|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Classes A e B são maioria dos clientes da 25 de Março
Pesquisa aponta que eles são 58% dos freqüentadores da tradicional região de comércio popular do centro de SP
Levantamento mostra ainda que comprador do local é mais fiel que o de shopping e que busca
preços mais baixos
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
58% dos freqüentadores da
rua 25 de março, em São Paulo
-um dos principais pontos de
consumo popular no país-,
pertencem às classes A e B, com
renda familiar superior a R$
1.669. Quase metade cursou o
colegial -15% possuem nível
superior- e seis entre cada dez
são donos de cartão de crédito e
têm até 34 anos de idade.
Esses dados fazem parte de
pesquisa solicitada pela Giacometti Arquitetura de Negócios
e realizada em agosto pela consultoria TNS InterScience. A
idéia era desmistificar e compreender os hábitos do público
local. Foram feitas 600 entrevistas com freqüentadores
num período de uma semana.
A turma dos mais endinheirados vai de carro à região
-apesar de haver metrô e linhas de ônibus no bairro- para
gastar principalmente na compra de eletrônicos, fantasias e
jogos e games (nessa ordem em
importância de valor gasto).
O grupo de consumidores na
base da pirâmide social, a classe
D -que representa só 9% dos
freqüentadores- tem perfil de
compra semelhante. Gasta
mais em acessórios para uso
pessoal, eletrônicos e jogos.
Classe A
Segundo o estudo, o público
de alto poder aquisitivo compra
no local -a classe A representa
12% dos freqüentadores, e a B,
46%. Já os revendedores varejistas ("sacoleiros") são minoria na região, apenas 10%.
O estudo vai além: afirma
textualmente que há um "desencantamento" da classe média com os shopping centers.
Preços mais elevados para os
mesmos produtos vendidos nas
ruas seria uma das explicações,
avaliam especialistas. Segundo
a União dos Lojistas da 25 de
Março e Adjacências, os preços
no local são até 60% menores
que os de shopping.
Para Valéria Rodrigues, diretora da área de varejo da TNS, o
estudo infere que há esse desencantamento por causa: 1) do
menor índice de clientes fiéis
aos shoppings em relação às lojas de rua; 2) do baixo patamar
de prestígio dos shoppings,
apontado pela pesquisa.
"Mitos"
Na avaliação de Dennis Giacometti, presidente da Giacometti, os dados mostram que
"mitos sobre a região começam
a cair". Para ele, "existe hoje
uma mesmice que é fator de estrangulamento dos shoppings".
Nabil Sayon, presidente da
Alshop (Associação Brasileira
de Lojistas de Shopping), entende que as lojas de rua "não
são um concorrente que possa
desestabilizar o setor". Ele diz
que há espaço para o crescimento dos dois mercados e será
a qualificação dos serviços e
produtos oferecidos pelos
shoppings que o farão crescer.
"Nós oferecemos ao consumidor segurança, conforto, praticidade. A classe média que vai à
25 de Março busca algum item
específico. Ou então quer adquirir produtos em grande volume, como artigos para uma
festa ou brindes, por exemplo."
Sozinha, a 25 de Março fatura
cerca de R$ 16 bilhões ao ano
em vendas para o consumidor
final, sem contar a receita com
o atacado, segundo o estudo da
TNS InterScience. Os 601
shoppings brasileiros faturam,
juntos, mais de R$ 55 bilhões
em 2005. É possível afirmar
que a 25 de Março fatura mais
que o maior shopping do país, o
Complexo Leste Aricanduva.
O levantamento da consultoria tentou ainda pontuar índice
de fidelidade do consumidor
aos locais de compra. A 25 de
Março tem a maior taxa, 91%.
Nos shoppings, esse número
atinge 82%.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Comprador de jogos é o maior fã da rua Índice
|