São Paulo, segunda, 2 de novembro de 1998

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AUTOMÓVEIS Emme Lotus investe US$ 162 mi para fabricar o 422T, com carroceria de plástico e motor turbo, que atinge 250 km/h e custa R$ 54 mil
Pindamonhangaba produz carro mais caro do país

ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local

O carro mais luxuoso e caro produzido no Brasil não sai das linhas de montagem do ABC ou de Betim, mas de uma fábrica instalada na cidade de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, a 140 quilômetros de distância da capital.
É o Emme 422T, um sedã esportivo com quatro portas, motor Lotus 910S 2.2 turbo, importado da Inglaterra, que atinge velocidade máxima de 250 km por hora. A grande novidade é a carroceria, feita de um tipo de plástico especial.
O 422T, fabricado pela Emme Lotus, está sendo exibido no estande da empresa, no Salão do Automóvel, e custa R$ 54.450. Antes dele, o carro mais caro fabricado no Brasil era o Omega, que já saiu de linha. Custava R$ 47 mil.
Sergio Ratti, diretor-técnico da Emme, diz que o 422T conta com tecnologia e design fornecidos pela Lotus inglesa. O projeto, segundo ele, foi desenvolvido no Brasil com participação de engenheiros da Lotus e da Bugatti italiana.
"Temos índice de nacionalização de peças de 87%", afirma. No futuro, o carro terá mais duas versões, com motores 2.0 feitos no Brasil.
Um tipo especial de plástico, que recebeu o nome de vextrim, substitui matérias-primas mais tradicionais, como aço ou alumínio, na fabricação da carroceria. Ratti se nega a dar mais detalhes sobre o produto. Diz que é segredo industrial.
Conta apenas que o vextrim foi desenvolvido por um consórcio europeu, que também se chama Vextrim, com sede em Mônaco.
Segundo Ratti, o uso do vextrim reduz o custo de produção e torna o carro cerca de cem quilos mais leve que veículos de tamanho equivalente, como o Omega.
A Emme é uma marca cheia de mistérios. "Decidimos fugir da imprensa até começar a produção", confessa Ratti. Há cinco anos no país, nunca fez publicidade e pouco falou sobre seus investimentos.
A empresa é controlada por um grupo de empresários estrangeiros associados ao consórcio Vextrim.
Não existem carros e fábricas Emme no resto do mundo.
Ratti diz que o projeto está sendo desenvolvido desde 93 e já foram investidos no país US$ 162 milhões. A fábrica de Pindamonhangaba, que tem 110 funcionários, foi inaugurada no início de 96, mas somente agora começou a produção em série. "A intenção era lançar o carro em 97, mas tivemos problemas com o fornecimento de alguns componentes", diz Ratti.
A produção é quase artesanal. Por enquanto, saem da fábrica apenas dois carros por dia. Em seis meses, a meta é chegar a 30 veículos por dia e iniciar a exportação para Europa e Mercosul.
"Vamos exportar 60% da produção. Um carro dessa categoria não custa menos de US$ 80 mil na Europa", explica Ratti. No Brasil, o preço de um importado do mesmo segmento chega a US$ 200 mil.
Sem fazer publicidade, a Emme recebeu 70 pedidos e já está entregando os carros. As primeiras concessionárias da marca -em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre- devem ser abertas nas próximas semanas, diz Ratti.



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