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YOSHIAKI NAKANO
Revolução no mercado de capitais
O mercado de capitais é uma alternativa de financiamento a custos muitos menores do
que os juros fixados pelo BC
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APESAR DA asfixia imposta pelos preços macroeconômicos
básicos -taxa de juros e taxa
de câmbio- fora do lugar e pela carga tributária excessivamente elevada, os ventos favoráveis que vêm do
exterior estão dando fôlego e novo
ânimo aos empresários brasileiros.
Os países emergentes asiáticos e os
exportadores de petróleo têm um
enorme excesso de poupança e estão inundando o mundo com abundância de recursos a uma taxa de juros bastante baixa. Isso provocou
uma significativa queda na taxa real
de juros de longo prazo internacional e vem exercendo enorme pressão para a queda na taxa de juros no
Brasil. Com a "heróica" resistência
do Banco Central, a redução no custo do capital está ocorrendo por outras vias. Estão ocorrendo também
grandes deslocamentos nas expectativas dos empresários.
Uma das formas que os empresários encontraram para contornar os
freios impostos pelo Banco Central
e pelo nosso sistema de crédito foi a
ativação da Bovespa, que está desencadeando uma revolução no mercado de capitais. Neste ano, a captação
de recursos, pela emissão de ações,
alcançou US$ 36,7 bilhões até outubro. O valor de capitalização de mercado passou de R$ 500 milhões em
2003 para R$ 2,5 trilhões em outubro de 2007. O mercado de capitais
se tornou uma realidade e uma alternativa de financiamento dos investimentos a custos infinitamente
menores se comparados às taxas de
juros fixadas pelo Banco Central.
Mesmo que o custo de emissão de
ações seja ainda elevado, na medida
em que o valor das ações tem aumentado fantasticamente e fica
muito acima do custo de reposição
do capital físico, as empresas têm estímulo para captar recursos na Bolsa, pois essa diferença representa um ganho e um forte estímulo para
investimento produtivo.
Entretanto, como o preço de uma
ação representa o valor presente da
produção futura, se esta não se materializar por meio da acumulação
de capital físico (ou aquisição de empresas fora da Bolsa), ela é uma riqueza virtual ou uma "bolha". No
período de 2002 a 2006, enquanto a
formação bruta de capital aumentou 61%, o Ibovespa avançou 295%.
Dessa forma, para que a atual valorização das ações não entre em colapso, é fundamental que a acumulação
de capital seja fortemente acelerada
e que a economia brasileira acelere o
seu ritmo de crescimento.
Os empresários já vislumbraram
os setores que poderão liderar a aceleração do crescimento da economia brasileira. As expectativas de lucratividade estão se deslocando para
setores como habitação e infra-estrutura, que apresentam enormes
déficits, e de "ponta", como a agroenergia. Outro deslocamento fundamental na economia brasileira é a
percepção de que a incorporação
plena ao mercado das classes de renda C e D é que vai ser o elemento dinâmico que comandará a grande
aceleração no crescimento. Resta ao
governo colocar os preços relativos
macroeconômicos no lugar correto
e buscar pessoas capazes de estruturar a expansão desses setores, que
poderão liderar um novo ciclo longo
de crescimento acelerado. É preciso
ampliar, aprofundar e dar maior
consistência ao PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
YOSHIAKI NAKANO , 62, diretor da Escola de Economia de
São Paulo da FGV (Fundação Getulio Vargas), foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo no governo Mario Covas (1995-2001).
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