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Petrobras pode voltar a tomar crédito em bancos públicos
Presidente da estatal afirma que decisão depende da situação das linhas externas
Gabrielli rechaça acusações de má gestão na Petrobras; Mantega (Fazenda) afirma que questionar solidez da companhia é uma "piada"
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, disse ontem que a estatal pode voltar a
tomar recursos para financiamento de capital de giro em
bancos públicos. Segundo ele, a
volta ou não das linhas de créditos internacionais e os limites de alavancagem dos bancos
oficiais são os fatores que vão
determinar a decisão da Petrobrás de procurar crédito.
Gabrielli informou ainda que
a estatal capta entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões por ano
no mercado internacional. Foi
o fechamento das linhas internacionais, disse ele, que obrigou a estatal a buscar parte do
capital no mercado doméstico.
O empréstimo de R$ 2 bilhões, com prazo de até seis
meses de pagamento na Caixa
Econômica Federal, provocou
acusação de má gestão da estatal. Gabrielli classificou a acusação de "irresponsável" e afirmou que as operações de empréstimos são corriqueiras
dentro da companhia.
"Para mim, essa questão se
refere apenas a uma campanha
de caráter absolutamente político e irresponsável que tenta
distorcer um fenômeno regular
de uma operação financeira
normal", disse ele em seminário da FUP (Federação Única
dos Petroleiros) em São Paulo.
O presidente da Petrobras
negou também que a captação
revele uma situação de crise financeira da estatal.
"Nego veementemente as insinuações de que a Petrobras
estaria em situação de crise financeira. Não há uma crise financeira, há uma processo de
gestão normal de caixa que está
absolutamente dentro das condições normais de operação de
uma empresa."
Gabrielli também refutou a
acusação de que a Petrobras
enfrenta dificuldades neste
momento para pagar fornecedores. "É absolutamente mentirosa a afirmação de que estamos atrasando [o pagamento
dos] fornecedores. Isso é mentiroso, é [uma afirmação] irresponsavelmente mentirosa. Alguns senadores chegaram a dizer que estávamos atrasando o
pagamento dos fornecedores
de cana. A Petrobrás não compra cana, minha gente", reagiu.
Em sessão do Senado na semana passada, o senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE) disse que
a estatal estava atrasando o pagamento de fornecedores. Hoje, Gabrielli irá responder no
próprio Senado em audiência.
Também em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, qualificou como "piada" o
questionamento sobre a solidez da Petrobras.
"Fizeram uma tempestade
em copo d'água. Ela buscou
crédito no mercado interno
porque faltava lá fora."
Investimentos
A Petrobras sinalizou ontem
que, apesar da crise, não vai reduzir investimentos de seu planejamento estratégico, previsto para ser divulgado no dia 19.
O diretor de Abastecimento e
Refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que o momento de crise é o mais adequado para investir.
"O momento mais adequado
para tocar os investimentos é
justamente o período de crise.
Quando todos pensam em parar, temos de manter o ritmo
porque a crise não vai durar para sempre", afirmou Costa,
após participar de seminário
sobre biocombustíveis, no Rio.
O executivo informou que o
plano de negócios da Petrobras
para o período 2009-2013 está
em fase de conclusão e deverá
ser divulgado ainda neste mês.
O atual plano, que cobre o período 2008-2012, prevê investimentos de US$ 112,4 bilhões.
Costa evitou comentar os
possíveis adiamentos de projetos anunciados, como os das
duas refinarias "premium" previstas para serem instaladas no
Maranhão e no Ceará.
Com PAULO DE ARAUJO ,
colaboração para a Folha
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