São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Indústrias esperam vender e lucrar mais

Consulta feita a 1.594 empresas paulistas de 12 atividades, a pedido da Fiesp, mostra otimismo dos empresários para 2008

Crescimento do emprego, da renda e da oferta de crédito leva empresários a fazer previsões otimistas; mercado externo preocupa

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI

DA REPORTAGEM LOCAL

Elevada carga tributária, taxa de câmbio desfavorável à exportação e juros altos -as principais queixas dos empresários para manter as fábricas competitivas- não devem ser obstáculos para a forte expansão da indústria no ano que vem.
Consulta feita a 1.594 indústrias paulistas de 12 setores entre outubro e novembro pela Ipsos, a pedido da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mostra que 77% das empresas devem vender mais; 66%, lucrar mais; 50%, empregar mais; e 57%, investir mais no ano que vem.
Os crescimentos do emprego, da renda e da oferta de crédito, além de prazos mais longos de financiamento para consumidores e empresas, levam os empresários a fazer previsões bastante otimistas para seus negócios ao longo de 2008.
No estudo feito pela Ipsos, os setores de fumo, madeira e móveis são os que se destacam nas previsões positivas para 2008. Das empresas ouvidas nos setores, 45% esperam aumentar em mais de 15% as vendas no ano que vem; 29%, aumentar a lucratividade em mais de 15%; 23%, elevar o emprego em mais de 15%; e 24%, aumentar os investimentos em mais de 15%.
Essa foi uma das surpresas do levantamento, na avaliação da Fiesp, já que esses setores eram os mais pessimistas quanto aos negócios neste ano. No entanto estariam sendo beneficiados pelo crédito mais facilitado oferecido pelas instituições financeiras.
Os setores de papel e celulose, açúcar e álcool, metalúrgico e de estruturas metálicas, máquinas e equipamentos, químico e automobilístico também se destacam nas previsões otimistas para o ano que vem.
"Esse otimismo para 2008 é mais baseado na realidade do atual momento do que na memória do passado. Desde 2004 não víamos tanto entusiasmo dos empresários como vemos atualmente. As indústrias estão conseguindo driblar a elevada carga tributária, a taxa cambial desfavorável e os juros altos e enxergar um futuro melhor", diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
Para os empresários, não há sinais de mudanças nas condições econômicas no mercado interno -43% das 1.594 indústrias consultadas acreditam que não haverá alterações no mercado doméstico em 2008.
"Este ano foi, na média, melhor que os últimos dois anos e a economia deu uma acelerada forte neste último trimestre. A impressão é que o Natal será mirabolante", diz Júlio Gomes de Almeida, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
O levantamento da Ipsos constatou que 63% das 1.594 indústrias ouvidas estão satisfeitas com o desempenho da economia e da empresa. Se consideradas as indústrias com mais de 300 empregados, 76% das empresas dizem estar animadas com suas performances e também com a do país.
O que preocupa os empresários é o desempenho dos negócios no exterior. Dos 12 setores consultados pela Ipsos, 9 reduziram a participação das exportações sobre a receita. As exportações representam hoje 16%, em média, do faturamento das 717 indústrias consultadas que exportam. Antes de 2005, o percentual era de 18%.
As 189 indústrias que informaram ter reduzido as vendas no mercado internacional apontam a valorização do real diante do dólar como o principal motivo para a queda de vendas no mercado externo. Em seguida, citam perda de competitividade e queda dos preços no mercado internacional.
O levantamento também constatou que as indústrias pretendem utilizar mais insumos importados nos seus produtos -41% das 607 empresas que importam informam que a expectativa é comprar mais insumos de fora no próximo ano.


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