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Empreiteiras acham terceirização "essencial"
Para associação de construtores, não seria possível cumprir metas do programa sem contratação de terceirizados
Já sindicato de engenheiros e arquitetos critica mudança nos procedimentos e aponta ação "temerária" por parte da Caixa Econômica
Leonardo Wen - 26.ago.09/Folha Imagem
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Operários em obra do Minha Casa,Minha Vida, em Mauá (SP)
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para Paulo Safady Simão,
presidente da CBIC (Câmara
Brasileira da Indústria da
Construção) -que reúne as
principais construtoras que
atuarão no programa-, a terceirização é um procedimento
normal, mas, no caso do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, essencial.
"Sem o auxílio dos terceirizados, que trabalham com qualidade e foram escolhidos pela
própria Caixa, não seria possível cumprir a meta fixada, de
400 mil unidades contratadas
até o final deste ano", disse.
Em uma conta imprecisa, feita a pedido da reportagem, Simão arriscou dizer que haveria
atraso de pelo menos um ano
para atingir essa meta se a mão
de obra utilizada se restringisse
apenas aos quadros do banco
estatal.
Lembra ainda que, além do
MCMV, a Caixa tem R$ 24 bilhões em outros programas de
habitação, saneamento, recuperação de imóveis usados e financiamentos de novas unidades que precisam ter andamento e, para isso, também requerem acompanhamento de profissionais da área técnica.
Até o dia 29 de setembro, a
Caixa recebeu 1.862 propostas
de empreendimentos no
MCMV, para a construção de
355.821 unidades, que somam
R$ 22,9 bilhões. Só foram contratados 343 empreendimentos, equivalentes a 78.212 unidades e R$ 5,1 bilhões.
Já o presidente do Confea
(Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia), Marcos Túlio de Melo,
engenheiro civil, vê com reservas a ordem da Caixa. Segundo
ele, os engenheiros e arquitetos
da Caixa são reconhecidos como uns dos mais capacitados
do país. "Em vez de terceirizar,
o ideal era haver uma política
para remontar o número de
profissionais de acordo com a
necessidade dos programas."
Melo diz ainda que "é indispensável que esse programa seja supervisionado por um engenheiro ou arquiteto, caso contrário será uma ação muito temerária, além de ilegal."
O presidente da Aneac (Associação Nacional dos Engenheiros e Arquitetos da Caixa), Luiz
Guilherme Zigmantas, ressalta
que a preocupação dos engenheiros do quadro nesse caso
específico é o risco da operação.
"Quanto maior a terceirização,
maior o risco", diz. Ele explica
ainda que é inviável deixar a supervisão das análises terceirizadas só nas mãos dos supervisores técnicos.
"Obras como as do PAC e do
MCMV exigem praticamente
dedicação integral. Como é que
cerca de 60 supervisores do
país vão conseguir cuidar de tudo? Isso considerando obras
que podem movimentar milhões de reais", afirma.
Mesmo com a seleção feita
pela Caixa previamente para
contratar os terceirizados, ainda há problemas. A Aneac registrou o descredenciamento
de duas empresas no ano passado. Elas foram consideradas irregulares porque, ao mesmo
tempo em que faziam análise
para definir a liberação de dinheiro pela Caixa para determinado município, elas também concorriam na licitação
municipal para executar as
obras.
(SHEILA D'AMORIM E ANDREA MICHAEL)
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