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agrofolha
Preços do açúcar reagem e podem ajudar usineiros
Além da maior demanda pelo produto, consumo interno de álcool continua elevado
Alta do dólar facilitará as exportações de açúcar do país; além disso, estoques apertados de álcool ajudam a dar suporte ao açúcar
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A situação do setor sucroalcooleiro continua difícil, devido à crise financeira internacional, mas as nuvens que pairavam sobre o setor podem ser
menos carregadas do que se
imaginava. Há um déficit mundial entre oferta e demanda de
açúcar, a demanda interna por
álcool continua elevada e os
produtores já começam a receber mais pela cana-de-açúcar
nos dois últimos meses.
O cenário é de preços melhores para o açúcar no mercado
internacional, o que pode também puxar os preços internos.
Além disso, a demanda interna
por álcool vai dar maior suporte aos preços do combustível no
mercado interno. Essa é a avaliação de Plínio Nastari, presidente da Datagro, empresa que
divulgou a primeira estimativa
para a safra 2009/10 na semana
passada.
Apesar do cenário melhor
para os preços, usinas e produtores têm vários desafios a curto prazo, principalmente as
empresas que fizeram muitos
investimentos com pagamento
no curto prazo. "As incertezas
da próxima safra não serão
agrícolas, mas financeiras",
acrescenta Antonio de Pádua
Rodrigues, da Unica (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar).
O lado financeiro certamente
será o ponto negativo do setor,
diz ele. Sem capital de giro, uma
parte das usinas não vai fazer
boa manutenção antes do início da próxima safra e isso pode
gerar muitas paradas durante a
safra, o que diminui a produção. Nastari concorda com Pádua e diz que o grande problema para as usinas será o capital
de giro para iniciar a safra do
próximo ano.
Renovação menor
Os elevados custos de produção, a brusca freada no crédito e
a baixa aplicação de insumos
nas lavouras comprometem o
rendimento industrial da produção em 2009, o que já ocorreu também neste ano, segundo o presidente da Datagro.
Com isso, a renovação dos canaviais, que tradicionalmente
fica entre 16% e 19% por ano,
deve ser inferior a 16%, derrubando a produtividade média.
Além da alta de custos, acentuada pela crise financeira, as
usinas conviveram com preços
pouco remuneradores.
Para Nastari, a crise atual não
terá grandes efeitos sobre o
consumo mundial de açúcar. A
redução de renda poderá até
elevar o consumo mundial por
ser este um alimento com preços extremamente baixos.
Para Arnaldo Luiz Corrêa, da
Archer Consulting, "parece que
a poeira está se assentando e a
esperança é que os fundamentos voltem, nem que seja lentamente, a influir nos preços".
Já para os analistas da
FCStone, a alta do dólar facilita
as exportações brasileiras de
açúcar e serve de suporte para
os preços internos. Além disso,
os estoques apertados de álcool
nesta entrada de entressafra
também dão suporte ao açúcar.
Outro fator favorável ao Brasil é a brusca queda nos valores
dos fretes marítimos. O frete de
açúcar do porto de Santos para
o mar Negro caiu de US$ 120
por tonelada em junho para
US$ 25 no final de novembro. A
queda dos fretes torna o produto brasileiro mais competitivo
em grandes mercados consumidores, segundo a FCStone.
A moagem de cana neste ano
deverá ficar em 480 milhões de
toneladas no centro-sul (546
milhões no país), mas não surpreende Nastari se for a 485
milhões, já que algumas usinas
deverão esticar a moagem até
janeiro. Para 2009, a moagem
sobe para 520 milhões no centro-sul (588 milhões no país),
mas em ambas as safras deverão ficar 40 milhões de toneladas de cana em pé, que não serão utilizadas.
No próximo ano, 25 novas
usinas deverão entrar em operação, das 43 previstas anteriormente. Neste ano, 7 postergaram o início de atividades para 2009. A produção nacional
de açúcar sobe de 30,4 milhões
de toneladas neste ano para
32,9 milhões no próximo. As
exportações vão de 18,8 milhões para 21,3 milhões.
Embora o volume de matéria-prima moída cresça, a
quantidade de produto obtido
por tonelada de cana processada (conhecida pela sigla ATR)
vem recuando. Em 2007, esse
rendimento foi 13,3% superior
ao de 2006. Neste ano, crescerá
8,7% e, em 2009, apenas 6,8%.
Ou seja, a oferta de produto
cresce, mas perde velocidade.
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