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Grupo diz que não terá mais crise pela frente
Ricardo Benichio - 16.fev.05/"Valor"
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Luiz Sebastião Sandoval, presidente do Grupo Silvio Santos, que vendeu 35% do PanAmericano
DA REPORTAGEM LOCAL
Homem de confiança do empresário Silvio Santos, Luiz
Sandoval, presidente do grupo,
afirma que o mais difícil na negociação com a Caixa não foi o
preço, mas acertar a gestão. Ele
relata o período de dificuldades
pelo qual passou o PanAmericano e afirma ser "lenda" quando dizem que o Silvio Santos
não gosta do banco.
FOLHA - Quanto tempo levou a negociação com a Caixa?
SANDOVAL - Oito meses. Foi
exaustiva. O importante é que
conseguimos não uma simples
venda de ações, mas uma aliança estratégica. A Caixa tem o
mesmo público que nós: a baixa
renda.
FOLHA - Foi difícil fechar preço?
SANDOVAL - Não foi o preço. A
dificuldade foi toda na questão
da governança. Nós cedemos e
aceitamos que a Caixa tenha
uma participação no conselho
com quatro membros; nós temos quatro também. Queremos ter mais três independentes -cada grupo indica um e o terceiro será por consenso. O
diretor de risco e "compliance"
[respeito às regras] será da Caixa. Isso é bom porque será mais
um fiscal aqui dentro.
FOLHA - E a estratégia? Vocês vão
vender produtos da Caixa?
SANDOVAL - Ainda não está definido. Vamos fazer o que for
melhor para os dois. A Caixa
tem metade do banco, vai querer que cumpra seus objetivos:
expandir o crédito, que é determinação do Lula; que os juros
sejam menores; isso será possível porque a nossa taxa de captação ficará mais barata -até
por ter como sócio o governo.
FOLHA - Acabam as dificuldades?
SANDOVAL - Acaba. Não terei
mais crise pela frente. Acabou.
FOLHA - Vocês passaram por muitas dificuldades durante a crise?
SANDOVAL - Passamos. De janeiro a fevereiro, tivemos resgates antecipados [de CDBs] de
R$ 600 milhões. Aquilo acabou
com meu caixa. Tivemos de
captar com a venda de carteiras. Mas aí [os bancos compradores] pisaram na garganta! Eu
passei a administrar pelo fluxo
de caixa e as empresas do grupo
entraram colaborando. Quando o BC liberou o compulsório,
os grandes bancos passaram a
aplicar no Tesouro e não emprestaram para os bancos pequenos. Aí, veio o BC, que criou
uma regra que começou comprar carteira a um preço melhor e resolveu o problema.
FOLHA - É verdade que o Silvio Santos não gosta do banco?
SANDOVAL - Isso é um pouco de
lenda. O Silvio é um artista, um
homem de televisão. Passa essa
imagem, mas cobra. É exigente.
FOLHA - A influência do Silvio Santos ajudou na negociação?
SANDOVAL - Não a pessoa dele;
ele não fala com o governo.
Quando eu falo: Silvio, o ministro tal gostaria de ter um encontro, ele não quer. Diz: atenda você, é sua área.
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