São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2009

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Grupo diz que não terá mais crise pela frente

Ricardo Benichio - 16.fev.05/"Valor"
Luiz Sebastião Sandoval, presidente do Grupo Silvio Santos, que vendeu 35% do PanAmericano

DA REPORTAGEM LOCAL

Homem de confiança do empresário Silvio Santos, Luiz Sandoval, presidente do grupo, afirma que o mais difícil na negociação com a Caixa não foi o preço, mas acertar a gestão. Ele relata o período de dificuldades pelo qual passou o PanAmericano e afirma ser "lenda" quando dizem que o Silvio Santos não gosta do banco.

 

FOLHA - Quanto tempo levou a negociação com a Caixa?
SANDOVAL -
Oito meses. Foi exaustiva. O importante é que conseguimos não uma simples venda de ações, mas uma aliança estratégica. A Caixa tem o mesmo público que nós: a baixa renda.

FOLHA - Foi difícil fechar preço?
SANDOVAL -
Não foi o preço. A dificuldade foi toda na questão da governança. Nós cedemos e aceitamos que a Caixa tenha uma participação no conselho com quatro membros; nós temos quatro também. Queremos ter mais três independentes -cada grupo indica um e o terceiro será por consenso. O diretor de risco e "compliance" [respeito às regras] será da Caixa. Isso é bom porque será mais um fiscal aqui dentro.

FOLHA - E a estratégia? Vocês vão vender produtos da Caixa?
SANDOVAL -
Ainda não está definido. Vamos fazer o que for melhor para os dois. A Caixa tem metade do banco, vai querer que cumpra seus objetivos: expandir o crédito, que é determinação do Lula; que os juros sejam menores; isso será possível porque a nossa taxa de captação ficará mais barata -até por ter como sócio o governo.

FOLHA - Acabam as dificuldades?
SANDOVAL -
Acaba. Não terei mais crise pela frente. Acabou.

FOLHA - Vocês passaram por muitas dificuldades durante a crise?
SANDOVAL -
Passamos. De janeiro a fevereiro, tivemos resgates antecipados [de CDBs] de R$ 600 milhões. Aquilo acabou com meu caixa. Tivemos de captar com a venda de carteiras. Mas aí [os bancos compradores] pisaram na garganta! Eu passei a administrar pelo fluxo de caixa e as empresas do grupo entraram colaborando. Quando o BC liberou o compulsório, os grandes bancos passaram a aplicar no Tesouro e não emprestaram para os bancos pequenos. Aí, veio o BC, que criou uma regra que começou comprar carteira a um preço melhor e resolveu o problema.

FOLHA - É verdade que o Silvio Santos não gosta do banco?
SANDOVAL -
Isso é um pouco de lenda. O Silvio é um artista, um homem de televisão. Passa essa imagem, mas cobra. É exigente.

FOLHA - A influência do Silvio Santos ajudou na negociação?
SANDOVAL -
Não a pessoa dele; ele não fala com o governo. Quando eu falo: Silvio, o ministro tal gostaria de ter um encontro, ele não quer. Diz: atenda você, é sua área.


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