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Fabricantes de celular pressionam teles
Para evitarem perdas com a variação cambial, empresas renegociam contratos com operadoras para as vendas de Natal
Negociação afeta teles que
fizeram compras há quatro
meses; operadoras negam
que faltarão opções de
modelos sofisticados
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Reflexo da crise financeira,
fabricantes de celulares estão
tentando renegociar contratos
com as operadoras para que
não absorvam sozinhos as perdas com a variação cambial.
Essa manobra pode comprometer as entregas de Natal, especialmente para as teles que
fecharam algumas de suas
compras por contratos "abertos". Esse tipo de acordo tem
uma cláusula para que, em situações extremas, como a flutuação cambial em outubro,
ambas possam estudar formas
de dividir as perdas.
Segundo um executivo de
uma das operadoras, existe a
chance de que produtos de alto
valor agregado, como o Blackberry da RIM, sofram restrição
de entrega. "Smartphones" (celulares inteligentes) importados também estariam entre os
equipamentos contingenciados, uma forma encontrada para diminuir os "prejuízos".
Consultada, a RIM não comentou o assunto até a conclusão
desta edição.
Ainda segundo o executivo, a
prioridade seria a entrega de
aparelhos de baixo custo, outra
saída para diminuir os estragos
da desvalorização do real diante do dólar.
A renegociação dos contratos
está acontecendo porque as
operadoras fizeram suas compras de Natal há cerca de quatro meses. Naquela ocasião, a
cotação do dólar girava em torno de R$ 1,60. O problema é que
esses aparelhos serão entregues com a cotação do dólar
acima de R$ 2. Essa diferença
os fabricantes querem dividir
com as teles.
A Folha consultou todas as
operadoras e os fabricantes de
celulares. Por meio de sua assessoria de imprensa, a finlandesa Nokia foi a única a admitir
a renegociação. A vantagem para as operadoras é que a Nokia
tem fábrica no Brasil e a maior
parte da importação se refere a
componentes. A norte-americana Motorola também estaria
nessa situação, mas não quis
comentar o assunto. Para os
demais, que importam os aparelhos completos, o impacto
seria maior.
iPhone
O presidente da TIM, Mario
Cesar de Araujo, afirmou que as
compras da operadora estão fechadas até o início de 2009 e
que as variações cambiais, neste momento, não são um problema. Sua assessoria de imprensa informa que não haverá
desabastecimento, especialmente no Natal, e que as negociações para o lançamento do
iPhone estão em andamento.
Vivo e Claro afirmam que
não haverá remarcação de preços, particularmente os do
iPhone. Elas também dizem
que o estoque do telefone da
Apple será suficiente.
A Vivo fez uma compra de
200 mil unidades que estão em
estoque. Na Claro, a quantidade de iPhones adquiridos é parecida com a da Vivo, mas a entrega ocorre de acordo com o
ritmo das vendas. O primeiro
lote, com 30 mil aparelhos, foi
vendido, e, segundo o presidente da empresa, João Cox, os novos já estão nas lojas. Espera-se
aumento no preço do iPhone
para o próximo ano.
Queda nas vendas
As operadoras afirmam que a
demanda atual será mantida.
Os analistas do mercado confirmam, mas lembram que o consumidor adiará a compra com a
retração do crédito.
Araujo, da TIM, estima que o
setor chegará a 140 milhões de
linhas ativas até o final deste
ano. A previsão anterior à crise
era que as vendas de Natal levassem as teles aos 145 milhões
de linhas ativas.
De acordo com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica), para que
essa meta seja atingida, a produção de celulares deveria ser
de 81 milhões de unidades, alta
de 19%. Com 140 milhões de linhas ativas, o crescimento do
setor ficará entre 16% e 17%.
Ainda segundo a Abinee, os fabricantes já negociam reajustes
de preços com as teles para o
próximo ano.
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