "um mínimo de honradez" deveriam reconhecer isso em público. " Qualquer economista de bom senso, por mais oposição que seja (...) tem que dizer publicamente que este país nunca esteve tão arrumado como está agora".
"Esse país durante três décadas foi governado como se fosse um país em uma eterna UTI, em estado de coma, tomando antibiótico pela veia, pela boca. Parecia em estado terminal. Sabe aquelas pessoas que vivem no tubo a vida inteira até morrer? O país estava assim. Nós conseguimos acertar o remédio." Ao acertar o remédio, ainda no dizer de Lula, "o paciente acordou do coma, levantou, recebeu alta do hospital".


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