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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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GRADUALISMO

Para presidente do BC, não há visão clara sobre juros reais de equilíbrio

Meirelles diz que país cresce "no ritmo possível e seguro"

Charles Silva Duarte/"O Tempo"
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em BH


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o Brasil cresce no "ritmo possível" e "seguro" e rejeitou "medidas precipitadas, artificiais ou ineficazes" que poderiam levar o país a uma expansão de fôlego curto.
Segundo ele, "todos os indicadores econômicos mostram a economia voltada para a estabilização e o crescimento". Disse que é um crescimento "baixo, porém positivo e no azul". Falou que o Brasil "é o único país que, na história recente da humanidade, passou por uma crise" de grande proporção e "saiu crescendo um pouquinho".
Meirelles fez palestras ontem em Belo Horizonte a empresários e a executivos de finanças. Questionado sobre qual seria a taxa de juros reais de equilíbrio no Brasil -aquela que permitiria um crescimento sem gerar inflação-, Meirelles disse: "Há um conceito de taxa de juros real de equilíbrio na sociedade, mas, no Brasil, devido a uma série de desequilíbrios nos últimos anos, não há ainda uma visão muito clara de qual seria essa taxa".

Mercado determina
Sem citar números, Meirelles disse que existem dados do passado que "indicam umas taxas". E concluiu: "Ela será determinada pela realidade, pelo mercado, pelos agentes econômicos, pela expectativa de risco Brasil. Em resumo, o BC age em função dos dados da realidade. O BC não predetermina nenhuma das condições da realidade objetiva".
Meirelles disse que "não procede" a informação de que Lula passou a desejar juro menor depois de decepcionar-se com o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre e lembrou recente nota do presidente sobre a questão. "Como disse o presidente, a decisão sobre taxa de juros é exclusiva do Copom [Comitê de Política Monetária] e é feita por meio de um processo de votação livre, técnico e democrático", disse.
Ele disse que respondia aos que se "preocupam muito com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)" sobre o PIB do último trimestre, que apontou crescimento de 0,4%.
Meirelles disse que o dado diz respeito à comparação da média do segundo trimestre, quando havia queda na produção, enquanto no trimestre passado começou a haver crescimento.
"Estamos vendo uma economia crescente, que cresce mês a mês."
À noite, em discurso no Rio, voltou a falar sobre crescimento: "Não há dúvida de que existe uma série enorme de índices antecedentes que mostram com toda a clareza que a economia está em trajetória sólida e sustentável".
Aos que pedem a retomada rápida do crescimento e taxas de juros menores, disse, ainda em Belo Horizonte, que "a ansiedade é natural", mas que ela deve servir para "conduzir à maior persistência, e não a medidas precipitadas, artificiais e ineficazes".
Sobre editorial do jornal inglês "Financial Times", para quem o Brasil trilha bom caminho, mas com lentidão, Meirelles disse: "Nosso ritmo é um ritmo possível e seguro. É o ritmo que nos levará a um crescimento sustentado, evitando as arrancadas e freadas da economia brasileira".

Colaborou a Sucursal do Rio

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