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Economistas pedem medidas com rapidez
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos conversa, mais atitude. Se o governo Luiz Inácio
Lula da Silva agora reconhece
que a crise americana pode
atingir o Brasil com intensidade maior, é preciso agir rápida e
eficientemente para que o país
consiga atravessar as turbulências com o mínimo possível de
perdas, alertam economistas.
Não há unanimidade sobre
os ajustes a serem feitos, mas as
principais medidas citadas pelos especialistas são o corte dos
juros, o aumento do superávit
primário, a redução do recolhimento compulsório sobre depósitos à vista e a diminuição
dos gastos públicos.
"Os fundamentos da economia brasileira continuam ótimos. Mas até um carro blindado pode capotar, no meio de um
tiroteio, dependendo da habilidade do motorista", compara
Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria.
"Os indicadores ainda refletem o bom desempenho de
2007, mas o país já foi afetado
pela crise. Caso não sejam tomadas providências, em 2009
vamos sofrer mais."
A dificuldade que as empresas nacionais estão encontrando para tomar empréstimos é o
primeiro sinal de deterioração
do cenário, segundo Blanche.
"Não acho que tenha havido
negligência do governo, pois há
um atraso entre as ações políticas e as necessidades da economia. Neste momento, o Executivo deve formar uma equipe
com técnicos do Banco Central
e do Tesouro Nacional para tratar do assunto."
Na sua opinião, aumentar o
superávit primário em dois ou
três pontos percentuais do PIB
(Produto Interno Bruto) ajudaria a mandar para o mercado
uma mensagem de responsabilidade para acabar com qualquer insegurança. "O problema
de liquidez pode dar início a
uma falta de confiança que
sempre é a origem das crises."
O professor Wilson Cano, da
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), destaca a
importância de começar a cortar a taxa Selic. "Esses juros que
temos são anacrônicos e vão
piorar a desaceleração da economia. Ainda é um pouco cedo,
porém, para falar em uma crise
no país", afirma.
Fábio Kanczuk, professor da
FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de
São Paulo), aponta, no entanto,
que não houve erro no diagnóstico feito pelo Banco Central
nos últimos meses, no qual se
baseou a política de elevação
dos juros.
"A autoridade monetária
atuou corretamente ao detectar pressões. Porém, acho que
não era necessário um aperto
tão longo. Mais cedo, neste ano,
já previa que o crescimento em
2009 seria de 3%. A verdade,
agora, é que o risco de que o
avanço do país fique abaixo
desse nível está aumentando."
Pés no chão
Para Normal Gall, diretor-executivo do Instituto Fernand
Braudel de Economia Mundial,
as atuais turbulências representam um chamado à realidade após muitos meses de uma
euforia embalada por bons números de crescimento, emprego e renda no país.
"O governo precisa fazer uma
política fiscal séria, e não seguir
contratando funcionários públicos e investindo quase nada.
O gasto improdutivo tem de
acabar", afirma. "Nesse contexto [de crise mundial], Deus não
é brasileiro. O Brasil tem de se
virar como os outros países e
viver dentro das regras da economia."
De acordo com a avaliação de
Gall, o país tem de crescer de
acordo com sua capacidade para que a inflação -o maior problema brasileiro- não volte.
"Reduzir o crédito também seria recomendável."
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