São Paulo, sexta-feira, 02 de outubro de 2009

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VINICIUS TORRES FREIRE

Aviso aos navegantes dos IPOs


Soluço do mercado de ontem alerta para os riscos de um mercado exagerado e para as incertezas deste final de ano


ANTES DE UMA rodada de IPOs, vendas de ações novas na praça, vem a calhar um tombinho na Bolsa a fim de lembrar ao público investidor que a vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito de exageros de preços. Para cima ou para baixo. Mas, além de oferecer uma reflexão sobre a brevidade dos lucros nas finanças, o dia de ontem não indicou nada de importante no mercado de ações e títulos, embora tenha sido o pior dia das Bolsas americanas desde julho.
Não se trata de dizer que uma sucessão de notícias ruins não possa girar de modo mais duradouro a biruta das Bolsas. Mas as rodadas mais importantes do campeonato começam apenas em meados deste mês, com os resultados das empresas americanas. Ou mais para o final do ano, com o resultado do jogo do consumidor nos Estados Unidos.
Os americanos gastarão menos, passado o efeito de alguns anabolizantes fiscais, entre outros? Haverá vida no mercado imobiliário dos Estados Unidos ou vê-se apenas um pulinho do gato morto? Vai ocorrer o segundo tombo na atividade econômica?
Os Estados Unidos ainda correm risco de "japanização" (de crise quase contínua, com baixíssimo crescimento por anos)? Ressalte-se que, mais importante mesmo para nós, por ora, foi o lembrete e um alerta para quem pretende comprar ações que vão ser ofertadas nas próximas semanas na Bolsa de São Paulo.
No curto prazo, os tombos podem ser muitos, ainda mais num mercado que já exagerou no otimismo. Para quem guardou na memória feliz os bons ganhos das especuladas rápidas nos IPOs de 2007, é bom se precaver.
Ontem, as Bolsas americanas se anteciparam ao risco de ver um resultado do emprego nos EUA, a ser divulgado hoje, pior do que o imaginado até anteontem (os pedidos de seguro-desemprego voltaram a subir).
Um índice que antecipa a atividade da indústria (ISM, dos gerentes de compras) subiu pelo segundo mês consecutivo, com menos intensidade, decerto, e "menos que o esperado". Isto é, subiu menos que o estimado pela média dos economistas do mercado, embora seja perfeitamente razoável esperar que a recuperação americana seja tortuosa. Considere-se, de resto, que a economia americana, entre outras, se recuperou mais e mais cedo que o previsível no início do ano. Na verdade, o bom senso diria que os indicadores da manufatura nos EUA confirmam o fim da onda de declínio. Os financistas é que parecem ter exagerado nos preços de ações e títulos.
Têm gordura para queimar, e podem escolher este mês para fazê-lo, dadas as possíveis decepções com balanços norte-americanos, de bancos em particular, que vinham com resultados inflados (por maquiagem contábil, cortes pontuais de custos e outros ganhos não recorrentes).
O mercado está é mal acostumado e com dinheiro barato sobrando para especular.

Poupança
O pessoal do Ministério da Fazenda diz que ainda não está nada decidido a respeito do adiamento, sine die, da taxação da poupança. Isto é, o governo ainda está para discutir se desiste ou não de brigar pelo projeto no Congresso.

vinit@uol.com.br


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