São Paulo, sexta-feira, 02 de outubro de 2009

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Santander faz barreira para conter ação de especuladores

Na estreia das ações do banco na Bolsa, clientes só poderão negociar por telefone

CVM avalia se restrição foi informada adequadamente e se prejudica clientes do Real e do Santander; Bolsa diz que decisão é de cada corretora


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na oferta de ações do Santander, os correntistas do banco foram beneficiados com direito de preferência em caso de rateio dos papéis. O que alguns clientes não sabem é que terão de se submeter a uma restrição operacional, capaz de inviabilizar eventual "flippagem", a gíria dos pequenos investidores para a operação que consiste em entrar na oferta, embolsar um ganho rápido e vender os papéis em seguida.
Esses clientes terão de efetuar suas vendas e compras por telefone na mesa de operações das corretoras de Real ou Santander, o que pode demorar algum tempo. Ou seja, não terão acesso à comodidade do "home broker", o sistema de negociação via internet que permite efetuar operações instantaneamente. No segundo dia, porém, a ação estará no "home broker", que funcionará normalmente.
O problema é que os investidores pessoa física das demais corretoras poderão vender e comprar as ações com essa facilidade, o que pode conferir uma desvantagem para os clientes dos bancos Real e Santander.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) está analisando se há prejuízo a esses clientes e se o prospecto informou adequadamente essa situação. "A CVM está verificando o teor da informação recebida."
A informação não consta de nenhuma das 674 páginas do prospecto do Santander, percorridas pela Folha.
Para os coordenadores da operação, essa restrição pode reduzir o risco de queda dos papéis e facilitar o trabalho de estabilização de preço, que ficou a cargo do Credit Suisse.
A restrição é vista como uma espécie de "lock-up" informal, período de restrição para a venda de ações dado a executivos. Os funcionários, que foram beneficiados por prioridade na alocação e no financiamento com juros subsidiados, terão "lock-up" de 60 dias.
Procurado, o Santander não quis se manifestar, alegando que está em período de silêncio. A BM&FBovespa afirmou que o funcionamento do "home broker" é uma decisão de cada corretora. "Cada corretora tem sua própria maneira de se relacionar com o cliente e de encaminhar suas ordens. A Bolsa não bloqueia ou desbloqueia o "home broker'", disse.
As novas ações do Santander começam a ser negociadas no dia 7. O período para reserva termina no dia 5. O investidor pessoa física pode pedir reservas de R$ 3.000 a R$ 300 mil, sendo que os clientes do banco só podem efetuá-la nas corretoras do Real ou do Santander. Para efetuar a reserva, o investidor deve procurar uma corretora ou o banco do qual é cliente. As principais corretoras participam da oferta.


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