São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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Petrobras pode voltar a tomar crédito em bancos públicos

Presidente da estatal afirma que decisão depende da situação das linhas externas

Gabrielli rechaça acusações de má gestão na Petrobras; Mantega (Fazenda) afirma que questionar solidez da companhia é uma "piada"


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem que a estatal pode voltar a tomar recursos para financiamento de capital de giro em bancos públicos. Segundo ele, a volta ou não das linhas de créditos internacionais e os limites de alavancagem dos bancos oficiais são os fatores que vão determinar a decisão da Petrobrás de procurar crédito.
Gabrielli informou ainda que a estatal capta entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões por ano no mercado internacional. Foi o fechamento das linhas internacionais, disse ele, que obrigou a estatal a buscar parte do capital no mercado doméstico.
O empréstimo de R$ 2 bilhões, com prazo de até seis meses de pagamento na Caixa Econômica Federal, provocou acusação de má gestão da estatal. Gabrielli classificou a acusação de "irresponsável" e afirmou que as operações de empréstimos são corriqueiras dentro da companhia.
"Para mim, essa questão se refere apenas a uma campanha de caráter absolutamente político e irresponsável que tenta distorcer um fenômeno regular de uma operação financeira normal", disse ele em seminário da FUP (Federação Única dos Petroleiros) em São Paulo.
O presidente da Petrobras negou também que a captação revele uma situação de crise financeira da estatal. "Nego veementemente as insinuações de que a Petrobras estaria em situação de crise financeira. Não há uma crise financeira, há uma processo de gestão normal de caixa que está absolutamente dentro das condições normais de operação de uma empresa."
Gabrielli também refutou a acusação de que a Petrobras enfrenta dificuldades neste momento para pagar fornecedores. "É absolutamente mentirosa a afirmação de que estamos atrasando [o pagamento dos] fornecedores. Isso é mentiroso, é [uma afirmação] irresponsavelmente mentirosa. Alguns senadores chegaram a dizer que estávamos atrasando o pagamento dos fornecedores de cana. A Petrobrás não compra cana, minha gente", reagiu.
Em sessão do Senado na semana passada, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que a estatal estava atrasando o pagamento de fornecedores. Hoje, Gabrielli irá responder no próprio Senado em audiência.
Também em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, qualificou como "piada" o questionamento sobre a solidez da Petrobras. "Fizeram uma tempestade em copo d'água. Ela buscou crédito no mercado interno porque faltava lá fora."

Investimentos
A Petrobras sinalizou ontem que, apesar da crise, não vai reduzir investimentos de seu planejamento estratégico, previsto para ser divulgado no dia 19.
O diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que o momento de crise é o mais adequado para investir. "O momento mais adequado para tocar os investimentos é justamente o período de crise.
Quando todos pensam em parar, temos de manter o ritmo porque a crise não vai durar para sempre", afirmou Costa, após participar de seminário sobre biocombustíveis, no Rio.
O executivo informou que o plano de negócios da Petrobras para o período 2009-2013 está em fase de conclusão e deverá ser divulgado ainda neste mês.
O atual plano, que cobre o período 2008-2012, prevê investimentos de US$ 112,4 bilhões. Costa evitou comentar os possíveis adiamentos de projetos anunciados, como os das duas refinarias "premium" previstas para serem instaladas no Maranhão e no Ceará.


Com PAULO DE ARAUJO , colaboração para a Folha


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