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Saldo comercial bate 4º recorde seguido
País obtém US$ 46,077 bi de superávit comercial em 2006; resultado era esperado, mas foi mais expressivo do que projeção inicial
Governo e mercado avaliam que o saldo será menor em 2007, pois ritmo das exportações deve cair, e o das importações, crescer
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O resultado da balança comercial (exportações menos
importações) registrou novo
resultado histórico em 2006:
superávit de US$ 46,077 bilhões. O recorde é batido há
quatro anos, mas, para 2007,
tanto governo quanto mercado
já avaliam que o resultado será
menor, principalmente por
conta do aumento de importações, tanto de bens de capital
(como máquinas), que deverão
ser feitas pela indústria, como
de bens de consumo.
O resultado positivo do ano
passado já era esperado, mas
foi mais expressivo do que as
projeções iniciais. Em novembro, o próprio governo ainda
trabalhava com uma expectativa de US$ 135 bilhões de exportações, mas o elevado volume
de embarques nas últimas duas
semanas do mês fez com que o
país fechasse 2006 com exportações de US$ 137,471 bilhões.
O crescimento das exportações foi puxado, principalmente, pelo aumento do volume de
vendas de petróleo e derivados
(44,4% em relação a 2005) e
açúcar e álcool (67,2%).
A expectativa do governo é
que, para este ano, o volume de
exportações fique em US$ 152
bilhões, o que representaria um
aumento de 10,5% em relação
ao ano passado. Para o volume
de importações, não há previsão, mas o governo avalia que o
crescimento será maior que o
das exportações, o que significa
um resultado pior para a balança em 2007. Segundo o governo, o crescimento não se dará
por conta do aumento de preços, e sim pelo aumento da
quantidade exportada.
"A expectativa é que o saldo
vá ser menor. Mas isso é positivo, pois haverá crescimento das
importações feitas pela indústria, para modernização. Com
isso, o país ganha competitividade", afirmou Ivan Ramalho,
secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento. Em
2006, o volume de importações
foi de US$ 91,394 bilhões.
Setores que perderam competitividade por conta da desvalorização do dólar em relação
ao real tiveram um desempenho ruim em 2006. A indústria
têxtil exportou 4,7% a menos
do que em 2005, e o setor de
calçados ficou praticamente estável, com queda de 0,3%.
Apesar do baixo desempenho
desses setores, o governo avalia
que a cotação não está atrapalhando e fez suas projeções para o ano considerando uma estabilidade em relação ao valor
atual da moeda norte-americana. "De um modo geral, as empresas estão se adequando para
trabalhar com essa taxa de
câmbio", disse Ramalho. Ainda
segundo ele, a quantidade de
empresas brasileiras exportadoras voltou a crescer no segundo semestre de 2006.
Previsões
Na avaliação do mercado, o
resultado da balança comercial
brasileira neste ano deverá ser
aproximadamente 20% inferior ao de 2006. A AEB (Associação de Comércio Exterior do
Brasil) projeta um superávit de
US$ 36,5 bilhões neste ano,
com exportações praticamente
estáveis (US$ 138 bilhões) e importações crescendo 11%, chegando a aproximadamente US$
102 bilhões.
Segundo José Augusto de
Castro, vice-presidente da
AEB, o resultado do ano foi surpreendente. "O número é excepcional, uma surpresa. Todos
os analistas e o próprio governo
erraram. No final de novembro,
a projeção de exportações era
de US$ 135 bilhões. Nós chegamos a falar em US$ 138 bilhões,
o que era otimismo."
Preços
As projeções da Funcex
(Fundação Centro de Estudos
do Comércio Exterior) indicam
superávit de aproximadamente
US$ 40 bilhões neste ano, com
exportações de US$ 148 bilhões
e importações de US$ 108 bilhões. Diferentemente do governo, a avaliação da Funcex é
que o crescimento das exportações se dará pelo aumento do
preço dos produtos. "Os preços
vão comandar o crescimento
das exportações, que deverá ser
de 8%, dependendo dos preços
da commodities", disse Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex.
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