São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

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Outubro bate recorde de importações

País comprou US$ 416 milhões por dia útil no mês; exportações também sobem, com alta de 17% no acumulado do ano

Preço médio dos produtos exportados subiu 12% neste ano, reduzindo efeito prejudicial do câmbio; já volume cresceu só 4,5%

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As importações voltaram a bater recorde, mas a balança comercial novamente teve saldo positivo em outubro. O superávit foi de US$ 3,916 bilhões no mês passado, o que fez o resultado no ano subir para US$ 37,891 bilhões -crescimento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2005.
Em média, o país importou US$ 416,4 milhões por dia útil em outubro, maior valor já registrado nas estatísticas do Ministério do Desenvolvimento.
Já a média diária das exportações ficou em US$ 602,9 milhões -um recorde para outubro. No ano, as exportações somam US$ 113,373 bilhões, 17,3% a mais do que em 2005.
Mas o próprio governo já começa a ver esse número com ressalvas. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat, afirma que, embora os números gerais continuem positivos, alguns setores exportadores enfrentam problemas por causa do câmbio.
"O desempenho [das exportações] está sendo espetacular porque o mundo está num momento espetacular, mas temos alguns problemas no Brasil que impedem um crescimento maior", diz Meziat. Segundo ele, o setor automotivo é um dos que mais foram afetados pela valorização do real, o que torna os produtos brasileiros menos competitivos.
Entre janeiro e outubro, segundo Meziat, a quantidade de automóveis exportados caiu 9,3% na comparação com 2005, uma redução de aproximadamente 50 mil veículos nas vendas. Porém, como o preço desses produtos no mercado subiu, o valor total das exportações do setor acabou crescendo 5,8%.
Dessa forma, o efeito da valorização do real nas exportações -que é mais sentido na redução das quantidades exportadas- acaba sendo um pouco compensado pelo aumento dos preços de várias mercadorias no mercado internacional.

Preços
Na avaliação do economista Fernando Ribeiro, da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), o comportamento dos preços dos produtos da pauta brasileira de exportações deve continuar sendo determinante nos resultados da balança daqui para a frente, já que a tendência é que fatores como o câmbio não apresentem mudanças significativas por enquanto.
"O preço é o que vai fazer a diferença, para o bem ou para o mal", afirma Ribeiro. Entre janeiro e setembro deste ano, o preço médio dos produtos exportados subiu 11,9%, enquanto a quantidade efetivamente vendida ao exterior cresceu 4,5%. Para Ribeiro, as vendas ao exterior devem chegar a US$ 136 bilhões neste ano.
Ribeiro também diz que as importações devem continuar crescendo num ritmo forte, mas afirma que o resultado de outubro ficou um pouco acima do esperado e não deve se repetir na mesma intensidade nos próximos meses.
Relatório do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) ressalta que "o ritmo de expansão das importações não foi ainda maior devido à evolução moderada do nível de atividade" neste ano.


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