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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS
guilherme.barros@uol.com.br
Meirelles pede cautela com a ansiedade de crescer
O importante é que, na ansiedade para aumentar a produção, o país não cometa erros,
como permitir a volta da inflação. Isso poderia levar a uma
nova crise e inviabilizar o crescimento sustentado.
A afirmação é do presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles, ao falar com a Folha
sobre as perspectivas da economia em 2007.
A declaração serve como
uma espécie de alerta para o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), o plano que
está em elaboração pelo governo para destravar a economia,
e mostra que, se o programa
apresentar sinais de desequilíbrio, o Banco Central terá de,
novamente, recorrer a instrumentos que impeçam a volta da
inflação e assim forçar uma redução do ritmo de crescimento
do país.
Meirelles acha, no entanto,
que o Brasil tem todas as condições de crescer, agora, sem o
padrão de arrancadas e freadas
das últimas décadas. Desde o
"milagre econômico", o país
nunca conseguiu manter um
ciclo longo de crescimento. Todo o processo de recuperação
foi abortado por crises freqüentes, marcadas pela volta
da inflação.
O Brasil tem tempo, agora,
segundo o presidente do BC, de
adotar um modelo econômico
que promova o crescimento de
forma sustentada sem permitir
a volta da inflação, principalmente em razão das condições
favoráveis do setor externo.
"A situação externa favorável
permite ao Brasil ter tempo,
durante os próximos anos, para
aumentar a capacidade produtiva de forma sustentável e,
mais importante do que isso,
sem recorrer à construção de
desequilíbrios que, no passado,
trouxeram ao país crises periódicas", diz Meirelles.
Para o presidente do Banco
Central, está cada vez mais claro que a economia real do país
vai muito bem. A renda cresceu, a massa salarial se expandiu 6%, 1,5 milhão de empregos
foi criado até novembro e o crédito interno avançou.
Além disso, Meirelles destaca o fato de "a balança comercial ter registrado novo recorde, com o superávit de US$ 46
bilhões, contrariando a previsão de alguns analistas". Da
mesma forma, as exportações
continuam crescentes, a dívida
externa está equacionada e a
dívida pública em proporção
do PIB está cadente.
"Sem contar que terminamos o ano com a inflação na
meta e as previsões do mercado
para 2007 e 2008 são que ela
também ficará na meta nesses
dois anos", diz Meirelles.
Tudo isso, na opinião do presidente do Banco Central, mostra um quadro inédito na história recente, que proporciona as
condições ao país de resolver
os gargalos da produção para
crescer de forma sustentada.
Sem citar de forma direta o
trabalho do BC nesses quatro
anos, Meirelles não deixa de
atribuir também à política monetária os méritos por essa
condição inédita do país.
"Um dado importante é que
a política monetária influencia
em última análise a demanda
agregada, e a demanda agregada está crescendo a taxas maiores do que a oferta. A diferença
está sendo suprida pelas importações, além de possíveis
decréscimos de estoques", diz o
presidente do BC.
Ou seja, em razão da política
monetária do Banco Central
nesses quatro anos de governo
Luiz Inácio Lula da Silva e das
condições externas favoráveis,
o Brasil tem hoje tempo e espaço para aumentar a produção
interna sem provocar desequilíbrios, já que a demanda é
crescente e está sendo suprida
pelas importações. Em suma, a
produção tem o maior insumo
para crescer, que é o aumento
da demanda interna, até porque as importações não podem
crescer para sempre.
NA BULA
A Profarma, distribuidora de produtos farmacêuticos,
acaba de divulgar seu plano de expansão para 2007. A
empresa, que completou 45 anos e está presente em oito
Estados, inaugura, neste ano, dois novos centros de distribuição -um em Pernambuco, em janeiro, e o outro, no
segundo semestre, no Rio Grande do Sul. Paralelamente,
a empresa não descarta a possibilidade de aquisições para
expandir. "A vantagem nas aquisições é que os investimentos são relativamente baixos e eliminamos concorrentes", diz Max Fischer, diretor da empresa. Nos novos
centros, o investimento em ativo fixo foi de R$ 1 milhão
para cada um deles. Em estoque inicial, a empresa vai investir de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões, em Pernambuco, e,
no Rio Grande do Sul, de R$ 4 milhões a R$ 6 milhões.
NO BOLSO
Com o tímido crescimento da renda ao longo de
2006, o consumidor teve de
recorrer ao crediário para
efetuar as compras de Natal.
Sondagem pós-vendas feita
pela Fecomercio SP com comerciantes da capital paulista aponta que 52% das
compras foram feitas no cartão ou parceladas nesta mesma modalidade de pagamento. Os dados completos
do levantamento serão divulgados hoje pela entidade.
CANAL
A Ri Happy acaba de lançar um sistema de TV corporativa. O canal corporativo
terá transmissões mensais
de reuniões, campanhas e
treinamentos. O canal comercial exibirá filmes, clipes
e comerciais.
RESÍDUO
A CST-Arcelor Brasil, com
a política de reaproveitamento de resíduos industriais, bateu seu recorde em
faturamento com a venda de
co-produtos. Atingiu US$ 50
milhões em 2006, superando em 20% a receita obtida
em 2005. A companhia produz cerca de 2 milhões de toneladas ao ano de co-produtos, usados em segmentos
industriais como carboquímico e energético.
REPASSE
O BID renovou seu apoio
para a Casoteca Latino-Americana de Direito e Política Pública com um repasse
de US$ 30 mil. O projeto, da
Direito GV, com instituições
de Argentina, Venezuela e
Colômbia, trata de casos de
direito e políticas públicas.
MOTOR LIGADO
A Apex-Brasil fechou parceria com o Sindipeças para
a exportação de autopeças
brasileiras. O acordo beneficia 153 empresas. A meta é
ter exportações de US$ 176
milhões em 2008, 10% mais
que em 2006. Também será
criada a marca Brazilian Automotive Manufacturers.
DURA MISSÃO
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, vai tentar
demover Bernard Appy
de sua idéia de deixar o
governo, o que será uma tarefa muito difícil. Bernard
Appy está mais fora do que
dentro. Ele aguarda apenas a
divulgação do PAC para cair
fora.
SAÍDA ANUNCIADA
Carlos Kawall deixou o governo por ter discordado dos
rumos do programa de aceleração econômica, mas sua
saída já era sabida. Delfim
Netto disse a alguns amigos
que, há um mês e meio, ouviu de uma pessoa bem informada que Kawall não viraria o ano no governo.
PONTA DA LÍNGUA
A escola de idiomas Wise
Up lança, neste mês, o Wise
Up Channel, em rede nacional. O programa será exibido
pela Rede TV! e terá investimento de R$ 3,6 milhões ao
ano. A programação abordará os bastidores das escolas e
será aberto com reportagem
sobre a língua inglesa.
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