São Paulo, sexta-feira, 02 de outubro de 2009

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Metalúrgicos da Embraer ameaçam entrar em greve

Trabalhadores pararam por duas horas e querem maior participação nos lucros

A empresa não confirma o recebimento do aviso de greve nem da pauta de reivindicações e afirma que não houve paralisação


ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA

Cerca de 6.500 metalúrgicos da Embraer paralisaram a produção por duas horas na manhã e na tarde de ontem em São José dos Campos (SP), segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade. Os trabalhadores, que protestam contra o cálculo da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) do primeiro semestre, ameaçam entrar em greve caso a empresa não abra negociações em 48 horas.
A Embraer não confirma o recebimento do aviso de greve nem da pauta de reivindicações do sindicato e afirma que não houve paralisação. Segundo a empresa, uma assembleia atrasou o horário de entrada dos metalúrgicos em uma hora pela manhã e à tarde.
O valor da PLR, de R$ 235 mais 0,1% do salário, foi anunciado na terça-feira pela empresa e é considerado baixo pelos trabalhadores. Segundo o sindicato, no mesmo período do ano passado os trabalhadores receberam R$ 1.126,12.
A Embraer afirma estar sofrendo os efeitos da crise, que reduziu o número de novas encomendas. Em fevereiro, cerca de 4.200 funcionários foram demitidos, o que gerou reclamações dos trabalhadores e até do presidente Lula. Em agosto, a empresa foi absolvida pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) da acusação de abuso por não ter buscado acordo antes da demissão.
A paralisação de ontem foi motivada também pelo reajuste de 4,4% concedido pela empresa em setembro. Segundo o sindicato, os empregados foram orientados, em uma reunião com os gerentes, a não esperar aumento real de salários.
"Eles argumentam que não receberam ajuda do governo, mas omitem que estão pegando muito dinheiro do BNDES", afirma o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros, referindo-se às linhas de crédito do órgão estatal para a compra de aviões executivos.
A Embraer diz que os 4,4% (inflação dos últimos 12 meses) foram concedidos antecipadamente, já que a data-base da categoria é em novembro. Segundo a Embraer, a ideia é complementar o valor do reajuste em novembro, a partir de negociações com o sindicato.

Taubaté
Também ontem, os metalúrgicos da Ford e da Volkswagen em Taubaté (SP) chegaram a acordo sobre o abono salarial, antes fixado em R$ 1.500. O novo valor, de R$ 2.800, foi proposto pelo sindicato local e será pago em parcela única.
Os trabalhadores, que haviam concluído as negociações com as montadoras em setembro, decidiram protestar após a GM conceder abono de R$ 1.950 e reajuste de 8,3% aos metalúrgicos de São José e de São Caetano do Sul. Em Taubaté, o reajuste foi de 6,53%.


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