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Leilão em SP cria 61 pedágios e eleva custo
Levantamento de agência do governo estadual mostra que usuário vai pagar mais, ao contrário do que sugeriam os deságios
Reajuste no trecho leste da rodovia Marechal Rondon será superior a 400%; em apenas um dos casos valor do pedágio será reduzido
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
As concessionárias vencedoras do leilão de rodovias paulistas, comemorado pelo governador José Serra (o Estado receberá R$ 3,4 bilhões nos próximos 18 meses), vão criar 61 novas praças de pedágio em São
Paulo e elevar o custo para os
usuários que transitam pela
malha. A Folha obteve com exclusividade acesso aos valores
dos novos pedágios calculados
pela Artesp (agência reguladora de transporte do Estado).
Ao contrário do que sugeriam os deságios de até 55% obtidos nos leilões da última
quarta-feira, o custo da tarifa
subirá em quase todas as rodovias licitadas, alcançando reajuste superior a 400% em um
dos casos, o trecho leste da Marechal Rondon. A exceção ficou
para o corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto, cujo valor
de uma viagem de ida e volta
baixará dos atuais R$ 27 para
R$ 13. A razão para isso foi a decisão do grupo gaúcho Triunfo,
vencedor da licitação, de tentar
tirar parte do tráfego da rodovia Presidente Dutra.
A maior elevação de custo será sentida pelos usuários do
trecho leste da Marechal Rondon, que interliga as cidades de
Laranjal Paulista e Bauru, no
centro do Estado. O valor da tarifa em viagens de ida e volta
nesse trecho passará de
R$ 7,20 para R$ 37,60, um aumento de 422,2%, de acordo
com dados da agência reguladora. O número de pedágios
passará de um para dez.
O consórcio Brasinfra, formado pelas empresas Cibe, Ascendi e Leão & Leão, venceu o
leilão do trecho com a oferta
para tarifa quilométrica de R$
0,093774, deságio de 13,09%
sobre o preço teto de R$
0,107910 fixado no edital. Esse
foi o preço geral do leilão, não o
valor do custo por quilômetro
do próprio trecho arrendado.
Segundo o secretário dos
Transportes, Mauro Arce, o
preço por quilômetro do trecho
estava defasado em todas as rodovias. Se fosse usado, não
existiria deságio no leilão.
No corredor da Raposo Tavares (que liga as cidades de Bauru, Ourinhos e Presidente Epitácio), em que o número de pedágios será multiplicado por
cinco (de dois para dez), o custo de uma viagem de ida e volta
será inflacionado em 376,1%.
Para rodar os 457,4 quilômetros de ida e volta, o valor passará de R$ 9,20 para R$ 43,80
por eixo. Um caminhão com
até nove eixos que tenha de
cruzar todo o trajeto pagará
R$ 394,20. Atualmente essa
viagem para um caminhão com
as mesmas características sai
por R$ 82,80.
Segundo dados da Artesp, o
trecho oeste da Marechal Rondon passará a ter 16 praças de
pedágio, número quatro vezes
maior do que o atual. O preço,
como nos demais trechos, vai
subir. Com a assinatura do contrato de concessão com o consórcio BR Vias SP, o valor será
de R$ 24,50. Esse valor é ligeiramente menor do que o atual,
R$ 26,50. Mas, com o cumprimento do programa inicial de
investimento, a BR Vias poderá
instalar mais 12 praças de pedágio no corredor.
Ao cruzar todo o trecho oeste
da rodovia Marechal Rondon, o
custo com pedágios passará a
ser de R$ 50,40, aumento de
105,71% em relação ao preço
pós-assinatura de contrato.
O relatório da agência reguladora mostra ainda que para o
trecho da D. Pedro, que liga
Campinas ao município de Jacareí, a elevação de custo para
os usuários será de 77,90%. A
tarifa sairá dos atuais R$ 17,20
para R$ 30,60, isso devido à
construção de novas praças de
pedágio. Hoje, são duas. Em
seis meses, serão seis.
Pedágios
Em todos esses casos, a cobrança de mais pedágio pelos
novos concessionários deixa de
ser feita num sentido só da rodovia. Todas as praças serão espelhadas, com cobrança no trecho de ida e de volta. Por isso, os
cinco lotes concedidos terão no
total 74 pedágios até meados de
2009 -13 já existem hoje.
Vale ressaltar que esse número global inclui não só os pedágios dos cinco corredores
principais (Dom Pedro 1º, Ayrton Senna/Carvalho Pinto, Raposo Tavares e trechos oeste e
leste da Marechal Rondon),
mas novas praças em rodovias
que trazem fluxos para as estradas principais. Nessas, praticamente não existiam pedágios.
A instalação de novos pontos
de cobrança deve ocorrer seis
meses depois de assinados os
contratos de concessão, o que
está previsto para acontecer
em dezembro, segundo o secretário dos Transportes de São
Paulo. Antes, as concessionárias terão de cumprir um programa inicial de investimento.
A agência reguladora será a responsável por checar o cumprimento das metas iniciais e autorizar a cobrança nas praças.
Alguns grupos que participaram do leilão se queixaram da
decisão de mantê-lo no auge da
crise. Isso pode se refletir agora
no preço do pedágio. "Para um
leilão no auge da crise, o resultado para o governo foi excepcional. Terá R$ 3,4 bilhões.
Houve até uma competição razoável, mas ninguém poderia
esperar 40 grupos competindo", disse Geraldo Villin Prado,
diretor da Odebrecht Investimentos em Infra-estrutura.
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