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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Custo do crédito à exportação dobra com crise internacional
A crise econômica internacional atingiu os exportadores
brasileiros com crédito escasso
e caro. Antes de setembro,
quando a crise se agravou, o setor pagava um juro de 5,5% ao
ano para adquirir operações de
ACC (Adiantamento de Contratos de Câmbio). Hoje, o custo subiu para 10,7% ao ano. As
informações são de levantamento da Fiesp, realizado de 24
a 28 de outubro com 46 empresas escolhidas entre as 250
maiores exportadoras do país.
As restrições para obter financiamentos já trouxeram redução de 16% no volume de
ACC captado pelas empresas.
Na pesquisa, elas informaram
que emprestavam uma média
de US$ 12,3 milhões por mês,
mas passaram a utilizar apenas
US$ 10,3 milhões com a crise.
Cerca de 67% das empresas
ouvidas afirmaram que estão
com dificuldades para captar
recursos com ACC. A pesquisa
constatou que 60% dos exportadores costumam utilizar essa
linha de crédito. "Há empresas
que conseguem financiamento,
mas o juro é tão alto que decidem por não emprestar. Nem
todos estão dispostos a pagar
mais caro", diz Paulo Francini,
diretor do Departamento de
Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
Francini estima que o volume de empréstimos via ACC
em outubro tenha ficado em
US$ 3,6 bilhões ante cerca de
US$ 5 bilhões em setembro.
Segundo ele, a paralisação
dos ACCs provoca um dano
grave para o setor exportador,
que se abastece principalmente
com linhas de crédito externas.
Sem conseguir captar no exterior, os empresários se jogam
sobre as linhas internas, o que
gera uma demanda adicional
para os bancos brasileiros.
Esse aperto no crédito para a
exportação, segundo Francini,
vai provocar uma reação em cadeia na economia. "Haverá um
estreitamento na liquidez das
empresas e os empresários terão que buscar alternativas para superar isso." As ações possíveis, no entanto, são todas negativas, como atraso no pagamento de fornecedores, de tributos ou corte de empregos.
Para Francini, além do aperto no crédito, o setor exportador enfrenta outros problemas
provocados pela crise internacional. "Ninguém remove a incerteza sobre o câmbio, a demanda internacional e a melhor definição de preços."
PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO
Anna Chaia, diretora-geral da Swarovski no Brasil, acredita que as vendas de Natal sejam 35% maiores que em 2007, mesmo com a crise. Para Chaia, os clientes da Swarovski,
que costumam passar férias no exterior, neste ano vão ficar
no Brasil e gastar aqui. "Eles vão cortar gastos, mas não com
o presente de Natal da mãe ou da esposa." Apesar de sentir o
impacto da turbulência no aumento de custos com os produtos, todos importados, a Swarovski decidiu não elevar os
preços. Para compensar as perdas, a empresa cortou gastos
com almoços corporativos, viagens e marketing. Para aquecer as vendas, Chaia mudou o foco do portfólio da Swarovski
para produtos de joalheria e não mais de decoração.
SÃO PEDRO
Xisto Vieira Filho, presidente da Abraget (associação de termelétricas), não
acredita que a redução no
consumo de energia na indústria afete o resultado do
setor. Como a estrutura de
energia brasileira se baseia
em hidrelétricas, as térmicas geralmente são acionadas quando falta oferta. "A
queda de 1% na demanda foi
insignificante para as térmicas. O que faz realmente a
diferença para ligar ou desligar usinas são as chuvas."
JOIO DO TRIGO
Bayard Lima, principal
executivo da Brascan Shopping Centers, dirá em palestra nesta semana que a crise
vai diferenciar os shoppings.
Segundo ele, há dois grupos:
os que confiaram na explosão do consumo e no crédito
ilimitado e os que basearam
suas operações em pesquisas de demanda e demográficas. Ele participa do Cityscape Latin America, evento
do setor imobiliário, que começa amanhã e vai até quinta, em São Paulo.
DO PRÓPRIO BOLSO
As empresas já falam em
cortar gastos, inclusive com
subsídios de cursos, mas as
escolas de MBA ainda não
conseguiram medir os efeitos da crise porque as matrículas dos cursos de 2009 não
encerraram. Olavo Furtado,
da Trevisan Escola de Negócios, diz que, se empresas
cortarem subsídios, os alunos podem ter problemas
para continuar no curso.
"Mas é provável que quem já
está cursando pague do próprio bolso para finalizar."
DE PASSAGEM
Governadores e prefeitos
do Mercosul debatem o Selo
Mercosul de Turismo para
regulação e qualidade de estabelecimentos turísticos. A
proposta será debatida nos
dias 6 e 7 em Foz do Iguaçu,
na "Rodada de Integração
Produtiva de Governadores
e Prefeitos do Foro Consultivo de Municípios, Estados
Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul:
Eixo Sul", coordenada pela
Secretaria de Relações Institucionais da Presidência.
"ON THE ROCKS"
Randy Millian, presidente da Diageo para América Latina, que está no Brasil para representar a Johnnie Walker na Fórmula 1, com o Movimento Piloto da Vez, de consumo responsável; para Millian, o Brasil, que é o maior consumidor mundial de uísque Red Label, está preparado para passar pela crise e vai continuar consumindo a bebida; para 2009, a idéia é trazer novas marcas, de uísques acima de 12 anos.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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