|
Próximo Texto | Índice
Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
"Spread" custa R$ 33 bi à indústria, diz Fiesp
O "spread" bancário brasileiro custa R$ 33,4 bilhões às indústrias de transformação por
ano. Se a diferença entre a taxa
de juros cobrada pelos bancos e
a que eles pagam para captar
recursos seguisse os padrões
internacionais, esse custo cairia para R$ 7,6 bilhões, uma redução de R$ 25,8 bilhões.
As informações são de levantamento feito por José Ricardo
Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.
Apesar de o "spread" bancário brasileiro já se destacar como um dos maiores do mundo
há anos, as taxas cresceram ainda mais em razão da crise. Em
outubro, o "spread" cobrado
em todas as operações de crédito aumentou para 36,26%, 1,96
ponto percentual acima do registrado em setembro.
No crédito para as empresas,
o aumento da taxa foi de 13%
em outubro, para 29,6% ao ano.
Para a pessoa física, a alta do
"spread" foi de 3%, para 39,72%
"Os bancos estão aumentando o "spread" porque estão trabalhando com a perspectiva de
que a inadimplência vai aumentar em 2009", diz Roriz.
Segundo ele, a inadimplência
representa 37,4% da composição do "spread", o maior peso
entre os componentes. Apesar
dessa expectativa de alta, os dados de outubro apontam para
uma estabilidade na inadimplência. A taxa subiu apenas
um ponto percentual tanto para a pessoa física (7,4%) quanto
para a jurídica (1,7%).
Para Roriz, a conseqüência
da alta do "spread" é a perda de
competitividade da indústria
nacional. "Com a desaceleração
dos EUA e da Europa, grandes
exportadores mundiais com
custos de produção muito baixos vão olhar para o Brasil como uma oportunidade de mercado." Segundo ele, a diferença
do custo do capital é um dos fatores que mais prejudicam a
competitividade brasileira.
Somado o "spread" ao custo
do juro básico, os brasileiros
pagam uma taxa média de
43,2% ao ano para contrair empréstimos, aponta o levantamento da Fiesp. A média dos
juros praticados em outros 42
países pesquisados é de 9,2% ao
ano. E, se o Brasil seguisse o padrão internacional de definição
do "spread" em relação a renda
per capita, a taxa de juros ideal
para os empréstimos no país
seria de 12,4% ao ano.
Para Roriz, a sinalização dos
bancos é que o movimento de
alta dos "spreads" se estenderá
nos próximos meses. "Quando
a inadimplência do país caiu, os
bancos não reduziram o
"spread". Mas a crise mal começou e eles já subiram as taxas."
Segundo ele, o custo do capital pode ser reduzido com a
atuação do Banco Central. Ele
sugere descontos maiores nos
depósitos compulsórios e um
corte na taxa Selic. "Já passou
da hora de baixar os juros."
Até lá, o estudo sugere às indústrias que realizem apenas
investimentos indispensáveis e
evitem algumas modalidades
de crédito, como conta garantida e descontos de duplicatas.
Setor de cimento será o último a sentir a crise, diz sindicato
O setor de cimento será o último a entrar em crise e o último a sair dela, afirma o secretário-executivo do Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), José Otavio Carvalho.
Segundo ele, o setor continua
aquecido durante a crise porque as obras em andamento
ainda demandam pelo produto,
usado em todas as etapas da
construção civil. A grande dúvida do setor é sobre o número de
projetos imobiliários em 2010.
Carvalho prevê um crescimento de 15% no faturamento
do setor de cimento neste ano,
acima da projeção inicial do
Snic de expansão de 12%. Para
2009, a expectativa é de um volume de negócios até 3% maior
que o deste ano.
O início da desaceleração dos
negócios, no entanto, é esperado para o segundo semestre do
ano que vem. "Em 2009, o primeiro semestre deverá ser
mais forte do que o segundo, ao
contrário do que acontece geralmente", afirma Carvalho.
De acordo com ele, o aquecimento do setor em 2010 dependerá da oferta de crédito para a
habitação e de linhas de financiamento para as construtoras
e empreiteiras.
EMERGENTES
A Fecomercio e a ESPM
realizam hoje o evento "Os
Brics sob uma nova perspectiva", na Fecomercio,
em SP. O economista Mario Marconini, da Fecomercio, e Lívia Barbosa, da
ESPM serão mediadores.
José Goldemberg, professor da USP e presidente do
Conselho de Estudos Ambientais da Fecomercio, vai
abordar a sustentabilidade.
Marcelo Néri, do Centro de
Pesquisas Sociais da FGV,
vai falar sobre os Brics do
ponto de vista social.
LADEIRA ABAIXO
O crescimento brasileiro
poderá se aproximar de zero
no próximo ano, de acordo
com o último relatório do
Morgan Stanely que foi divulgado ontem. O documento afirma que o Brasil pode
estar mais sensível às catástrofes globais na economia
do que imaginam os analistas e economistas. De acordo com o documento, a palavra "recessão" deverá passar
a fazer parte das conversas
corriqueiras entre os brasileiros dentro de poucos meses.
TIJOLO
A Caixa Econômica Federal anuncia hoje novo recorde de investimento para
o setor habitacional. A Caixa assinará os primeiros
contratos de capital de giro
para a construção civil em
cerca de R$ 4 milhões.
GÁS
O Ministério de Minas e
Energia e os setores da cadeia produtiva do gás chegaram a um acordo. O projeto da lei do gás deve ser
votado amanhã no Senado.
FÓRUM DE LÍDERES
Será realizado hoje e amanhã em São Paulo o Fórum de
Líderes Empresariais com o
objetivo de discutir propostas
de ordens política, econômica
e social. O evento é organizado por Ozires Silva, presidente do fórum, e Luiz Fernando
Levy, presidente do conselho
curador do fórum. Participam
do encontro Luciano Coutinho, presidente do BNDES, o
economista Paulo Rabello de
Castro, Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa, entre outros. No encontro, será
criado um grande conselho
empresarial independente,
chamado Master Fórum, que
terá sua diretoria eleita em
março de 2009.
NA LATINHA
As latinhas de alumínio
disponíveis para reciclagem
estão em alta. Das latas utilizadas para reciclar, a maior
quantidade disponível vem
do consumo de cerveja, segundo Henio De Nicola,
coordenador da comissão de
reciclagem da Abal (associação do alumínio). Todos os
anos o volume aumenta de
três a quatro pontos percentuais nos últimos meses por
conta do crescimento natural do consumo da bebida
nas festas de final de ano.
Neste ano, porém, o volume
de latinhas de bebida disponível para reciclagem subiu
acima da média e antes do
período previsto, diz Nicola.
ENGRENAGEM
A Hilub, especializada em gestão de lubrificação, percebeu uma alta de 50% na demanda por seus serviços após a crise. Para Miguel Pardo, diretor de desenvolvimento e
aquisições, o segmento industrial tem procurado adiantar
a manutenção dos equipamentos, que costuma ser feita
de dezembro a janeiro. "As empresas estão parando parte
da produção por causa da crise e aproveitando o momento para fazer a manutenção das máquinas", diz Pardo.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
Próximo Texto: EUA vivem recessão desde dezembro de 07 Índice
|