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LUÍS NASSIF
O desafio das metrópoles
Seria importante que os
prefeitos de capitais lessem
a biografia de David Rockefeller. Especialmente os capítulos
em que fala do envolvimento
da família na recuperação de
Nova York, em vários momentos críticos da história da cidade.
O exemplo é relevante para o
momento atual do Brasil. O
papel do governante de fôlego é
saber articular as diversas forças que compõem sua comunidade. No Brasil, ainda não
existe essa cultura. É como se o
espaço público fosse um, o privado, outro, e todos não fizessem parte do mesmo problema
-ou da mesma solução.
As últimas eleições criaram
uma oportunidade única para
atacar dois dos maiores problemas nacionais: a gestão pública criativa com responsabilidade fiscal e o megaproblema
das grandes metrópoles. Com
José Serra (PSDB) em São Paulo, Cesar Maia (PFL) no Rio de
Janeiro e Fernando Pimentel
(PT) em Belo Horizonte, podem-se abrir perspectivas novas para a gestão pública no
país, um novo paradigma para
tratar o grande desafio das
grandes metrópoles e o fortalecimento do municipalismo no
Brasil, com imaginação criadora e responsabilidade social.
Novos personagens estão entrando no jogo, com as ONGs
(Organizações Não-Governamentais), a criação de um padrão brasileiro de tecnologia
social, a responsabilidade social das grandes corporações,
os novos valores da qualidade,
o conceito de voluntariado.
Na gestão Itamar Franco, a
Belgo Mineira desenvolveu,
por conta própria, programa
de qualidade nos hospitais públicos mineiros. As sugestões
não foram levadas adiante
porque Itamar é Itamar. Em
Goiás, Pernambuco e muitos
outros Estados, parceria entre
governo, ONGs e empresas privadas resultaram em políticas
públicas relevantes -como o
projeto Acelera Ayrton ou o Alfabetização Solidária.
Se três prefeitos de boa cabeça, das três maiores cidades,
cada qual de um partido, se engajarem na definição de um
modelo de articulação com essas forças, mudaria a face da
gestão pública no país.
Os desafios são claros. Há
que implantar um choque de
gestão em cada cidade, em parceria com as empresas que integram a Fundação Prêmio
Nacional de Qualidade. Definem-se os institutos, departamentos que precisam ter seus
processos redesenhados, setores
que podem ser informatizados,
modelos de gestão eletrônica e
tudo o mais e convocam-se as
empresas parceiras. Depois, desenham-se indicadores de
acompanhamento de qualidade dos serviços públicos, a fim
de que os próprios prefeitos
possam ter referenciais para
aprimorar a gestão pública.
Finalmente, há que começar
a pensar nas próximas décadas. Dentro de algum tempo,
Rio e São Paulo serão uma única região metropolitana, uma
área contínua pegando todos
os municípios ao redor da via
Dutra. Os problemas atuais serão multiplicados por dez.
Esse exercício de futurologia
é fundamental para que a região não se transforme em
uma imensa Cali.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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