São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2007

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Saldo comercial bate 4º recorde seguido

País obtém US$ 46,077 bi de superávit comercial em 2006; resultado era esperado, mas foi mais expressivo do que projeção inicial

Governo e mercado avaliam que o saldo será menor em 2007, pois ritmo das exportações deve cair, e o das importações, crescer

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O resultado da balança comercial (exportações menos importações) registrou novo resultado histórico em 2006: superávit de US$ 46,077 bilhões. O recorde é batido há quatro anos, mas, para 2007, tanto governo quanto mercado já avaliam que o resultado será menor, principalmente por conta do aumento de importações, tanto de bens de capital (como máquinas), que deverão ser feitas pela indústria, como de bens de consumo.
O resultado positivo do ano passado já era esperado, mas foi mais expressivo do que as projeções iniciais. Em novembro, o próprio governo ainda trabalhava com uma expectativa de US$ 135 bilhões de exportações, mas o elevado volume de embarques nas últimas duas semanas do mês fez com que o país fechasse 2006 com exportações de US$ 137,471 bilhões.
O crescimento das exportações foi puxado, principalmente, pelo aumento do volume de vendas de petróleo e derivados (44,4% em relação a 2005) e açúcar e álcool (67,2%).
A expectativa do governo é que, para este ano, o volume de exportações fique em US$ 152 bilhões, o que representaria um aumento de 10,5% em relação ao ano passado. Para o volume de importações, não há previsão, mas o governo avalia que o crescimento será maior que o das exportações, o que significa um resultado pior para a balança em 2007. Segundo o governo, o crescimento não se dará por conta do aumento de preços, e sim pelo aumento da quantidade exportada.
"A expectativa é que o saldo vá ser menor. Mas isso é positivo, pois haverá crescimento das importações feitas pela indústria, para modernização. Com isso, o país ganha competitividade", afirmou Ivan Ramalho, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento. Em 2006, o volume de importações foi de US$ 91,394 bilhões.
Setores que perderam competitividade por conta da desvalorização do dólar em relação ao real tiveram um desempenho ruim em 2006. A indústria têxtil exportou 4,7% a menos do que em 2005, e o setor de calçados ficou praticamente estável, com queda de 0,3%.
Apesar do baixo desempenho desses setores, o governo avalia que a cotação não está atrapalhando e fez suas projeções para o ano considerando uma estabilidade em relação ao valor atual da moeda norte-americana. "De um modo geral, as empresas estão se adequando para trabalhar com essa taxa de câmbio", disse Ramalho. Ainda segundo ele, a quantidade de empresas brasileiras exportadoras voltou a crescer no segundo semestre de 2006.

Previsões
Na avaliação do mercado, o resultado da balança comercial brasileira neste ano deverá ser aproximadamente 20% inferior ao de 2006. A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) projeta um superávit de US$ 36,5 bilhões neste ano, com exportações praticamente estáveis (US$ 138 bilhões) e importações crescendo 11%, chegando a aproximadamente US$ 102 bilhões.
Segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, o resultado do ano foi surpreendente. "O número é excepcional, uma surpresa. Todos os analistas e o próprio governo erraram. No final de novembro, a projeção de exportações era de US$ 135 bilhões. Nós chegamos a falar em US$ 138 bilhões, o que era otimismo."

Preços
As projeções da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) indicam superávit de aproximadamente US$ 40 bilhões neste ano, com exportações de US$ 148 bilhões e importações de US$ 108 bilhões. Diferentemente do governo, a avaliação da Funcex é que o crescimento das exportações se dará pelo aumento do preço dos produtos. "Os preços vão comandar o crescimento das exportações, que deverá ser de 8%, dependendo dos preços da commodities", disse Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex.


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