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Juro menor e prazo maior turbinam Natal
Indústria e comércio preveem um dos melhores finais de ano dos últimos tempos; demanda deve crescer de 5% a 20%
Com mais confiança no fim da crise, consumidor deve buscar produtos mais caros, levando até ao temor de desabastecimento no varejo
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor vai gastar
mais, comprar mais a prazo e
ter mais acesso a artigos importados neste final de ano. O aumento na demanda, previsto
entre 5% e 20% em relação a
igual período de 2008, quando
o mundo viveu o auge da crise
financeira, pode levar até à falta
de modelos e de marcas de produtos, como é o caso de televisores de LCD e de plasma.
Esse é o cenário previsto por
representantes da indústria e
do comércio e por economistas
para este último trimestre.
E o que proporciona esse ambiente mais favorável ao consumo são a melhora na confiança
do consumidor e do empresariado na economia, o crescimento do emprego e da renda, a
inflação sob controle, taxas de
juros menores, além da perspectiva de o Brasil estar entre
os países com mais potencial
para crescer no ano que vem, ficando atrás da China e da Índia.
A oferta de importados será
maior porque caiu a demanda
mundial e as sobras da produção devem ser direcionadas para os países com maior potencial de consumo, como o Brasil.
O comércio e a indústria se
preparam para dar conta do
crescimento nas vendas. As lojas elevaram em até 15% as
compras da indústria para este
fim de ano. E as fábricas aumentaram a produção -desde
abril, o uso de capacidade da indústria de transformação vem
subindo e alcançou 82,9% em
outubro, segundo levantamento do Ibre, da FGV.
Casas Bahia, Magazine Luiza, Lojas Cem, Pão de Açúcar,
PB Kids e Armarinhos Fernando elevaram estoques de mercadorias em até 20% para dar
conta de uma demanda maior.
"Este será um dos melhores
finais de ano dos últimos tempos. O principal gatilho dessa
melhora substancial do ambiente foi a tendência declinante dos juros reais desde o ano
passado", afirma Fábio Silveira,
sócio-diretor da RC Consultores. Em 2008, a taxa média real
de juros no país era de 7,2% ao
ano. Neste ano, foi a 6%, e a previsão é ficar em 4% em 2010.
Neste último trimestre do
ano, segundo previsão da RC
Consultores, a produção industrial deve crescer 6,2%; o volume de vendas do comércio,
5,1%; e a massa real de rendimento do trabalhador, 1,4%,
sobre igual período de 2008. A
LCA Consultores já estima expansão de 6,5% nas vendas do
varejo e de 4,9% na produção
industrial nesse período.
Ânimo para comprar
Novo indicador da Fecomercio-SP -o Índice de Intenção
de Consumo das Famílias
(ICF)- revela o ânimo do consumidor para comprar no final
de ano. Em setembro, o índice
atingiu 127,8 pontos, representando alta de 6% sobre agosto.
Em outubro, ficou em 131,6
pontos, o que significou 3% de
aumento sobre setembro. O
ICF considera percepção das
famílias sobre consumo, orçamento, renda e emprego.
"Por dois meses consecutivos o ICF está em alta, o que revela que o consumidor decretou o fim da crise", diz Fabio Pina, assessor econômico da Fecomercio-SP. Para ele, a segurança que o consumidor sente
ao estar empregado é o ponto
mais importante para manter a
intenção de comprar.
Diferentemente do que ocorreu no ano passado, o consumidor deve priorizar as compras
de bens de maior valor, como
eletrodomésticos, produtos
eletrônicos e veículos.
"Considerando o mesmo número de lojas, a expectativa é
vender 15% a mais neste mês e
em dezembro do que em igual
período do ano passado. A venda pela internet, que cresceu
40% sobre 2008, também puxará a expansão da rede", diz
Frederico Trajano, diretor do
Magazine Luiza.
"A prorrogação da redução
de IPI para alguns produtos da
linha branca deve favorecer
ainda mais o consumo", afirma
Valdemir Colleone, diretor da
Lojas Cem.
A Casas Bahia trabalha com a
perspectiva de aumento de
20% nas vendas -principalmente de televisores (plasma e
LCD) e computadores (PCs,
notebooks e netbooks)- neste
final de ano em relação ao mesmo período de 2008. "Se houver produtos disponíveis na indústria", informa a rede, que
considera que a indústria está
mais preparada hoje do que estava meses atrás, uma vez que
retomou turnos e contratação.
"Quando as manchetes dos
jornais não dão mais destaque
para o desemprego e melhora a
oferta de crédito, o consumidor
tem mais confiança para comprar", diz Maria Cristina Mendonça de Barros, economista
da MB Associados, que prevê
para este ano aumento de 5,5%
nas vendas do comércio e queda de 8% na produção industrial, na comparação com 2008.
"A indústria está se recuperando, mas no ano ficará abaixo de
2008", afirma a economista.
Em outubro do ano passado,
o nível de utilização da capacidade da indústria estava perto
de 85%, segundo o Ibre.
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